terça-feira, 31 de maio de 2016

AMOR.



Conto retirado do meu livro "Contos da Montanha"
 de Miguel Torga.
( Páginas 35 a 41)


AMOR

Nasceu aquela flor em Covelinhas, dum castanheiro velho, o Lourenço Abel, e duma urze mirrada, a Joana Benta. Nasceu e cresceu tão linda, tão airosa, que o povo em peso punha os olhos nela. Só tinha um defeito...
 - Verduras da mocidade! - pretextava a Cláudia, quando o homem, ao lume, censurava os namoros da rapariga.
- Ultrapassa as marcas! Dá trela a quantos há na freguesia...
- Ainda hão-de ser mais as vozes do que as nozes.

- É, é! No dia das inspecções lá se viu... A Cláudia calou-se. Na comprida crónica da montanha não havia página mais negra do que essa a que o homem fazia alusão. Acabadinhos de sair das garras da junta, onde nus em pêlo pareciam cordeiros tosquiados, três de Paços, dois de Fermentões, um de Vilela e outro de S. Martinho armaram tamanha guerra na Sainça, que só faltou tocar os sinos a rebate.
O de Vilela, aqui-del-rei que a rapariga era dele; o de S. Martinho que o varava logo ali se continuasse com as gabarolices; o mais possante dos de Paços que não consentia trigo do seu forno na boca de cães... Um inferno. Segue-se que daí a nada ia tal polvorosa pelos montes, que Deus nos acudisse. Não morreu ninguém, felizmente, mas chegou para afligir.


Imagem recolhida na Net. Se alguém reclamar a sua autoria, retira-la-ei, de imediato.


- A Lídia é que não queria saber de desgraças. Muito bem-feita, muito corada, com aqueles dois olhos de veludo que ameigavam tojos, depois de cada sarrafusca a que dava azo, passava pela rua acima em direcção às hortas como se nada fosse. E o povo inteiro rendia-se-lhe aos pés, num sorriso de perdão, de complacência e de carinho.

- Tu a quantos atendes? - Perguntava-lhe em confidência a Mariana, já com cinquenta e dois e ainda de olhinho a reluzir.
 - A nenhum. Ninguém me quer, tia Mariana! E dava uma gargalhada das dela, muito clara, muito pura, pondo à mostra uns dentes que cegavam a gente.
- Raios te partam, rapariga! Trazes um regimento à corda, e a dizer que ninguém te quer!
- À consciência!...

E toda ela se dava e se recusava num requebro enigmático, com os seios a enfunarem-lhe a blusa de chita.
- Olha; fazes tu muito bem! Enquanto dura, é doçura...

E a doçura era naquele inverno gelado, noites a fio, o Pedro Verdeal comido de ciúmes a guardar o Lúcio, e o Lúcio, comido de ciúmes, a guardar o Verdeal.

- Que cegueira! Perdidinhos de todo! Um sincelo de meter medo e nenhum arreda pé! Ao menos tem pena deles, cachopa. Manda pôr uma braseira debaixo do negrilho e outra no cruzeiro...

- Eles não têm frio. Quanto mais, deixe falar, tia Cláudia! Se andam de noite, lá andam à sua vida. Cá comigo não há nada. Querem coisa mais alta.
E continuava a receber cartas do Lúcio, do Verdeal, do Vitorino, e até recados do Teodoro, um homem já viúvo! A Violante do correio entregava-lhe essas letras de amor às escondidas de toda gente, mas ia dizendo:
 - Eu não sei como tu podes com tal cainçada atrás de ti!...

A Lídia, porém, era aquele coração aberto a quantos lhe batiam à porta. Como uma terra de semeadura em pousio, dizia a todas as sementes que deixassem apenas chegar a primavera...
Não havia maldade nem cálculo nas promessas que fazia. Diante de cada solicitação masculina, sentia-se como que chamada a dar contas da sua íntima natureza de mulher. 
E todos podiam pedir-lhas com igual autoridade, justamente porque não amara ainda nenhum a valer. Limpo, o seu corpo estava destinado a pertencer a um daqueles pobres obcecados, que andavam à sua volta como lobos à volta de uma ovelha. A um deles teria de se entregar, mais dia, menos dia. Mas a qual?

- Tu é que sabes. Se fosse comigo, escolhia o mais jeitoso e mandava os outros à tábua. Sarilhos desses é que não! - Repetia a Violante, apavorada com tanta carta e tanto enredo. - Vê lá!

- Deixe correr, que ainda bota, ti Violante. Uma carta custa apenas o selo e o papel.
- Parece-te! Pode custar muita lágrima. Não estiques a corda demais...

Boas palavras, realmente. Pena é que não tivessem eco nos ouvidos da Lídia. Por mais que quisesse, não conseguia decidir-se por nenhum. Os homens eram como os ramos de rebuçados na mesa da doceira: pareciam-lhe todos iguais.

- Não são, não. Repara bem, que verás... - respondia-lhe a Cláudia, cheia de paciência.

Reparava e via o mesmo desejo a arder nos Olhos de cada um. As palavras, os gestos, os amuos significavam em todos a mesma coisa. P’ra a virgindade que lhe pediam, quer o dissessem, quer não. E continuava, conciliante, a prometer-lha e a negar-lha.

- Qualquer dia estoira para aí tamanho sarrabulho, que vai ser uma vergonha... - ia insistindo o Leopoldino, agoirento.
- Olha não estoires tu do miolo! - Repontava a mulher, a fazer de valente.
- Deu com o pai já comido da terra, e com a lambaças da mãe, que é uma pobre de Cristo. Fosse minha filha e eu te diria. Era com uma soga por aquele lombo...
- A mãe que há-de fazer? Proibi-la de se divertir ?!

A Cláudia estava farta de saber que o homem tinha carradas de razão. Quantas e quantas vezes falara já com a Joana Benta sobre a filha. Valia de bem! A coitada ouvia, concordava, gemia, apagava-se rasteira na escuridão da cozinha. noite é que lá se atrevia a dizer uma palavra à rapariga.

- Tu não terás juízo, mulher! Coisa assim!
- Não se aflija, que não me dá o lampo. Palavras leva-as o vento...

Mas com palavras tinha ela posto a cabeça do Verdeal e do Lúcio a andar à roda. A mangar, a mangar, jurava a cada um que não queria mais ninguém e que os outros lhe rondavam a casa por palermice. Que não era culpada de quantos homens havia no concelho lhe andarem a cheirar o rasto...

Na véspera do S. Miguel, a Olívia, que era sua amiga do coração, ao vir da missa pôs-lhe os pontos nos ii.

- Tu tem lá mão na manta, que isto não acaba bem. Dá o sim-ou-sopas a um e emponta o resto. Muitos burros à nora não é negócio; escoicinham-se uns aos outros... O Verdeal anda sobre o Lúcio como um cão. Se o agarra a jeito, esfandega-o.

- Oh! E aconteceu o que tinha de acontecer. Nessa mesma noite, depois da ceia, o Verdeal, ao voltar a esquina da eira, viu um vulto à porta do quinteiro da moça. Disfarçou-se na sombra e chegou-se perto. Era o Lúcio a falar com ela. Avançou até junto deles. No calor da conversa, nem o viram.
- Então, muito boas noites... - cumprimentou., já de mão na pistola.
- Boas noites - responderam ambos, ela com a mesma cara, e o Lúcio cego de raiva.
- Pode-se saber quando é a boda?
- Pode... 

Mediram-se os dois de cima abaixo. 
- É capaz de ser, no dia de juízo...
- Conforme... 
- É que a bocada às vezes parece que está quase na boca e não está...
Alheia, numa volúpia de irresponsabilidade, a Lídia assistia àquela disputa de que era a causa, divertida como uma criança. Quase que nem ouviu o simultâneo deflagrar das armas.
- Canalha! Seguiram-se mais dois estalidos secos.

- Cabrão! Os insultos como que eram apenas um comentário desdenhoso à margem dos tiros rápidos e sucessivos.
- Excomungada! A inesperada maldição entrou na alma da Lídia como um punhal de quem vinha? Da boca do Lúcio, ou da boca do Verdeal?

Mas não pôde sabê-lo. Ambos jaziam quase a seus pés, cada um no último arranco. E quando a mãe, espavorida, em saiote, abriu a porta, veio encontrá-la ainda alheada junto dos dois mortos, a tentar compreender a violência daquela queixa.





domingo, 29 de maio de 2016

PÉ-ANTE-PÉ...COM TERNURA.

                                       Bocage e as Ninfas -  Pintura de Fernando Santos (1929)

                                                                    Placa de  Homenagem ao Pintor, na casa onde nasceu 
                                                                                                        em Setúbal




Amar dentro do peito...

Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.




Manuel Maria Barbosa du Bocage:
Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas.






E VOTOS DE EXCELENTE SEMANA!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

UM LIVRO É....


Um livro é uma homenagem,
um testemunho, um desafio,
um tesouro, um fantasma,
uma perturbação, uma viagem,
um jogo, uma obsessão,
uma visão, uma loucura…
...e muito, muito mais!


Este postal trazia recomendação escrita de que a reprodução estava interdita. Estarei a incorrer em infracção?  Será que o postal já não é uma reprodução?  A tela? É de Magritte! Porquê esta amiga fez questão de sublinhar : «Don't forget it?»







quarta-feira, 25 de maio de 2016

DESABAFOS...

Um destes dias no supermercado aqui da minha zona de residência, ao aproximar-me da caixa para efectuar o pagamento dos legumes que tinha ido buscar, numa corrida, já que a necessidade deles era premente (não se pode fazer sopa sem legumes) fugiram-me os olhos para uma pequena caixa de madeira onde brilhavam, em lugar de destaque, uns quantos quilos de cerejas, como se de ouro se tratasse, estrategicamente colocadas ao lado da funcionária.
À oferta que me foi feita: - «não deseja levar meio quilinho delas? são as primeiras deste ano!»  Quando fui informada do preço a que estava o quilinho delas, ( 8,00 € ) declinei a oferta, retorquindo que iria esperar que ficassem mais doces e em conta, já que o desejo de as comer não era muito grande. lol
Na vinda para casa ocorreu-me uma anedota que me fez sorrir e me atenuou o sentimento de frustração...


-- Uma dona de casa encontra uma amiga e desabafa num lamento:

          --  Ó filha, não se pode comprar nada. A carestia da vida está pla hora da morte. Está tudo altíssimo...nem se lhe pode chegar!.

Responde a outra num tom resignado

         --  Olha, filha, queres um conselho? Faz como eu. Compra um escadote!!


E não é que foi verdade?



Imagens da Net



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terça-feira, 24 de maio de 2016

ESPERA QUEM CHEGAR PRIMEIRO...




Espérame en el cielo, corazón,
Si es que te vas primero,
Espérame que pronto yo me iré
Allá donde tú estés.

Espérame en el cielo, corazón,
Si es que te vas primero,
Espérame que pronto yo me iré
Para empezar de nuevo.



Nuestro amor es tan grande y tan grande
Que nunca termina,
Y esta vida es tan corta y no alcanza
Para nuestro idilio.

Por eso yo te pido, por favor
Espérame  en el cielo,
Y allá entre las nubes de algodón
Haremos nuestro nido.


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domingo, 22 de maio de 2016

"Mãos Feridas Na Porta D'um Siilêncio"

Bilhete-postal ilustrado recebido há muito, muito tempo.


Vida que às costas me levas
porque não dás um corpo às tuas trevas?

Porque não dás um som àquela voz
que quer rasgar o teu silêncio em nós?

Porque não dás à pálpebra que pede
aquele olhar que em ti se perde?

Porque não dás vestidos à nudez
que só tu vês?


(Poema de  Natália Correia)



sábado, 21 de maio de 2016

SEM IDEIAS, MAS...

...Para que este blog não fique durante mais tempo como uma:


Vamos recordar...




...L O V E   S T O R Y 



Um filme e uma melodia inesquecíveis!!



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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Outro Tipo de Curiosidade.....

....Esta, é para levar a rir e a brincar.











terça-feira, 17 de maio de 2016

Enquanto Houver Crianças… [ II ]


…Existirá sempre o Mundo dos Porquês!






Não perguntaram nem querem saber?

 Mas quero eu dizer!...


P- Que é um fogo-fátuo?

R- 1 _ Nas zonas pantanosas, as ervas apodrecem e decompõem-se, produzindo gases, que podem inflamar-se ao contacto do ar.
Quando uma bolha de gás rebenta, sai dela uma pequena chama, a que se dá o nome de «fogo-fátuo».




R- 2 _ Em qualquer lugar onde se decomponha matéria animal, como cemitérios ou pântanos, dá-se a libertação de compostos de fósforo, espontaneamente inflamáveis. É isso que explica o brusco aparecimento dessas pequenas chamas breves e móveis; os fogos-fátuos, que as pessoas supersticiosas e ignorantes consideram aparições sobrenaturais.


"Conhecemos tantos sabichões e sabichonas de palmo e meio, já tão seguros de si, que é muito agradável informar, tanto quanto possível, as crianças ávidas de tudo saber. Compreendida desta forma, não será a curiosidade uma qualidade preciosa?"


Ora nem mais....:)






segunda-feira, 16 de maio de 2016

O Som Inaudível dos Tambores.


Tambores, Pavel Filonov, 1935. 
Óleo sobre tela,  Museu de São Petersburgo.



Tamborila na sua mente uma inquietação
 que a oprime e angustia.
Nem o calor do Sol e a alegria das flores
 colorindo o seu pequeno jardim
lhe acalmam o coração.
 Espera…
…e nessa espera,
 desespera...dia após dia.


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domingo, 15 de maio de 2016

Já Fui Feliz Aqui. [ XV ]




Eu e o homem-estátua.

Algures, numa rua de Munique!...
:)



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quinta-feira, 12 de maio de 2016

E AGORA....

....Sorriam desvanecidos com a sabedoria deste Pequeño!

                                      

Desde a ternura da voz, à verdade das palavras, tudo me encanta neste sábio niño...Aprendamos, pois!



quarta-feira, 11 de maio de 2016

Pais, Não Permitam Que Os Vossos Filhos Tenham Este Fim...




Assim se começa...


...assim, continuam...

Que ser Humano está a ser criado?

Este vídeo é dedicado a todos os pais que desde muito cedo
compraram o carinho e o afecto dos seus filhos...


...assim poderá acabar! 


         
Partilhado do blog:


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terça-feira, 10 de maio de 2016

OFÍCIOS EM VIAS DE EXTINÇÃO.


O Direito à Inveja

Em Portugal, há um problema com a inveja. Em concreto, há um problema com a grande quantidade de gente a queixar-se de ser invejada.
Ao vivo ou por email, em privado ou em programas de televisão, há sempre alguém a lamentar-se dos invejosos: não podem ver nada, são uma praga que não descansa.
Quem recebe esse desabafo é sempre solidário, demonstra saber exactamente o que o outro está a passar, também ele já foi muito invejado.
Entre outras consequências, a paranóia da inveja generalizada propiciou  o nascimento de uma modéstia entre aspas.
Disfarçada de virtude, essa «modéstia» é medo dos outros, também pode ser desinteresse pelos outros ou falta de convicção no próprio valor.
A inveja só chega ao invejado se este permitir, se estiver vulnerável, se não estiver preparado. Em Portugal, há demasiadas pessoas a alimentarem o equívoco de que todos têm de gostar delas.


A inveja é um sentimento. Se respeitarmos os outros, é elementar reconhecer-lhes liberdade para sentirem. Essa, parece-me, é a primeira característica de existir, de ser alguém e de ter um nome. Não nos compete decidir acerca daquilo que os outros devem sentir. Além disso, é improvável que consigamos saber com precisão aquilo que os outros estão a sentir.
A não ser que estejamos convencidos de que os outros são um reflexo nosso, como um espelho que reproduz até o invisível. Nesse caso, a inveja que lhes imaginamos é, afinal, a nossa.
A inveja deveria ser legalizada ou, pelo menos, despenalizada. Como as drogas leves, faz mal apenas a quem as consome. Devidamente informado dos efeitos, o invejoso faria um uso muito mais consciente dessa substância e, assumindo-se, não precisaria de frequentar meios pouco recomendáveis que, com facilidade, agravam a sua situação e potenciam consumos mais pesados e destrutivos.
Mas isso seria noutra realidade. Aqui, os invejosos são espectrais. Quando alguém apresenta uma fotografia, quando alguém garante possuir provas da existência desses fantasmas, a imagem está sempre desfocada e fica-se sempre na dúvida se será realmente um invejoso ou apenas um defeito de revelação.
Com tantos a serem invejados, sobram poucos para se dedicarem a invejar.
Talvez esse seja um ofício em vias de extinção, como os amola-tesouras.

Crónica do escritor José Luís Peixoto, transcrita da revista NM.

A imagem foi recolhida da Net, o mais semelhante possível à fotografia com que o escritor ilustrou esta crónica.



domingo, 8 de maio de 2016

CRESCENDO NO SILÊNCIO...

...INVENTEI A ALEGRIA.

                                                          
Alexander Sulimov (2010)  DAQUI



Teu Corpo Principia

Dou-te
um nome de água
para que cresças no silêncio.
Invento a alegria
da terra que habito
porque nela moro.
Invento do meu nada
esta pergunta.
(Nesta hora, aqui.)
Descubro esse contrário
que em si mesmo se abre:
ou alegria ou morte.
Silêncio e sol – verdade,
respiração apenas.
Amor, eu sei que vives
num breve país.
Os olhos imagino
e o beijo na cintura,
 tão delgada.
Se é milagre existires,
teus pés nas minhas palmas.
Ó maravilha, existo
no mundo dos teus olhos.
Ó vida perfumada
cantando devagar.
Enleio-me na clara
dança do teu andar.
Por uma água tão pura
vale a pena viver.
Um teu joelho diz-me
a indizível paz.

António Ramos Rosa, in Estou Vivo e Escrevo Sol (1966)

Reparem no olhar de A.R.R.