É em memória de um grande amor, talvez por o ter sentido na idade das ilusões, e na ilusão ter ficado, que volto com este bonito Fado.
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Raquel Tavares, canta-o com a mesma alegria e encanto que eu sentia, fazendo-me retroceder no tempo e no espaço.
Meu Amor de Longe
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No Largo da Graça já nasceu o dia
Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia
Meu amor de longe ligou
Abençoada alegria
Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros
Vão a cirandar como fazem o dia inteiro
Meu amor de longe já vem
Pôs carta no correio
Barcos e gaivotas do Tejo
Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar
Meu amor de longe está
Prestes a chegar
Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver
Fiz um rol de planos para recebê-lo
Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo
Meu amor de longe há-de vir
Beijar-me no Castelo
Eu a procurá-lo, ele a vir afoito
Carro dos Prazeres, número 28
Meu amor de longe saltou
Iluminou a noite
Vamos celebrar ao Bairro Alto
Madrugada, baile no Cais do Sodré
Meu amor de longe sabe bem
Como é que é
Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver.
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A fotografia foi captada no Bairro dos Olivais, no tempo em que vivi em Moscavide. Devo acrescentar, em nome da verdade, que aparento ter mais idade do que tinha. Verdade! Entre os onze e os catorze dei um pulo, a partir dos catorze não cresci mais.
"Nós éramos tão amigos e tornamo-nos estranhos uns para os outros.
Mas está bem que seja assim, e não vamos ocultar e obscurecer isto, como se fosse motivo de vergonha.
Somos navios que possuem, cada qual, o seu objetivo e o seu caminho; podemos cruzar-nos e celebrar juntos uma festa, como já fizemos – os bons navios ficaram placidamente no mesmo porto e sob o mesmo sol.
Parecendo haver chegado ao seu destino e ter tido um só destino. Mas, então, a Toda-Poderosa força da nossa missão afastou-nos novamente, em direção a mares e quadrantes diversos, e talvez nunca mais nos vejamos de novo – ou talvez nos vejamos, sim, mas sem nos reconhecermos: os diferentes mares e sóis modificaram-nos..."
(...)
Texto parcial de Friedrich Nietzsche.
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Há coisas que se fossem escritas propositadamente,