domingo, 14 de fevereiro de 2016

Será Obrigatório Todos Namorarem no Dia dos Namorados?

E como será nos outros Dias De...?






Já pensaram nisso? Que mania essa de instituir dias para tudo! Abaixo os Dias De...Viva o livre arbítrio!!
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Pronto! Não se zanguem os apaixonados.

 Namorem muito e sejam Felizes!!
:)








sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

CANSAÇO...

Ultimamente, tenho-me sentido assim:


Ando a precisar de repouso...E, sem saber porquê, ocorre-me este pensamento:




Então, e por isso...


(...)

Há, nos meus olhos,
 ironias e cansaços

E cruzo os braços
 e nunca vou por ali


Não, não vou por aí! Só vou por onde 
Me levam os meus próprios passos... 

Ninguém me diga: "vem por aqui"! 

A minha vida é um vendaval que se soltou. 

É uma onda que se levantou.
 
É um átomo a mais que se animou...
 
Não sei por onde vou, 
Não sei para onde vou 
- Mas, sei que não vou por aí! 




(José Régio, Cântico Negro)

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Partilhando Leituras # 4

    Foi só o Larry chegar, e a Emma ficou milagrosamente curada. É meia-noite e está pronta para começar o dia de novo, como se jamais tivesse tido dores nas costas.
    Começamos a dançar.
    Dançar deixa-me sempre inibido, como o Larry sabe perfeitamente, ao passo que ele se sente como peixe na água: ora um majestoso dançarino de fox-trot, ao melhor estilo colonial, ora um cossaco tresloucado, ou lá o que é, mãos nas ancas, descrevendo em torno dela círculos imperiais, matraqueando o soalho envernizado com os meus chinelos de quarto. Cantamos, apesar de eu não ter voz. Primeiro reunimo-nos num triângulo apertado a ouvir o relógio bater a meia-noite.
   Depois damos os braços, um braço macio e branco para cada um, e cantamos a plenos pulmões o «Auld Lang Syne» enquanto o Larry, menino de coro em Winchester, brilha no descanto e o colar saltita cintilante no pescoço da Emma. E embora o seu olhar e os seus sorrisos sejam para mim, não preciso de lições sobre o amor, para saber que cada saliência e reentrância do seu corpo, da cabeça de azeviche à castidade do cair da sua saia é para ele que existe.
E, quando às três e meia, chega pela segunda vez naquela noite a hora de irmos dormir, e o Larry está prostrado na cadeira de baloiço, morto de tédio a olhar para nós, e eu, de pé atrás dela, lhe massajo os ombros, sei que são as mãos dele e não as minhas que ela sente no seu corpo.
   Então, lá fizeste mais uma das tuas viagens  digo-lhe eu na manhã seguinte, quando o encontro já na cozinha, a fazer chá e torradas. Não pregou olho. Toda a santa noite tive de suportar o cheiro pestilento dos seus pavorosos cigarros russos.
    É verdade, lá fiz diz por fim, concordando. Está a ser invulgarmente reticente quanto à sua ausência, o que faz reviver em mim a esperança de que terá encontrado uma mulher que seja sua.
     Médio Oriente?  arrisco.
    — Não propriamente. 
    — Ásia?
  — Não propriamente. Estritamente europeia, de facto. O baluarte da civilização.
     Não sei se está a tentar fazer-me calar, se a encorajar-me a prosseguir, mas, seja lá o que for, não lhe dou esse prazer. Já não sou o seu guardião. Os operacionais recolocados e quando é que o Larry alguma vez se colocou? – são responsabilidade dos Serviços Sociais, a menos que sejam dadas por escrito instruções diferentes.
    — Enfim, foi qualquer coisa agradável e pagã  - arrisco novamente, disposto a mudar de assunto.
  — Disso não há dúvida. Foi agradável e pagão. Para uma experiência natalícia integral, nada melhor que um cheirinho a Grozni em dezembro, uma delícia. Uma escuridão de breu, um fedor insuportável a petróleo, os cães andam bêbedos e os adolescentes andam carregados de ouro e de Kalashnikov na mão.
   Olho-o, perplexo.
     —  Grozni, na Rússia?
  Chechénia, mais precisamente. No norte do Cáucaso. Tornou-se independente. Unilateralmente. Moscovo está um pouco ressabiado.


(Continua)




       


terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Partilhando Leituras # 3

     É véspera de Ano Novo, mas a Emma está com uma das suas dores nas costas e não lhe apetece festejar. Retirou-se para os seus aposentos reais, e está estendida na tábua que lhe serve de cama. O nosso esquema de coabitação seria um quebra-cabeças para quem julgasse vir encontrar um ninho de amor convencional. Há o seu lado da casa e há o meu, exactamente como combinámos no dia em que ela veio viver comigo: cada um teria a sua soberania, o seu território, o seu direito à solidão.
     E hoje, porque é véspera de Ano Novo, a primeira que passamos juntos, tenho licença para me estender no chão ao lado dela, de mãos dadas, enquanto falamos para o tecto e a aparelhagem dela toca em estéreo música de alaúde e o resto da Inglaterra se diverte à grande.
  – Ele de facto é o fim – queixa-se ela (com um certo humor, lá isso é verdade, mas não o suficiente para esconder o seu desapontamento), – Quero dizer até mesmo o Larry sabe quando é o Natal. Podia ao menos ter telefonado.
     E eu explico-lhe, e já não é a primeira vez, que o Natal é para ele uma coisa abominável; que todos os Natais, desde que o conheço, ameaça converter-se ao islamismo; e que todos os Natais parte numa viagem qualquer, danado, só para escapar ao horror das celebrações inglesas subcristãs. Mas fico com a sensação de que ela mal me ouve.
  – Seja como for, hoje em dia não há sítio no mundo de onde não se possa telefonar – diz ela severamente.
      A verdade é que o Larry já se tornou no nosso orago, no nosso génio errante. Já quase nada acontece nas nossas vidas sem que lhe façamos a devida vénia. Até a nossa última colheita, apesar de só estar bebível daqui a um ano, é conhecida cá em casa por Château Larry.
  – Nós telefonamos-lhe imensas vezes – queixa-se ela. – Francamente, ao menos podia mandar dizer que está bem.
    Na verdade, quem telefona é ela, embora referi-lo fosse uma ofensa à sua soberania.  Telefona para saber se chegou bem a casa; para lhe perguntar se não há problema em comprar uvas da África do Sul actualmente; para lhe lembrar que prometeu ir jantar com o deão, ou aparecer correctamente vestido e sóbrio na reunião de professores.
  – Talvez ele tenha arranjado alguma namorada  –  sugiro, muito mais esperançado do que ela pode imaginar.
   – Então porque não nos diz? Ele que a traga, se tiver de ser…a cabra. Sim, nós não vamos ser contra, não é?
   – Muito pelo contrário.
   – Detesto pensar que ele está sozinho.
   – No Natal.
   – Em qualquer altura. Quando ele sai a porta, fico sempre com a impressão de que não volta mais. Não sei…parece que alguma coisa o ameaça…
   – Acho que és capaz de descobrir que ele é ligeiramente menos delicado do que supões  – digo eu, também para o tecto.
     Tenho reparado ultimamente que conversamos melhor sem contacto visual.
 Talvez a única maneira possível de comunicarmos.
    – Atingiu o topo cedo de mais, é esse o problema do Larry. Brilhante na Universidade, um falhanço na vida real. Houve dois ou três assim na minha geração. Mas esses são os resistentes, vencedores é a palavra mais adequada.
    Chamem-lhe disfarce, chamem-lhe qualquer coisa pior; nas últimas semanas não tenho feito mais nada senão ver-me a fazer o papel do Bom Samaritano sofredor enquanto bem no fundo sou o pior Samaritano do mundo.
    Mas Deus hoje fartou-se de aguentar esta minha duplicidade. Mal tinha acabado de falar quando oiço, não o cantar do galo, mas umas batidas na janela do rés-do-chão. E tão distintas  – tão ao ritmo da sua música de alaúde – que por um segundo penso se não será uma torneira a pingar na minha imaginação, até que a mão da Emma se liberta da minha num repelão, como se eu a tivesse picado, e ela rebola para o outro lado e se levanta. E, tal como o Larry, não grita, fala. Com ele. Como se fosse o Larry, e não eu, que estava ali deitado ao lado dela.
   – Larry? És tu? Larry?  
    E, a seguir ao tamborilar, oiço por baixo de nós aquela voz grave e aveludada que desafia a gravidade e paredes de pedra de um metro de espessura e consegue dar connosco onde quer que nos tivéssemos escondido. Está claro que não a ouviu. Não pode ter ouvido. Não pode de maneira nenhuma saber onde estamos ou até se estamos em casa. É verdade que estão duas luzes acesas ao fundo das escadas, mas eu faço sempre isso para afastar os ladrões. E o meu Sunbeam está fechado na garagem, longe da vista.
   – Hei, Timbo. Emm. Meus queridos. Baixem a ponte levadiça. Cheguei. Lembram-se do Larry Pettifer, o grande educador? Pettifer, o Petomane? Feliz Ano Novo e blá-blá-blá.
    Emm é como ele lhe chama. E ela não se importa. Pelo contrário, começo a desconfiar que ela o usa como troféu.


(Continua)







domingo, 7 de fevereiro de 2016

No Baile da Gabriela...

...Samba ou Baião?
 Não importou nada
acabou foi tudo na base da chinelada!!
Vamos todos sambar, minha gente!!:)


                       

Eu fui dançar um baile
Na casa da Gabriela
Nunca vi coisa tão boa
Foi na base da chinela

O baile tava animado
Só na base da chinela
Toda turma disputava
Dançar com a Gabriela

Requebrar naquela base
No salão só tinha ela
Todo convidado ria
Gostando da base dela

Jogaram no salão
Pimenta bem machucada
O baile da Gabriela
Acabou com chinelada



:) :) :) :) :) :) :) :) :)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Mitos de Calendário.




O Tempo Passa? Não Passa

O tempo passa?
Não passa
no abismo do coração.

Lá dentro, perdura a graça, 
do amor  florindo em canção. 
(...)
Carlos Drummond de Andrade, 
in 'Amar Aprende-se Amando'

Catherine Deneuve - "Num Pátio de Paris"- O seu mais recente filme.
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E com este pensamento, com esta ideia cá minha, desejo a todos:


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Partilhando Leituras # 2

    Não sou dado a pânicos, mas nessa noite estive mais perto de entrar em pânico do que nunca. De qual de nós andavam eles atrás – do Larry ou de mim? Ou dos dois? O que saberiam ao certo sobre a Emma? Porque é que o Checheyev tinha vindo falar a Bath com o Larry e quando, sim, quando? Aqueles polícias não andavam certamente à procura de um qualquer professor universitário que tinha resolvido ausentar-se por uns dias. Estavam a seguir uma pista, farejavam sangue, e perseguiam alguém que despertasse os seus instintos mais agressivos.
    Porém, quem pensavam eles que ele era? – o Larry, o meu Larry, o nosso Larry? – o que é que ele tinha feito? Esta questão do dinheiro, os russos, os acordos, o Checheyev, eu próprio, o socialismo, novamente eu – como é que o Larry podia ser outra coisa senão o que nós tínhamos feito dele: um revolucionário inglês da classe média sem direcção certa, um permanente dissidente, um diletante, um sonhador, um contestatário crónico; um falhado semicriativo, gasto, namoradeiro, sem ambições nem piedade, um falhado com inteligência mais do que suficiente para não demolir qualquer argumento e obstinação mais do que suficiente para não ceder aos obviamente débeis?
     E quem pensavam eles que era eu – este funcionário público reformado e solitário, a falar sozinho línguas estrangeiras, a fazer vinho e a brincar ao Bom Samaritano nas suas apetecíveis vinhas de Somerset? Por que razão haviam eles de concluir que, lá porque vivo sozinho, sou incompleto? Porque haviam eles de perseguir-me só por não poderem deitar a mão ao Larry ou ao Checheyev? E a Emma  –  a minha frágil Dama de Honeybrook, talvez não tão frágil assim, agora noutras paragens   – há quanto tempo não andariam eles a vigiá-la? Subi a escada. Não, não foi assim. Corri escada acima. Tinha o telefone ao lado da cama, mas mal levantei o auscultador verifiquei humilhado que me tinha esquecido do número que queria marcar, algo que nunca me tinha acontecido em toda a vida, nem mesmo nas situações operacionais mais difíceis.
    E para que é que eu tinha vindo cá acima, se havia um telefone perfeitamente funcional na sala, e ainda outro no escritório? Por que razão tinha resolvido correr pela escada acima? Lembrei-me de um zeloso professor do curso de formação que nos ia matando de tédio a dissertar sobre a arte de quebrar um cerco. Quando as pessoas entram em pânico, fazem-no sempre para cima, dizia ele. Correm para os elevadores, tapetes rolantes, escadas, tudo o que as leve para cima, nunca para baixo.
     Sentei-me na cama. Baixei os ombros, para relaxar. Rodei a cabeça, seguindo o conselho dado por um guru qualquer no suplemento a cores do jornal que ensinava ao leitor as técnicas da automassagem. Mas não senti qualquer alívio.
     Sentia os ouvidos a zumbir. Ouvi gritos, depois soluços, depois os gemidos do vento. Vinha por aí borrasca. Era a ira de Deus. Ontem um nevão de Outono, um despropósito, e esta noite um verdadeiro temporal, com as persianas a bater, o vento a assobiar nas caleiras e a fazer a casa ranger.


Continua.
   
  



terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Mea Culpa.



Não duvido que o mundo no seu eixo 
Gire suspenso e volva em harmonia; 
Que o homem suba e vá da noite ao dia, 
E o homem vá subindo insecto o seixo. 

Não chamo a Deus tirano, nem me queixo, 
Nem chamo ao céu da vida noite fria; 
Não chamo à existência hora sombria; 
Acaso, à ordem; nem à lei desleixo. 

A Natureza é minha mãe ainda... 
É minha mãe... Ah, se eu à face linda 
Não sei sorrir: se estou desesperado; 

Se nada há que me aqueça esta frieza; 
Se estou cheio de fel e de tristeza... 
É de crer que só eu seja o culpado! 


Antero de Quental, in "Sonetos" 

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