"Com a idade, como castigo
dos excessos da juventude, mas também como consolação, começa-se a provar as
coisas que dantes se consumiam sem pensar.
Até quase morrer de uma hepatite alcoólica
eu bebia «whiskey» como se fosse água: o «uisce beatha» gaélico; a água da
vida. Agora, com o fígado restaurado por anos de abstinência, apenas provo.
Suspeito que seja assim com todos os prazeres - até o de acordar bem-disposto ou passar um dia sem dores ou respirar como se quer ou não precisar de mais ninguém para funcionar.
Suspeito que seja assim com todos os prazeres - até o de acordar bem-disposto ou passar um dia sem dores ou respirar como se quer ou não precisar de mais ninguém para funcionar.
Parecem
prazeres pequenos quando ainda temos prazeres maiores com os quais podemos
compará-los. Mas tornam-se prazeres enormes quando são os únicos de que somos
capazes.
Sei que a última felicidade de todos nós será repararmos no último momento em que conseguimos provar a vida que vivemos e achá-la - não tanto apesar de, como por causa de tudo - boa."
Miguel Esteves Cardoso, in “Jornal Público”
Sei que a última felicidade de todos nós será repararmos no último momento em que conseguimos provar a vida que vivemos e achá-la - não tanto apesar de, como por causa de tudo - boa."
Miguel Esteves Cardoso, in “Jornal Público”
Só há poucos anos comecei a gostar do Miguel Esteves Cardoso! Na sua e minha juventude, sempre o considerei um bon vivant. Um menino bem que não sabia o que custava a vida e só escrevia e dizia disparates na sua condição de jovem irreverente que pensava tudo lhe ser permitido.
Com o passar dos anos, o amor e o sofrimento pela doença da esposa, fizeram-no crescer e amadurecer - isto na minha perspectiva - . Pela minha parte também amadureci e passei a compreendê-lo melhor. Hoje, não dispenso as suas crónicas diárias no Jornal Público. Foi pai de duas meninas gémeas muito cedo, porém, não foi esse facto que o modificou...foi o seu grande Amor por uma mulher!
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Tenho este livro guardado no meu pc.
ResponderEliminarCaso não o tenhas:
http://dl.dropbox.com/u/78525181/miguel%20esteves%20cardoso%20-%20o%20amor%20e%20fodido%20-%20pt.pdf
;)))
Mestre LOL.
EliminarO link levou-me a uma imagem muito gira, mas sabes?
Acho que ocorreu aqui qualquer erro!
Como tu tinhas removido dois comentários eu eliminei-os. Será que cometi algum lapso? Como já te disse há uma série de coisas que eu não consigo aceder, nesta nova interface.
De qualquer modo acho que este texto do MEC, faz parte do livro que tens no teu pc. Ora vê lá se é.:))
"As lágrimas das raparigas refrescam-me. Levantam-me o moral. Às vezes lambo-as dos cantos dos olhos. São mini-margaridas, sem álcool, inteiramente naturais. Dizer «Não chores» funciona sempre, porque só mencionar o verbo «chorar» emociona-as e liberta-as, dando-lhe a carta branca para chorar ainda mais. Só intervenho com piadas e palavras de esperança e de amor quando elas vão longe demais e começam, por exemplo, a pingar do nariz.
As raparigas, depois de chorar, ficam com vontade de fazer amor. É como se tivessem apanhado uma carga de chuva. Ficam todas molhadas. Nós somos a toalha que está mais à mão. O turco maluco com que se embrulham e enxugam. É horrível, não é? Mas só um santo não se aproveitaria.
E as raparigas que choram depois de... Estarão assim tão arrependidas? Comovidas? Simplesmente agradecidas? Gostaria de pensar que sim. As três coisas, pelo menos. Elas próprias não sabem. Riem-se logo de seguida. As piores são as que se riem logo ao princípio. Mas as piores também são muito queridas.
Miguel Esteves Cardoso, in "O Amor é Fodido".
Beijinhos.
Janita
EliminarA imagem gira que apareceu é a mensagem de erro do Dropbox que é uma espécie de disco externo virtual. Pelos vistos os livros do MEC estão na lista das proibições de partilha do referido "disco". Mas aqui o L.O.L. arranja sempre maneira de contornar o assunto. Sendo assim, bastou que eu comprimisse o livro numa pasta zipada e eis que o livro ficou, assim de repente, disponível para quem quiser lê-lo no computador:
http://dl.dropbox.com/u/78525181/m.e.c.o.a.e.f.zip
Beijinhos
Olha, olha. Os gajos não aceitaram a minha partilha. lolololololololol=)))
ResponderEliminar(agora não tenho tempo mas vou resolver isso)
Mestre, e conseguiste resolver????
EliminarEstá resolvido Janita. É só colocar o link do meu comentário anterior no Navegador, baixar e descomprimir. ;))))
EliminarA grande verdade é que há mesmo uma enorme diferença entre o “consumo”, uso, utilização, prática, desregrados (à bruta) e a “prova” apreciada com toda a calma e todos os sentidos ! Sim, porque aqui a “prova” não é apenas o que comemos ou bebemos !
ResponderEliminarA idade vai-nos moldando e refinando os gostos e os prazeres da vida ! :)
Curioso que eu também tinha essa mesma impressão sobre o Esteves Cardoso, só que o não tenho lido com essa frequência !
Beijinho
.
Rui da Bica,
Eliminargrande verdade, mesmo! Consumir desregradamente, seja em que sentido for, desvirtua e vulgariza. Nada como apreciar, provando devagar devagarinho.
Hoje a crónica do MEC foi muito interessante e pedagógica, :) "Adeus Kindle".
O dele «morreu» e lá ia regressar ao passado, ou seja, passar da leitura dos livros digitais ao papel. E ao amuo, como ele termina. Agora gosto de o ler, embora nem sempre concorde com tudo o que diz.
Que seria de nós se a vida nada nos ensinasse?
Beijinho.
O MEC (como sempre foi conhecido) sempre foi o resultado de uma luta interior muito grande, entre a sua costela britanica e portuguesa. A quantidade de vezes que ele desancou nos "Portugueses saloios" na imprensa e em livros, é incontável.
ResponderEliminarPara mim o auge dessa sua luta interior revelou-se quando convidado a entrevista o grande filósofo Português Agostinho da Silva (http://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_da_Silva) o faz como um miudo que merecia um par de estalos, humilhando esse grande vulto do pensamento do século passado.
Eu tenho um produndo desprezo pelas pessoas que só com a doença de familiares ou com o passar do tempo se tornam (aparentemente) humildes e em contacto com a vida. A arrogancia da juventude é uma ceguez para a qual a idade não é cura. A cura está sim na riqueza de experiências de vida e o constante arriscar em tudo o que se faz.
"Ita et filius dixit"
Bjinhos mamã.
LMC
Que bom ver-te aqui, Luís! Fico muito contente por arranjares um tempinho para visitares o meu refúgio...
EliminarDeve faltar algo nesse link, pois não me conduziu à entrevista que eu esperava ler.
Desta vez não estou 100% de acordo contigo, meu filho.
A juventude comete os seus excessos - tu sabe-lo bem - mas a vida e o sofrimento molda e aperfeiçoa o temperamento das pessoas. Sinceramente, acho que o MEC de hoje é muito diferente e mudou para melhor.
"Ita et mater dixit"
Beijinhos, filho!:))
Janita:
ResponderEliminarQuando comecei a ler o texto pensei logo: autor americano. Mas pelos visto não. O MEC é um tipo baril. Um artista, dos poucos que há, se calhar. Também gosto mais dele agora do que há uns anos.
LOL:
A imagem que aparece na primeira morada que deste é muito engraçada... ;)
Zé da Trouxa:
EliminarSe calhar o MEC agora está a ficar mais parecido com um tipo barril...;) Que achas??
Beijinhos!
Zé
EliminarClaro que que é engraçada. Um cubo no estilo de M C Escher:
http://24.media.tumblr.com/tumblr_lvtbbzkqe01qghk7bo1_1280.jpg
:)))
Janita:
EliminarEu acho que sim. Acho que já foi mais pretensioso.
LOL:
Acho que vivo nessa casa... ;)
E o amor faz milagres, é capaz de operar todos os milagres possíveis. O MEC também não foge à regra. Ninguém foge.
ResponderEliminarÉ bem verdade que a idade castiga os excessos da juventude. Mas a juventude não consegue viver sem excessos. Sejam eles quais forem.
Quanto ao MEC, nunca gostei nem admirei. Sempre me pareceu que era uma pessoa que procurava a piada fácil, incapaz de ir a fundo em qualquer assunto. Está diferente, sim, talvez pelos motivos que referes.
Beijinho
Olá,JP.
EliminarEu penso que só o facto de se encontrar um verdadeiro amor, já é um milagre nos dias de hoje.
O mundo está a ficar cada vez mais individualista e isso é a grande causa da nova doença do séulo XXI: A solidão, não te parece?
Beijinho.
Amiga Janita, mais uma vez concordo em absoluto contigo e com o excelente texto que escolheste.
ResponderEliminarPassar pela vida aprendendo e amando é para mim o mais importante.
Beijinhos e bom fim de semana.
O desafio foi mesmo ter que escolher pessoas que ainda não tivessem sido escolhidas :)
Obrigada pelo comentário, amiga Fê.
EliminarPassar pela vida sem aprender a amar, é o mesmo que não ter vivido.
Beijinhos.
Excelente escolha Janita!
ResponderEliminarO amor não tem limites!
Os excessos sejam quais forem fazem parte da vida da juventude.
Bom fim de semaana Jaanita
Obrigada, Flor de Jasmim!
EliminarHá amores que não têm limites, é verdade!
Outros, terminam ao sair da porta...
E não tem que desculpar-se de nada.
Espero que esteja tudo melhor, Adélia.
Beijinhos.
Queria dizer "Bom fim de semana"
ResponderEliminarDesculpe Janita, estou super cansada.
Beijinho e uma flor
Acompanhei de perto o percurso descendente do MEC, embora estivesse longe mas, quando eu vinha a Portugal, procurava encontrar-me com ele.
ResponderEliminarConheci-o no período dos excessos - que me impressionavam ainda mais do que a sua excelente escrita que sempre admirei- e dos seus amores por outra mulher. Longas histórias...
Beijinho e bom fds
CBO:
EliminarAcho que o MEC foi(é) um homem de muitos amores, mas o seu grande amor é a Maria João.
Longas histórias...dizes bem!
Beijinhos e obrigada Carlos, por me deixares a tua conceituada opinião.
Janita Amiga,
ResponderEliminarCá estou de volta para a saudar.
Quanto mais trágica a vida se torna mais necessário é o amor. É uma forma de lidar com a dor e apaziguá-la. Creio que é o caso de MEC. Sempre tive a curiosidade de ler os seus artigos que considerava dum snobismo satírico, que foi sublimando ao longo da vida.
Bj amigo e bom fim-de-semana.
J
Jorge Amigo.
EliminarContar com a sua presença e opinião neste meu modesto cantinho, é sempre uma honra e um prazer.
Desde que regressou ainda não visitei os seus FIDALGUINHOS, mas não me esqueci. O tempo, esse galgo de corrida, é que não me dá espaço para tudo o que gosto de fazer.
Beijinhos.
Cara Janita, este seu postal é muito bom, aliás como a grande maioria dos que publica. A prova de que este é mesmo muito, muito bom, está na qualidade dos comentários que mereceu.
ResponderEliminarParabéns, Beijo.
Grata, amigo Zé Maria, pela sua benevolência naquilo que me diz respeito.
EliminarQuanto à qualidade dos comentários dos meus leitores, concordo consigo. São mesmo muito bons - incluindo o seu, claro. Sinto-me muito afortunada pelos amigos que tenho.
Obrigada, Zé Maria. Beijinho.
A maturidade e o amor mudou esse homem pra melhor, pelo que escreveste aqui no teu post e isso é natural, eu penso assim a juventude nos faz ver as coisas de outra maneira,; sei não!
ResponderEliminarAcho q vale sempre "transformar "mudar seus conceitos, enfim ser mais "gente ...de verdade!
QUE BOM!
Adorei ler temos muitos escritores como esse, admiro quem demonstra humanidade "nunca é tarde!
beijus/ ótima noite d sábado pra ti; gosto o q escreves!
Olá Mery.
EliminarNa verdade é muito bom quando o tempo e a vida, se encarregam de operar nas pessoas mudanças para melhor.
Mas é como dizes, a maturidade e o amor transformaram o MEC.
Beijinhos querida e obrigada.