Sonhei com um país onde todos chegavam a
Mestres. Começava cada qual por fazer a caneta e o aparo com que se punha à
escuta do universo; em seguida, fabricava desde a matéria prima o papel onde ia
assentando as confidências que recebia directamente do universo; depois, descia
até ao fundo dos rochedos por causa da tinta negra dos chocos; gravava letra
por letra o tipo com que compunha as suas palavras; e arrancava da árvore a
prensa onde apertava com segurança as descobertas para irem ter com os outros.
Era assim que neste país todos chegavam a Mestres. Era assim que os Mestres iam
escrevendo as frases que hão-de salvar a humanidade.
Quando
eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas,
só faltava uma coisa – salvar a humanidade.
(Extracto de um texto de Almada Negreiros)
Adenda: Agendei este post para as 08:00 de hoje, já tarde de madrugada. Por um lapso, do qual peço desculpa, não fiz referência à autora desta pintura: Sarah Afonso! Companheira, mulher e mãe dos filhos de Almada Negreiros. Como gosto muito deste outro auto-retrato, alargado à sua família, onde figura com o marido e o primeiro filho, aproveito o ensejo para vo-lo apresentar. Obrigada e desculpem a minha falha!
Um casal fabuloso:Almada Negreiros (texto) e Sarah Afonso (tela).
ResponderEliminarFabuloso mesmo, João! Em todos os aspectos! Já tratei de reparar a minha falha. Obrigada!
EliminarBeijinho.
Posso assinar por baixo o comentário do João Roque??
ResponderEliminarPode e deve, Pedro!
EliminarO João até vai ficar contente!:)
Pedro, repare bem no rosto de A.N. nesta tela! Não lhe faz lembrar alguém conhecido?
Acho incrível a semelhança do olhar, com alguém que vive no Oriente, mais precisamente em Macau. Estarei a sonhar?:))
Beijinho.
Maravilha de texto! beijos,chica
ResponderEliminarConcordo, Chica!
EliminarNão é à toa que Almada Negreiros foi, também ele, um Mestre na Arte da poesia, da prosa e da pintura!
Beijinhos.
ResponderEliminarA frase que nos foge e fugirá sempre :((
Gosto muito, Janita, mesmo!
Beijo
Laura
"Salvar a Humanidade" pode parecer um chavão, algo que de tanto se falar e tão pouco fazer, dar a ideia de teoria "bacoca", mas nunca a humanidade precisou tanto de ajuda como agora. A todos os níveis! Principalmente no desamor e na ausência de valores.
EliminarObrigada, Laura!
Beijinho.
E é o que continua a faltar. Salvar a Humanidade.
ResponderEliminarPedido of the topic: podes enviar-me um ficheiro com aquela coisa gira do 'loop' ?
Beijocas
Se todos agirmos um pouquinho em sua defesa, talvez seja uma ajuda preciosa. Não ficarmos eternamente à espera que sejam apenas os grandes e poderosos a terem essa obrigação.
EliminarVou ver se não o apaguei, Observador. De vez em quando, faço uma limpeza geral e as coisas giras que já espalhei pelos amigos, elimino-as. Este, por acaso, enviei só para ti.
E tu que lhe fizeste?:)
Beijocas!:)
Muito em teoria pouco em prática.
ResponderEliminarBeijinho :)
Tens razão, Maria e é justamente essa forma de pensar e estar que devemos mudar!:)
EliminarBeijinhos!
ResponderEliminarBelo texto :)
Todos contribuíssemos para “Salvar a Humanidade”. O mundo seria bem diferente. A capacidade mais valiosa de cada um está no seu caracter e na sua conduta etc…valiosas riquezas que formam o nosso interior.
Beijinhos e um sorriso
Susana
Essa salvação pertence um pouco a todos nós e creio que não há uma fórmula matemática exacta, não é Susana? Tampouco interessa a todos essa salvação!
EliminarA Humanidade é toda igual, mas há uns mais humanos e iguais do que outros!! Há muitos Mestres a escrever sobre como libertar a humanidade dos males que a afligem, porém tudo continua por fazer.
No fundo, creio que foi essa a lição que Almada Negreiros quis deixar passar com o texto que escreveu e do qual passei uma pequena parte.
Beijinhos, Susana!:)
EliminarO que pretendi transmitir… “ as minhas palavras ” como as do “ Argos”…
Beijo e um sorriso
Susana
Transmissão aceite, compreendida e deferida, Susana!:))
EliminarBeijinhos, querida!:)
Engraçado, que a última frase do texto que escolheste está escrita nos azulejos de uma estação do metro de Lisboa, que um dia naquele local me pôs a pensar. Afinal, não estavam todas escritas. Será que alguma vez estarão? Duvido, porque as ideias e os pensamentos são assim, evoluem no tempo e no espaço, adquirem novas formas de se expressar, de modo a serem compreendidas de outras maneiras por todos nós... :)
ResponderEliminarNão conhecia a pintora Sara Afonso, nem a sua relação com Almada Negreiros. Das duas telas, gosto mais da primeira. E muito da fotografia da gaivota. :D
Beijocas!
Sob o ponto de vista prático e tal como o apresentas, Teté, faltará sempre algo para que tal aconteça e não deixas de ter razão. Não há nem haverá nada que possa salvar a Humanidade, e não será por falta de ideias mas, sim, porque o Homem não está preparado para viver em paz, com civismo, equidade, solidariedade, altruísmo, e sobretudo sem ganância.
EliminarPor acaso, essa tela é também a minha preferida das duas!
E, claro, com o mar e as gaivotas ainda tão recentes na tua memória, mais as que gravaste para a posteridade, a foto só poderia agradar-te...:))
Beijinhos:)
Amiga Janita dou-te os parabéns por estas escolhas . Escolhas de Mestre, direi mesmo :)
ResponderEliminarPena que a humanidade nunca chegue a esta verdade.
beijinho
Fê
Obrigada, amiga Fê!
EliminarEscolhas com mestria são as tuas, sempre tão belas!
Embora, Mestre Almada Negreiros, merecesse ser lembrado por alguém que o soubesse fazer melhor do que eu, acho que me esforcei por escolher a parte do texto que definisse o principal da sua teoria sobre este tema, de salvar o que não tem salvação possível...:))
Beijinhos, amiga!
Excelentes escolhas, adorei Janita!
ResponderEliminarInfelizmente a teoria que não é posta em prática, a humanidade continua a precisar ser salva.
beijinho e uma flor
Obrigada, amiga Flor!
EliminarContinua e continuará, Adélia, pois se é o próprio ser humano que se destrói, lentamente, destruindo o Planeta e destruindo o seu semelhante!
Beijinhos.
Olá, Janita!
ResponderEliminarAfinal, só falta mesmo fazer aquilo que há já muito se sabe, para tornar melhor este mundo onde vivemos: que no fundo será o mais difícil, ou senão já estaria feito...
O mestre Almada não era homem de meias tintas, logo ia direito ao assunto...
Bonita escolha!
Beijinhos amigos e bom fim de semana.
Vitor
Olá, Vitor!
EliminarSó falta fazer o que nunca se fará, senão já estaria feito!
Nem mais!
Já estamos quase noutro fim de semana? Até o tempo avança tão rápido só para acelerar o nosso fim. Estamos feitos, Vitor!
Quem me dera que ele retrocedesse uns anitos!:)
Poderia não salvar a humanidade, mas garanto que muita coisa teria sido melhor. (para mim)
Então, beijinhos muito amigos e bom fim de semana.:)
Salvar a humanidade...
ResponderEliminarQue tal começarmos por nós?
um, mais um, mais outro ainda....todos!
Abraço grande
P.S. belo post, belo texto de Almada, belas imagens de Sarah Afonso, parabéns pelas escolhas.
Parabéns a ti, Argos, pelos comentários que fazes e têm o dom de nos elevar a autoestima e nos fazem sentir bem. Leio-te nos blogues da Laura e do JP há muito e já tinha reparado nessa tua qualidade especial.
EliminarObrigada, pela parte que me toca.:)
Eis uma opinião digna de registo, Argos. A humanidade pode não ser possível mudar, mudando tudo e todos em simultâneo, mas se cada um de nós tentar essa mudança alterando o nosso comportamento de forma positiva em relação ao que nos cerca e a nós mesmos, pode ser o grande passo para a verdadeira "Salvação da Humanidade"!
Em poucas palavras, disseste tanto...
Um abraço grande e grato!