domingo, 30 de novembro de 2014

" Ó Vento Que Tudo Levas"!...





 
 
 
 
"Quem não Ama não Vive"
Na minha alma se apagam
As alegrias que eu tive;
Só quem ama tem tristezas,
Mas quem não ama não vive.

Andam pétalas e folhas
Bailando no ar sombrio;
E as lágrimas, dos meus olhos,
Vão correndo ao desafio.

Em tudo vejo Saudades!
A terra parece morta.
- Ó vento que tudo levas,
Não venhas á minha porta!

E as minhas rosas vermelhas,
As rosas, no meu jardim,
Parecem, assim cahidas,
Restos de um grande festim!

Meu coração desgraçado,
Bebe ainda mais licor!
- Que importa morrer amando,
Que importa morrer d'amor!

E vem ouvir bem-amado
Senhor que eu nunca mais vi:
- Morro mas levo comigo
Alguma cousa de ti.

António Botto, in 'Canções'
 
 
 
 
 
 
 
 

29 comentários:

  1. Quem ama vive, mas sofre... :)

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    1. Até se diz que quem se sujeita a amar, sujeita-se a padecer, Luísa!:)

      Beijos!

      :)

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  2. "Para não sofrer é preciso não amar"

    Beijinho e uma boa semana

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    1. E quem deseja uma vida sem amor, Adélia?

      Amar a vida, o trabalho que se gosta, os amigos, a família...tudo é uma forma de amar e dar sentido à vida!...:)

      Beijinhos muito amigos!

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  3. Não conheço bem a sua obra, mas gostei deste poema. Sofrido!

    Beijocas

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    1. António Botto, foi um homem muito sofrido e isso espelha-se em toda a sua obra.
      Viveu num tempo de grandes preconceitos e a sua sensibilidade e orientação de vida privada, nunca foi vista com bons olhos.

      Beijinho e obrigada, Teté!
      Tudo de bom para ti!

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  4. Diria antes, Ó vida.
    A felicidade e a dor são irmãs siamesas.

    Abraço grande, dorme bem

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    1. A vida tudo leva e tudo traz, com o tempo, Argos!

      Lembras-te de "E Tudo O Vento Levou"?

      Pois, então... o vento não levou as pessoas a errar e a amar demais, foi a vida! Mas falar no vento soa mais a poesia!!

      Felicidade e dor, inseparáveis? Nunca tinha pensado nisso!

      Beijinhos e ...dorme bem! :-)

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    2. As pessoas dizem é a vida e a vida somos nós!

      Abraço grande

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    3. Tens razão! Como sempre!

      A vida somos nós que a fazemos, mas...e quando surgem situações que nos ultrapassam e não controlamos?

      Quando somos postos perante a necessidade de tomar uma decisão e temos mais do que um caminho a seguir?

      Temos o livre arbítrio de escolher o nosso caminho, mas essa escolha não terá já sido destinada por uma força maior?

      Hoje estou numa de me questionar acerca do porquê disto e daquilo, e não encontro respostas!

      Grande abraço..

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  5. Belíssimo poema
    Pungente.
    Beijinhos e votos de boa semana

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    1. Botto escreveu contos e poemas belíssimos, este é um deles, Pedro!

      Beijinhos alegres! :)

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  6. António Botto muito bem lembrado!
    Mas eu penso que o vento nem sempre leva tudo...antes levasse!

    Abraço

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    1. Há lembranças que nem o vento leva, nem o passar do tempo apaga, Rosa dos Ventos! Tens razão!

      Um abraço!

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  7. Obrigado, Janita.

    Um beijo muito grande

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    1. De nada, Manel!
      Sabes como gosto de ti e o teu blog acabou por ser levado pelo vento?!?
      De certo modo, ficará sempre entre nós e alegrar-nos-á a vista e trazendo as tua palavras. É como um belo livro que nos tocou e podemos reler, a cada passo!

      Beijinhos, muito amigos!

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  8. Não é à toa que os grandes poetas e as grandes poetisas são quem mais amaram... e mais sofreram!


    Beijinhos... mas com sorrisos
    (^^)

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    1. Eles, os poetas, não amaram nem sofreram mais do que as outras pessoas, souberam e sabem é descrever esse amor, sofrido, em bela poesia.
      Acho que é essa a diferença!

      Tu, como Deusa do Amor e da Sexualidade, saberás isso melhor do que eu, Afrodite! :-))

      Beijinhos sem dor e muita amizade.

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  9. O meu poeta preferido.
    Botto foi sublime.

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    1. João Roque.

      Sublime, é a palavra exacta para definir António Botto!

      Beijinhos.

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  10. Posso fazer um resumo? Obrigado.
    É assim: "quem não ama não vive". Tudo dito.

    Beijinho, Janita e boa semana.

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    1. Oh, Observador!
      Mas que resumo tão bem resumido. Eu não faria melhor! :-))

      Beijinho, António! Sabe, que fiquei muito contente por me dares o prazer da rua visita.
      Andas tão preguiçoso!! Só te sentes bem no aconchego do lar! Será do frio?

      Abraço amigo! :).

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  11. Amiga Janita:
    António Botto era um poeta muito "avançado" para a época como sabes.
    Um poema intenso e quase desesperado de um eterno apaixonado, até rimou :)
    Parabéns pelas fotos lindas do teu amigo Manuel.

    beijinho e boa semana

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    1. Amiga Fê.

      Avançado, sensível, inteligente e fora do seu tempo. Quando a mente voa mais alto, não se conhecem imposições.
      A barreira dos retrógrados, podem isolar quem apenas quer ser livre!

      Amiga, quando tiveres um tempinho livre, vai até ao blog do amigo MFC. Há lá fotos e textos belíssimos! Foram dez anos a apresentar uma foto por dia!!
      Por alguma razão o "Aventar" o elegeu, por dois anos consecutivos, o blogue do Ano!

      Beijinhos!

      PS. Já te dei resposta! Vamos em frente. Quantos mais, melhor!

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  12. Olá, Janita!

    Olhando ao que ele foi na vida, faz lembrar um pouco o janota Oscar Wilde: nascido antes do tempo e por isso mesmo censurado e incompreendido. Quanto ao poema, não deixa de ser algo estranho lê-lo...ainda que bonito.

    Lindas fotos!
    Beijinhos amigos e boa semana.
    Vitort

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    1. Olá, Vitor!

      Poderia ser, mas acho que não é bem a mesma coisa!

      Oscar Wilde tinha traquejo e descaramento, ou coragem, sei lá!

      Sarcástico e jocoso, esteve sempre nas tintas para o que os outros dissessem ou pensassem.

      António Botto, era discreto, sofria a incompreensão expressando a sua dor em poemas e contos, marcados pela diferença.
      Um homem muito sofrido!
      É a minha ideia, claro.
      Não consigo coloca-los no mesmo patamar.

      Quanto às fotos, aconselho-te a ir ver outras de vários pontos do País. Há umas dos Jardins do Palácio de Cristal, que vais adorar.

      O blog " Pé de meia..." merece ser visto e apreciado por quem sabe dar valor à Arte de fotografar.

      Beijinhos amigos e bom resto de semana.

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  13. O poeta mal-amado e incompreendido num Portugal pequenino, mesquinho e preconceituoso!
    Boa escolha, Janita! (Infelizmente pouco conheço a sua poesia - culpa minha, naturalmente!)

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  14. Pois se ainda hoje temos um Portugal dos "pequeninos", mesquinho e preconceituoso, como muito bem dizes, Graça, imaginemos como seria naquele tempo.
    Eu acho é que continuamos iguais, apesar de algumas excepções, claro!

    Obrigada e um beijo

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  15. Como sempre, alia lindas imagens, neste caso, fotos, a um poema igualmente bonito. Parabéns!
    Beijinhos

    Paula

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