...pois, também costumo cantar o Fado! Mas hoje não fui de modas! Vai daí, agarrei no livro de inéditos, do meu poeta popular preferido, o grande ANTÓNIO ALEIXO e fui direitinha às páginas "eróticas, burlescas e satíricas". Se bem que de erotismo não veja aqui nada de especial. Mas para a época, se calhar até seria. De vez em quando, sabe bem fazer algo diferente...e, como para tristezas já basta a vida...
"Fazendo inveja aos pintores
Que pintam qualquer boneco
Meu avô tinha um caneco
Com tinta de várias cores
Pintou filhos cantadores
Como eu – que já canto o fado,
Pintou um muito engraçado
Que era o meu tio Manuel
E com o mesmo pincel
O meu pai já foi pintado.
O Aleixo para pintar
Só pinta grandes programasPinta leitos, pinta camas
Coisinhas de se admirar…
A gente tem de levar
O pincel p`ra onde vai
E da algibeira não sai
P`ra não lhe pôrem defeito.
Eu trago um que foi feito
Com o pincel do meu pai.
A cômpor o ramalhete
Primeiro foi com azeite
E depois foi com cuspinho
No começo era estreitinho
Custava o pincel a entrar…
Começa a dona a gritar:
«Não me parta a tigelinha»
Mas que coisa engraçadinha
Fui uma noite pintar…"
Ahh, grande ANTÓNIO ALEIXO...! Este já é o terceiro post que te dedico, embora sempre transcrevesse as tuas quadras tristes e revoltadas com a vida.
Pouca gente haverá que saiba rir de si mesma e, sobretudo, rir da própria desgraça, como tu o fizeste. E como eu te compreendo!
Pouca gente haverá que saiba rir de si mesma e, sobretudo, rir da própria desgraça, como tu o fizeste. E como eu te compreendo!
Janita
ResponderEliminarDevo-lhe a primeira gargalhada do dia (e vim aqui danado por conhecer e não saber dizer qual a cantiga do mestre).
Tenho lido muita coisa do Aleixo, mas esta não conhecia. Para a época deviam ser bem eróticas estas quadras.
Um beijo
Rodrigo
Obrigada, Rodrigo!
ResponderEliminarFaça como eu...lá no "Cantinho do Mestre"...vou lançando suspeitas!
A melodia eu reconheço, também, mas...e o nome? Pois!
Um beijo
Janita
Nós começamos a aprender a rir da "nossa" desgraça. Beijinhos
ResponderEliminarMeu avô, nem sei minha idade, recitava-me Camões e logo a seguir Aleixo... Hoje compreendo tão bem esse meu velho...
ResponderEliminarUmas quadras em que o pincel e a sua tigelinha são reis!!
ResponderEliminarE a vida anda sempre muito à volta de uma pintura assim e que se espera que nunca saia borrada!
Hummm... pois... claro... é que... evidentemente...sem dúvida...certamente... e por aqui me fico, senão ainda me estendo demais!!
Beijinhos.
Minha querida
ResponderEliminarAdoro António Aleixo, um poeta verdadeiro.
Hoje estou a ser homenageada aqui:
http://nuestramizade.blogspot.com/
Beijinho com carinho
Sonhadora
Janita:
ResponderEliminarNão é por acaso que humor rima com amor :))
Desconhecia este poema do grande Aleixo, e diverte-me a lê-lo :)
Rir-mo-nos de nós próprios é algo que só os mais sábios possuem.
beijinhos
O Aleixo era realmente impagável e a tua escolha foi excelente :-)
ResponderEliminarBeijo
Olá, Janita!
ResponderEliminarErotismo à moda antiga, naif, hoje desclassificado para vulgar brejeirice - acho que é a mais apropriada classificação que merece.
Mas lá que o homem era malandreco, ai isso era, e nada pouco - a olhar para esta amostra...que dá gosto ler.
Boa escolha; precisamos de desopilar com tanta desgraça à volta...
Beijinhos.
Vitor
Gostei imenso!
ResponderEliminarSiempre llena de inspiración para que nos llevemos un gran impresión, de todo lo que te leemos y disfrutamos.
ResponderEliminarSaludos
foi bom passar por aqui, Janita, dei boas risadas com o poema! Um beijinho
ResponderEliminarA minha preferida, e tão válida hoje em dia:
ResponderEliminarUma mosca pousa com a mesma alegria
Na careca de um doutor como em qualquer porcaria
Beijocas!
É como nos filmes. Dantes aparecia um filme para maiores de 18 e era um escândalo. Agora o mesmo filme seria para 12.
ResponderEliminar... cante-se o fado!
ResponderEliminarQue a tristeza nunca te invada e muitos Aleixos te cubram de riso.
Este algarvio de gema, conseguia falar de coisas sérias com trocadalhos do carilho.
Um grande beijinho querida Janita!
Pois é erótico sim senhora. E olha que nem toda a gente sabe usar o pincel como ele deve ser usado. Com cuspinho também vai, como o nosso Aleixo bem o disse. O que é preciso é pincelar. Viva a vida!
ResponderEliminarBeijinhos.
Quando a tristeza invade temos de a mandar embora :)
ResponderEliminarOlá, Janita!
ResponderEliminarMaravilhou-me este texto de Aleixo.
Pouco de Aleixo conheço. Aliás só me encontrei com a sua obra quando me radiquei em Portugal, em 1970. Insuficiências de me ter feito gente por outras paragens...
Estou, porém, convencido, do que dele tenho lido, que o poeta popular, se hoje permanecesse entre nós, continuaria a escrever com a mesma elegância.
Elegância de que só os seres genuínos são portadores, e que leva os que os lêem a viajar pelos trilhos das sensações imaginadas.
Gostei!
O titulo do seu post "provocou-me". Provavelmente irei pegar nele. Logo se verá.
Beijinhos e bom fim-de-semama (assim à maneira do AO de que gosto).
Janita, boa noite!
ResponderEliminarUm grande poeta hoje, aqui lembrado!
Grata pela partilha,
beijinho,
Ana Martins
Também admiro muito o António Aleixo! E o meu pai também o adora!!! Acho que a primeira poesia que li, quando ainda era miúdo, foi dele. Lembro-me dos dois livros dele, cá por casa, desde sempre. E eu sempre o entendi, o que facilitou a aproximação desde tenra idade.
ResponderEliminarÉ incrível que alguém quase analfabeto tenha esta sabedoria genuína dentro dele!
beijos.
O Aleixo é um must...Escrevia de forma tão simples e tão certeira...
ResponderEliminarEsse verso que o Rafeiro Perfumado citou é um belo exemplo...