segunda-feira, 28 de outubro de 2013

...Se Vão da Lei da Morte Libertando!

É este belíssimo pensamento de Camões, expresso logo no início de "Os Lusíadas", (Canto I) que me vem à mente, quando recordo o último verso deste belo soneto de Castro Reis que hoje publico, numa homenagem a este talentoso portuense de quem poucas pessoas falam e lembram.
Por isso, o dedico à Susana Miranda e à Flor de Jasmim. A primeira, porque sei o quanto ela o admira, já que sempre me presenteia com poemas seus, e a Flor, porque reconheço o seu amor pela poesia e o seu talento natural para se exprimir e desabafar, através dela.
Para ambas; com um beijinho meu!


Castro Reis a ler um poema do seu livro “Etéreas Sinfonias de Natal”

O Inverno da Vida




É por dentro de mim que peregrino,
Nesta hora de angústia e de amargor!...
Pois já venho sofrendo. De menino,
Maus Invernos, de morte e de rigor!



Deus quer que eu cumpra assim o meu destino
De Poeta e Mendigo do Amor!...
Quem nasceu para os rumos do Divino,
Terá que ser eterno sofredor!



Depois de tanto Inverno e tempestade,
Do que fui, vejo assim tombar a árvore,
Só me restando a compaixão de Deus!



Quando chegar a hora do meu fim,
Não importa se lembrem mais de mim,

-- Mas não deixem morrer os versos meus!
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«Castro Reis, foi um poeta, escritor, jornalista e ensaísta portuense, galardoado em vários certames literários nacionais e internacionais, entre outros com o Prémio de Poesia Laurel de Ouro”, o Prémio de Poesia “Coroa de Ouro” e a Medalha de Prata e Diploma Honorífico de Homem de Valor e Mérito este último atribuído pela Academia Francesa de Artes, Ciências e Letras.

Foi membro da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, da Associação de Escritores de Gaia, da Academia Internacional de Letras, Ciências e Artes de Nápoles (Itália) e a Academia Francesa de Artes, Ciências e Letras.

Foi director do Grupo de Estudos Brasileiros do Porto onde contribuiu para o relacionamento e intercâmbio da cultura Luso-Brasileira.»

( Extracto de um texto escrito por Filipe Queirós, em 2007, no seu site Net-Mundo.)
 
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Com este vídeo que, com muito gosto, acrescento a esta simples homenagem feita ao Poeta Castro Reis e me chegou pela mão de Susana Miranda ( sua neta), como podem verificar na caixa de comentários e a quem muito agradeço, fica enriquecido e mais completo este  post em honra de um grande homem das Letras que dizia trazer o Porto no coração.
E trazia mesmo!
Por favor, não deixem de ver e ouvir este testemunho de um portuense, que através da sua obra valorosa..."Se foi da lei da morte libertando"...assim, termino como iniciei! Obrigada a todos.
 
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34 comentários:

  1. Não conhecia o poeta, mas já sabes que poesia não é o meu forte. E ainda bem que há tanta gente a amar a poesia, que é outra forma de amar a língua e a cultura portuguesa... :)

    Beijocas!

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    1. Sei, Teté, mas sei também que não é por falta de sensibilidade. Tens outros gostos literários e, por sinal, bastante variados!
      Fico muito contente por te ver de novo nas visitas. :)
      Agradeço teres vindo até ao meu cantinho.

      Uma grande beijoca, Teté!

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  2. Estou a sentir um nó na garganta, aquele nó, tu sabes Janita.
    Poderia ser uma, mas não, são algumas as lágrimas que caem ao ler o teu texto, estou sensibilizada.
    Sabes amiga gosto muito de poesia, mas não escrevo poemas, apenas escrevo o que sinto. Escrevo aqui e nos meus cadernos que são alguns, é como se fosse o diário que não irei publicar, porque existem coisas simplesmente minhas.
    A vida não é justa e por impossivel que pareça tenho que seguir em frente, não por mim, mas por aqueles que amo.

    Muito obrigada minha querida amiga.
    Bem-hajas

    beijinho e uma flor

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    1. Sei bem o que é sentir um nó na garganta, Flor. Mas sorrio com a ternura de quem fica feliz, por ter amigos como tu.
      Escreves o que te vai na alma e isso é poesia, Amiga!

      Eu já tenho uma certa dificuldade em falar dos meus sentimento, por isso me retraio e inibo. Quem sabe um dia me solte?:))
      Temos sempre de seguir em frente, querida! De preferência com um sorriso nos lábios, e uma lágrima furtiva a insistir teimosamente, mas seguir sempre!!

      Beijinhos com muito carinho, Adélia.

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  3. Gosto de poesias e nao conhecia o autor .Obrigada pela partilha
    Bonito poema,quase um lamento,
    deixo abraços Janita

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    1. E é mesmo um lamento este soneto, Lis.
      O lamento de quem sente próximo o fim e deseja intensamente não ver esquecidos os seus poemas, bocados da sua alma!

      Mando beijos e um grande abraço, Lis.

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    1. Obrigada, Pedro.
      Sentida, pode crer que é! Caso contrário, não a faria.

      Beijinhos.

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  5. Janita,

    Com um nó na garganta e as lágrimas pelo rosto, foi assim que recebi a imagem do meu “ anjo da guarda” a ler um poema de um dos seus livros. Quem sabe se não seria o poema que transcreveste.

    Este meu “ anjo da guarda” era o meu avô materno…infelizmente partiu em 2007.

    É com grande emoção e carinho que agradeço esta homenagem prestada ao meu avô.

    Muito obrigada amiga.

    ♥ Beijinhos com muito carinho ♥
    Susana

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    1. Olá, Susana.

      Fiquei profundamente comovida, pois jamais me passou pela mente que o Poeta Castro Reis pertencesse à tua família, muito menos que vos tenham unido laços de sangue tão chegados.

      Homenageei-o porque gosto da sua poesia, por ser portuense, mas, essencialmente, por saber o quanto tu adoras a sua poesia, embora longe de imaginar que fosse teu Avô.
      Deves orgulhar-te muito disso, Susana.

      Quantas recordações terás da vossa convivência, e como eu gostaria que um quisesses partilhar um pouquinho dessas memórias connosco.

      Pensa nisso!

      Um grande beijinho com ternura.

      Janita

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    2. Boa noite Janita.

      Para que o possam conhecer melhor, aqui deixo um breve resumo do percurso de vida do escritor e poesta Castro Reis (meu Avô).

      http://www.youtube.com/watch?v=UFHexkDg5Kc

      Beijinhos com muito carinho e obrigado

      Susana



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    3. Obrigada, Susana.

      Como podes ver já dei ao vídeo, o devido e merecido destaque!

      Um beijinho com o carinho que me mereces, desde o dia que no meu cantinho apareceste!:)

      Janita

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    4. Olá Janita,

      Mais uma vez Obrigada pela divulgação e homenagem prestada ao meu Avô.

      Beijinhos e um sorriso ♥
      Susana

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  6. A amizade é assim, Janita! Gosto dela e do poema. :)

    Beijo

    Laura

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    1. A Laura sabe bem como funcionam estas coisas da amizade que sai espontaneamente do coração.
      Por isso, gosto de si e do que escreve!:)

      Beijinho.

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  7. Olá, vim apreciar teus escritos!
    Amo poesias, poemas, e todas as palavras que vem do coração!
    Linda homenagem!
    Parabéns pelo blog, sigo com carinho!

    Femme- Mãe, Esposa, Mulher!

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    1. Olá, Rê!
      Penso que já nos cruzámos em blogues de amigos comuns, e, se não estou em erro, o nick do teu blog era " O sofá amarelo", ou estarei errada?
      De facto nunca se proporcionou nos comentarmos. Fico muito contente e grata por teres vindo até ao meu cantinho.

      Será com imenso gosto que te visitarei, seguirei e continuaremos a ler-nos!:)

      Seguirei o link. Obrigada, Rê!

      Beijo com igual carinho.

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  8. Olá Janita,

    Não conhecia o poema, obrigado por partilhares connosco.
    Relativamente ao tema, sinto-me dividido. Um gosto acre e ao mesmo tempo...

    Abraço grande

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    1. Olá Argos!:)

      Não necessitas de agradecer a partilha de nada que publique aqui, meu querido Amigo. Sabes que o faço com o maior prazer.

      O poema...pois, o poema!...
      Refere-se ao Inverno da Vida, mas quando podemos nós saber quando atingimos essa 'estação' na vida.? É tão variável.... Eu, por exemplo, tenho dias que me sinto em plena 'Primavera', e outros, em que me sinto no mais desolador 'Inverno'.
      Talvez que as estações estejam dentro de nós e da força do nosso querer, mas percebi bem esse sentimento que te divide. Eu sinto o mesmo...

      Beijinho e abraço grande. Pode ser?

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  9. Olá, Janita!

    Bonita é tua homenagem, em forma de poema que fizeste teu, e dum autor que não conhecia.Que é bonito, apesar do lado triste que contém - ou não falasse ele do Inverno, estação que quase sempre com ela traz o frio...

    Beijinhos amigos, fica bem.
    Vitor

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    1. Olá, Vitor!

      Como diz o tal fado: " A vida nem sempre é má e o fado nem sempre é triste"!:)
      Com a poesia e com os poetas é igual.
      Aliás, grandes nomes do fado cantaram poemas dos mais ilustres poetas portugueses, desde Camões a Pedro Homem de Mello.
      O Importante neste caso é homenagear um Poeta portuense, com a curiosidade de ser Avô de uma comentadora e amiga. Facto que desconhecia, quando escrevi o post.

      Beijinhos querido Amigo, fica bem.

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  10. Olá Janita voltei para te dizer que não consigo o teu mail, se possível entra em contacto comigo por mail, preciso de te dizer algo importante.

    beijinho e uma flor

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  11. Ê TAVA ERA À PROCURA DISTO O PINTO BASTOS SABE CUGAJO ERA ABUELITO DELE?

    Terra de grandes barrigas,
    Onde há tanta gente gorda,
    Às sopas chamam açorda
    E à açorda chamam-lhe migas;
    Às razões chamam cantigas,
    Milhaduras são gorjetas,
    Maleitas dizem maletas,
    Em vez de encostas, chapadas,
    Em vez de açoites, nalgadas
    E as bolotas são boletas.


    Terra mole é atasquêro,
    Ir embora é abalári,
    Deitar fora é aventári,
    Fita de couro é apero;
    Vaso com planta é cravêro,
    Carpinteiro é abegão,
    A choupana é cabanão
    E às hortas chamam hortejos
    Os cestos são cabanejos
    E ao trigo chama-se pão.




    No resto de Portugáli Ninguém diz palavras tais; As terras baixas são vais Monte de feno é frascáli Vestir bem parece máli À aveia chamam cevada Ao bofetão orelhada Alcofa grande é gorpelha Égua lazã é vermelha Poldra “isabel” é melada. Quando um tipo está doente Logo dizem que está morto. A todo o vau chamam porto Chamam gajo a toda a gente Vestir safões é corrente Por acaso é por adrego, Ao saco chamam talego E, até nas classes mais ricas Ser janota é ser maricas Ser beirão é ser galego. Os porcos medem-se às varas, O peixe vende-se aos quilos E a gente pasma de ouvi-los Usar maneiras tão raras; Chamam relvas às searas Às vezes, não sei porquê E tratam por vomecê Pessoas a quem venero; “não quero” dizem “na quero” “eu não sei” dizem “ê nã sê”!

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    1. Para a Posteridade...

      Perguntas se o António Pinto Bastos sabia que o autor da Letra deste belo fado corrido era seu Avô? Claro, que sim! Tu e eu também sabemos, nã ei?

      Só para veres como te admiro, sobretudo a tua paciência em criar 400 blogues, trago-te a voz do cantor- de quem gosto muito - para acompanhar
      a Letra do: MESTRE ALENTEJANO

      Ora clica ( cliquem) no link e deliciem-se.

      Um abraço!:))

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  12. É verdade que muito poucos se lembram de Castro Reis , um excelente Poeta !
    ´´E justo relembrá-lo e homenageá-lo

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    1. Seja muito bem-Vinda, Helia!

      É uma injustiça, assim como tantas outras, que se fazem em relação a outros poetas e escritores portugueses, que o tempo e o silêncio, votou ao esquecimento.
      Há que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, para os relembrar e dar-lhes o merecido destaque.
      Obrigada por aqui estar.
      Um beijinho.

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  13. Um grande homem do Porto e das letras, infelizmente um pouco esquecido ! :((
    Bela homenagem, Janita ! ... e já agora um grande abraço à sua neta, Susana Miranda que te enviou aquele belo e valioso vídeo ! :))

    Beijinhos ! :))
    .

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    1. Olá, Rui.

      Contava contigo aqui, Amigo!:)

      Como homem do Norte e apreciador dos 'nossos' artistas e intelectuais, não poderias faltar a esta simples, mas sentida, homenagem a Casto Reis!

      O Vídeo foi, sem dúvida, o complemento que faltava.

      Obrigada, Rui, em meu nome e da Susana.

      Beijinhos!:))

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  14. Confesso a minha ignorância mas nunca tinha ouvido falar deste poeta!
    Gostei do soneto!

    Abraço

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  15. Não é ignorância nenhuma, Rosa!
    É um desconhecimento provocado pela pouca informação que as editoras e os meios de comunicação passam para o grande público.
    Como podes ler nesse pequeno excerto biográfico, Castro Reis não foi um poeta de 'bairro'. ..Muito pelo contrário, foi um escritor e jornalista laureado com vátios Prémios.
    Em Portugal, é assim... tudo se move num jogo de interesses e não de valores.:(

    Beijinho e abraço, Rosa.

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