Eu vi gelar as putas da Avenida
ao griso da Janeiro e tive pena
do que elas chamam em jargão a vida
com um requebro triste de açucena
ao griso da Janeiro e tive pena
do que elas chamam em jargão a vida
com um requebro triste de açucena
Vi-as às duas e às três falando
como se fala antes de entrar em cena
o gesto já compondo a voz de mando
do director fatal que lhes ordena
como se fala antes de entrar em cena
o gesto já compondo a voz de mando
do director fatal que lhes ordena
Essa pose de flor recém-cortada
que para as mais batidas não é nada
senão fingirem lírios da Lorena
que para as mais batidas não é nada
senão fingirem lírios da Lorena
Mas a todas o griso ia aturdindo
e eu que do trabalho vinha vindo
calçando as luvas senti tanta pena!
e eu que do trabalho vinha vindo
calçando as luvas senti tanta pena!
Soneto de Fernando Assis Pacheco
Nota:
Fernando Santiago Mendes de Assis Pacheco (Coimbra, 1 de Fevereiro de 1937 — Lisboa, 30 de Novembro de 1995) foi um jornalista, crítico, tradutor e escritor português.
Licenciado em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, viveu nesta cidade até iniciar o serviço militar, em 1961. Filho de pai médico e de mãe doméstica, era seu avô materno galego (e casado com uma lavradeira da Bairrada) e seu avô paterno roceiro em São Tomé.
Enquanto jovem, foi actor de teatro (TEUC e CITAC) e redactor da revista Vértice, o que lhe permitiu privar de perto com o poeta neo-realista Joaquim Namorado e com poetas da sua geração, como Manuel Alegre e José Carlos de Vasconcelos.
Fonte: Wikipédia
ResponderEliminarO título diz tudo!
Beijo
Laura
O título diz muito, Laura, mas ainda não diz tudo!
EliminarBeijinho.
ResponderEliminarA poesia não se "veste" apenas de amor e de coisas belas... a poesia é VIDA... e a vida também pode ser bem dura!
Um beijão Amiga, bom fim de semana
(^^)
Nem mais, Afrodite.
EliminarO poeta que vê e sente a poesia como a essência da vida, sabe que há o lado negro, duro e sofrido, que não pode ser ignorado.
E não me refiro apenas a ' vidas perdidas", como a que retrata este poema.
Beijinhos, Amiga e bom Domingo..
Muito bom! Assim é a poesia, é para isso que ela serve. Não só para mostrar as cosias belas da vida, mas também retratar as coisas não tão belas, os contrastes dessa vida louca. Beijos, Janita.
ResponderEliminarOlá, Menino Beija-Flor!
EliminarCerto, certíssimo, tudo o que escreveste. Quem melhor do que tu, poeta que nasceu com o dom da poesia no sangue, poderia entender que ser poeta é aspirar ir mais além, retratando suavemente a dor e a brutalidade crua da Vida.
Beijinhos, Carlitos!
TB digo
ResponderEliminarO título diz tudo o casi todo!
La poesia dice las cosas que el poeta observa de la vida..
Beijos com um bonito fim de semana
O título diz quase tudo, Poseidón, quase tudo!
EliminarFraco é o poeta que só consegue escrever sobre as coisas belas da vida.
Quando ela- a vida - é feita de lágrimas e sorrisos, de sol e chuva, de amores e desamores e ilusões e...:(
Beijinhos e votos de excelente semana.:)
A poesia não é feita só de coisas boas, também tem destas coisas e o titulo diz muito.
ResponderEliminarBeijinho e uma flor
P.S Janita não precisas de agradecer, o que fiz,foi com muito carinho, agora a tua caixa de comentarios já está preparada para a Susana comentar, como estava era impossivel.
Beijinho e uma flor
Nem poderia ser, Flor!
EliminarAcho que se na vida só houvessem coisas boas, não saberíamos valorizar os pequenos momentos felizes que desfrutamos de vez em quando!:))
Eu sei que tudo o que fazes é de boa vontade e com carinho, amiga. É justamente isso que te agradeço, minha querida Adélia.
Beijinhos e boa semana.
Olá Janita.
ResponderEliminarEm primeiro lugar agradeço a ambas (Janita/Adélia),a preciosa ajuda. ♥
Do poste: o título diz tudo!
É mesmo assim a poesia, retrata os dois lados da vida, o bom e o mau, não deixando de ser poesia.
Para… Janita e Adélia
Dádiva da Poesia
Poesia:
Na alma e no porte ser gigante,
Ter por guia a justiça e a verdade.
Fazer algo de bom e de importante
Em prol do bem-estar da humanidade!
Poesia:
Dar amor, carinho e amizade,
Uma palavra amiga, um sorriso.
Pôr em tudo a grandeza da bondade,
Dar-se inteiro se tanto for preciso!
…
(Castro Reis- Poeta e Escritor-Livro Bodas de Primavera Para a Paz – Porto 1989)
Bom fim de semana
Beijinhos e um sorriso
Susana
Olá Susana!
EliminarJá tinha sentido a tua falta. Fico muito contente por voltar a ter-te aqui no meu cantinho.
Em meu nome e da Amiga Adélia, agradeço as lindas quadras que nos deixas.
Vejo que és grande admiradora do poeta / escritor / e jornalista portuense Castro Reis. Há um soneto dele que muito gosto e termina com o seguinte terceto:
"Quando chegar a hora do meu fim,
Não importa se lembrem mais de mim,
- Mas não deixem morrer os versos meus!"
Tu, Susana, tens vindo a fazer, justamente o que ele pediu...
Fica atenta ao meu próximo post!
Beijinho e um grande sorriso.
Janita
Conheci-o! Por me cruzar com ele algumas vezes numa garagem perto da Estrela, onde lavavam os carros (tanto o dele como o meu, poucas vezes para não "perderem a patine"), e abastecíamos de gasolina.
ResponderEliminarFoi um choque, um murro no estômago como é uso dizer-se, quando soube que morreu.
Apesar de só se morrer quando somos esquecidos. E um poeta não morre!
Beijos!
Olá Kok.
EliminarDeves sentir-te orgulhoso por haveres contactado com este multifacetado homem das Artes e Letras portuguesas, que tão cedo partiu.
Ficou a sua obra e tal como dizes, um poeta nunca morre. Só quando os seus poemas ou prosas, são esquecidos. Daí, o pedido de Castro Reis, que deixo acima.
Desejo muito que continues em boa forma, Amigo.:)
Beijinhos.
PS. Vai lá ao teu 'galinheiro' dar resposta aos meus comments! :))
Querida Janita
ResponderEliminarSoneto cru e vero de Assis Pacheco. A intervenção pode ser dolorosa mas, infelizmente, relata um drama da Sociedade onde nos deixamos flutuar.
Beijos
SOL (Sob tormenta)
Meu querido SOL.
EliminarO soneto é cru, sim! Mas na vida, como sabes, nem tudo são sorrisos e rosas.
Sinto muito essa tormenta sob a qual te des(abrigas, SOL.
Lá no teu cantinho já falei contigo sobre isso.
Ânimo, Amigo!
Beijinhos e votos de tudo, o melhor possível.
Janita
Olá JAnita,
ResponderEliminargosto da poesia menos bela. Essa para mim é que é poesia. A outra muito lindinha não é verdadeira! A vida é dura e pode ser feia.
Abraço grande e bom Domingo.
Olá querido Argos!
EliminarEu gosto de toda a poesia, mas não esqueço o lado menos bom da vida. Ainda bem que os poetas também não... Seria utopia a mais!
Beijinho e grande abraço.
Janita
Olá, Janita!
ResponderEliminarLembro-me dele, dalguns programas de televisão; barbudo, e com um sorriso quente a revelar o seu lado de boa pessoa, comprometido com que o que à sua volta via.Que infelizmente morreu cedo.
E a poesia não é menos bela pelo facto de falar das coisas menos boas da vida, como ele aqui faz - tocado pelo que viu quando voltava ao conforto da sua casa.
Nesta vida há coisas que nunca mudam; apenas a forma evolui com o passar dos tempos - como nesta dita forma de vida:para uns, forçada, por outros escolhida...
Beijinhos amigos; bom Domingo
Vitor
Olá, Vitor!
EliminarTenho dele uma ideia muito vaga, de o ver através da televisão, mas lembro-me do seu sorriso e, sobretudo, da barba farfalhuda, e claro, de alguns dos seus poemas.
Pena que tenha partido tão cedo. Infelizmente, quando chega a hora não há como adiar a partida. É essa a lei da Vida, que tal como neste soneto, para uns é mãe e para outros é madrasta.
Mas, lá está o que dizes, com a evolução dos tempos nem sempre este tipo de vida é forçada, creio que actualmente é mais uma opção.
Segundo uma reportagem que vi na TV , isto da mais velha profissão do mundo é, hoje, uma opção até de gente culta, por ser tão rentável!!
Até porque existem novas denominações para tudo...:(
Beijinhos, Vitor, tem uma boa semana!
Longas manhãs te esperei, perdi a conta
ResponderEliminarAinda bem que esperei longas manhãs
e lhes perdi a conta.....
Tive um privilégio de o conhecer no "O Jornal" e, também, da Visita da Cornélia,
Um grande jornalista, critico e com um sentido de humor notável.
Obrigado por nos trazer à recordação!
Olá Manuel.
EliminarNunca é demais trazer à tona, algumas das nossas figuras das Artes e das Letras menos lembrados e alguns já quase esquecidos.
No fundo, creio que é um pouco - ou muito - essa, a missão do meu blog!
Um beijo e até já!
Janita o teu comentario sobre a musica no meu cantinho, aqui só para nós, eu e o meu Rodrigo fomos a primeira paixão um do outro, tinha ele 15 e eu 13 anos, mas (com aquela experiência toda de mulher que eu era) um dia amuei com ele, comecei a namorar o meu falecido marido (amigo e parente do Rodrigo) e ele cmeçou a namorar uma amiga e colega de trabalho, casei com 16 anos e quando encontrava o Rodrigo nunca mais fui capaz de lhe olhar nos olhos, depois estivemos anos sem nos vermos,até ao dia em que o encontro ele divorciado e eu viúva à uns anos, revivemos os nossos 13 e 15 anos, e aconteceu sem nada pensado. eu tinha-me auto-programado para não voltar a ter mais homem nenhum, mas esqueci que não tinha um interrupetor para ligar e desligar quando quizesse, estamos juntos à 12 anos e tal e quero tê-lo comigo muito mais anos.
ResponderEliminarBeijinho e uma flor
Minha querida Amiga.
EliminarContada por ti ou pelo Rodrigo, já tive conhecimento dessa vossa bonita e romântica história de amor.
A Vida tem desígnios insondáveis e ainda existem finais felizes. Mas sabes que nem todos temos o mesmo destino ou lá o que lhe queiram chamar. Existem muitas coisas na vida que não se procuram, são elas que vêm ter connosco...o amor é uma delas! Tal como aconteceu convosco.
Desejo-vos de coração, toda a felicidade que merecem.
Um grande beijinho para ambos.:)
Vêem-se por aqui meninas, que foram artificialmente "insufladas" pelos chulos, que mal sabem equilibrar-se nos saltos altos, que dão realmente dó.
ResponderEliminarE os f....da p....que as procuram, velhos, gordos, nojentos, deviam ser castigados.
Cachorros! :(
Boa semana!
Isso é um crime horrendo que deveria ser severamente punido, Pedro!
EliminarNo Oriente, prolifera a exploração de jovens, quase crianças, na ´'indústria' do sexo.
A procura é que dá origem à oferta, penso eu, e não faltam os nojentos que procuram e os outros que exploram quem precisa de ajuda e não de serem submetidas a esse tido de escravatura do século XXI.
Esse é, para mim, o lado mais sórdido e repugnante do homem!
Beijinho e boa semana, Pedro.
Há estrelas que brilham no chão
ResponderEliminarque pisamos
Linda e poética forma de expressar uma realidade tão dura e crua, Mar!
EliminarHá, no chão sujo da vida, estrelas pisadas, que deveriam brilhar apenas no firmamento. Verdade tão triste.
Um beijinho, Eufrásio.
E esta é a realidade do mundo em que vivemos...
ResponderEliminarbeijo amiga
anacosta
Olá Ana.
ResponderEliminarUm mundo deprimente, desde as lutas pelo poder até à degradação e exploração do ser humano.
Valha-nos o direito ao sonho!
Beijinhos, amiga.
PS. Desculpa a minha ausência do teu blog. Tenho que reparar a minha falta em relação aos blogues amigos. O tempo, esse malvado, corre mais do que nós!:)