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Só quem procura sabe como há dias
de imensa paz deserta; pelas ruas
a luz perpassa dividida em duas:
a luz que pousa nas paredes frias,
a luz perpassa dividida em duas:
a luz que pousa nas paredes frias,
outra que oscila desenhando estrias
nos corpos ascendentes como luas
suspensas, vagas, deslizantes, nuas,
alheias, recortadas e sombrias.
nos corpos ascendentes como luas
suspensas, vagas, deslizantes, nuas,
alheias, recortadas e sombrias.
E nada coexiste. Nenhum gesto
a um gesto corresponde; olhar nenhum
perfura a placidez, como de incesto,
de procurar em vão; em vão desponta
a solidão sem fim, sem nome algum -
- que mesmo o que se encontra não se encontra.
Jorge de Sena
Olá Janita,
ResponderEliminarGostei muito do poema e da imagem que o acompanha, muito bem conseguido, parabéns.
Já vim aqui várias vezes ler este poema, vou tentar escrever o que me fez sentir, não sou grande coisa com as palavras, mas cá vai:
Solidão. De si e dos outros. Uma Solidão que absorve tudo, infinita e sem nome capaz de desintegrar quem a sente.
Abraço grande
Olá, Argos!
EliminarE dizes tu que não és grande coisa com as palavras? Expressar os sentimentos é uma das coisas que sabes fazer como ninguém! Meu querido, há formas de sentir a solidão que nos fragmenta a alma em mil estilhaços e nos faz sentir como se no mundo não houvesse mais ninguém.
Mas é às vezes, só às vezes...
Beijinhos, muitos!:)
"E nada coexiste. Nenhum gesto
ResponderEliminara um gesto corresponde; olhar nenhum
perfura a placidez, como de incesto,
de procurar em vão; em vão desponta
a solidão sem fim, sem nome algum -
- que mesmo o que se encontra não se encontra"
Cena de Sena
Obrigado por me a teres dado
Olá, Rogério!
EliminarAs cenas de Jorge de Sena, são para encenar as mais belas cenas que o sentimento de quem se sente só, sente!
E como sente...
Um abraço amigo!
Uma belíssima maneira de começar a semana.
ResponderEliminarBeijinhos e votos de boa semana!
Uma maneira pouco optimista, Pedro!
EliminarNa verdade, não consigo deixar de navegar, sem ser de acordo com o que sinto no momento em que decido postar. Mas como atrás de um dia vem outro e eles nunca são iguais...
Boa semana, também, Pedro.
Beijinhos.
~ Estou num desses dias "de imensa paz deserta".
ResponderEliminar~ "Há dias" assim: "" mesmo o que se encontra não se encontra.""
~ ~ ~ Ótima proposta poética e meditativa. ~ ~ ~
~ ~ ~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~ ~
Minha querida, amanhã é outro dia!
EliminarQuando menos se espera, encontra-se o que se espera sem procurar sequer. Há que dar tempo ao tempo.
Um beijinho grande, Majo e um sorriso! :)
;)
Amiga Janita, estes desencontros acontecem mais vezes do que queríamos não é verdade ?
ResponderEliminarAdmito muito Jorge de Sena, um dos mais influentes intelectuais portugueses do século XX.
Uma foto que ilustra bem o poema.
beijinho e boa semana
É verdade, querida Fê!
EliminarMas também há encontros que nos adoçam o sabor amargo, de outros desencontros.
Normalmente procuro a imagem a pensar no poema, mas desta vez, vi a imagem e depois pensei no poema!
Um grande beijinho, amiga Fê.
Olá, Janita!
ResponderEliminarDele, conheço muito pouco - daquilo que ele produziu.Mas este texto parece ter sabor amargo a exílio, a estar só no meio da multidão...
Beijinhos amigos e boa semana.
Vitor
Olá, amigo Vitor!
EliminarQuando nada coexiste, nenhum gesto é correspondido e quando se procura infrutiferamente, de tal forma que até o que se encontra já deixou de ser o que se esperava, então, é mesmo como dizes: Estar só no meio da multidão!
Será porque no meio de tanta gente, não se encontra aquela que se procura? :)
Beijinhos amigos, Vitor! Tem uma excelente semana.
Janita