Ouve, meu anjo
Pintura de Hélio Lima |
Se eu beijasse a tua pele?
Se eu beijasse a tua boca
Onde a saliva é mel?
Tentou, severo, afastar-se
Num sorriso desdenhoso;
Mas aí,
A carne do assassino
É como a do virtuoso.
Numa atitude elegante,
Misterioso, gentil,
Deu-me o seu corpo doirado
Que eu beijei quase febril.
Na vidraça da janela,
A chuva, leve, tinia...
Ele apertou-me cerrando
Os olhos para sonhar…
E eu, lentamente morria
Como um perfume no ar!
António Botto
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Recomendo Poesia erótica de Bocage, um must !!!
ResponderEliminarBonito o poema de Botto !
Toda ou quase toda a poesia de António Maria du Bocaje, pelo menos a que eu conheço, mete muitos palavrões e disso eu não gosto!
EliminarMas ando a pensar fazer uma escolha entre os 'pulicáveis' e, de quando em vez, meter-me por esses atalhos! :))
Tu, agora, tens mo teu blogue um do Eugénio de Andrade que gosto muito, mesmo muito. Com um cheirinho a erotismo, como eu acho que deve ser tudo na vida. As coisas escancaradas perdem o mistério e a magia!
O Botto escreveu de tudo um pouco, foi um homem sensível e com o seu quê de amor dúbio, percebes?
:)
António Botto ao poder
ResponderEliminarPerdoe o desaforo
Não há desaforo algum, Puma, logo, nada a perdoar!
EliminarNão sei se seria o ideal termos no poder um homem tão sensível como Botto, mas seguramente, a nossa vida seria um doce 'rimanço'!
:)
Erotismo soft! : )
ResponderEliminarComo eu, Catarina, como eu!!
EliminarSe calhar sou do tipo "Killing me Softly" .
:))
Mesmo se o amor é dúbio
ResponderEliminaro verso é puro
Nem mais, Rogério!
EliminarNão interessa a quem o poema é dirigido
e sim a pureza e a força do sentimento
nele contido!
Com poucas palavras, o meu amigo diz sempre muito! :)
Beijinhos.
ResponderEliminarEstive a ler o artigo da Wikipédia sobre António Botto e acredita que consegui entender melhor este poema e confirmar o que eu já suspeitava.
Não são apenas laivos de erotismo... o poema é erótico do princípio ao fim. Mas sim, tens razão, muito belo também já que escancara, e ao mesmo tempo esconde, os desejos da carne.
Beijinhos softs e repenicados
(^^)
É essa subtileza de mostrar escondendo que eu aprecio na poesia dita erótica!
EliminarSó os néscios ou tarados, precisam que se lhes diga tudo com os pontos nos ii's, no que respeita a estes meandros do amor que, como é da natureza do homem, sempre conduz ao sexo. Acho que quando se dissocia uma coisa da outra, amor e sexo, entra o tal 'pecado' da luxúria.!
Mas isto sou eu a falar que não percebo do assunto, a fundo! :)
Beijinhos com a suavidade e a força de quem te estima..
Também sinto um erotismo acentuado mas simultaneamente, subtil (?) e um destinatário duvidoso ! (?) ... Fica a dúvida, se masculino ou feminino ! (?)
ResponderEliminar... mas amor, é amor, independentemente dos sexos dos "pares amorosos"
Beijinhos, sem quaisquer dúvidas! :))
.
Se dúvidas houvesse acerca da personalidade de António Botto, ao ler o que Pessoa dele escreveu e a amiga Fê trouxe até nós, ficariam dissipadas, Rui!
EliminarIsso vem de encontro ao que eu já imaginava e tu também referes.
Há que ler nas entrelinhas aquilo que Botto escreve e eu já fazia isso, ou tentava!...
Sem dúvidas, vão beijos e abraçaços meus, com muita amizade. :))
Amiga Janita:
ResponderEliminarRetirei o que Fernando Pessoa escreveu no prefácio do seu livro Motivos de Beleza, publicado em 1923, que muito melhor do que eu diz tudo sobre a poesia de António Botto
" Distingue-se pela simplicidade perversa e pela preocupação estética destituída de preocupações. Foge da complicação com o mesmo ardor com que se esconde da intenção directa. É em verdade singular que se seja simples para dizer exactamente outra coisa, e se vá buscar as palavras mais naturais para por meio delas ter entendimentos secretos.
Certo é que o que António Botto escreve, em verso ou em prosa, há que ser lido sempre com a intenção posta em o que não está lá escrito."
beijinho e bom fim de semana se possível com algum EROTISMO, AMOR E BELEZA ! :)
Fê
Amiga Fê.
EliminarAgradeço imenso este excerto do Prefácio escrito por Fernando Pessoa onde revela muito da maneira de ser e escrever de António Botto.
Não posso dizer que, para mim, tenha sido uma total revelação, mas esclareceu muita coisa.
Pelo que se entende devemos estar bem atentos quando lemos a sua poesia, já que na prosa- e contra o que Pessoa escreveu - já tenho lido contos de uma simplicidade bem real, onde não há espaço para a perversidade. Enquanto poeta, já será diferente.
Obrigada pelos teus bons desejos, amiga, mas um fim de semana com esses três requisitos, não está no meu horizonte...:( :)
Beijinhos.
Olá, Janita!
ResponderEliminarAmores então proibidos, que deixaram de o ser...
Beijinhos amigos e bom fim de semana - mesmo que sem sol....
Vitor
Olá, amigo Vitor!
EliminarAssim parece! Havia um desejo ardente, uma paixão fremente e o medo da recusa. Feita a sugestão e após o aparente desdém, ambos se encontraram e com a chuva a tinir na vidraça - vê só que romântico - o que parecia impossível, aconteceu!!.
Para os poetas tudo tem solução. Bonito isso...
Beijinhos e um muito bom fim de semana.
À muito que não lia nada de Botto! Muito bonito este poema!
ResponderEliminarBeijinho Janita, tem um bom fim de semana.
Olá, amiga Adélia.
EliminarEspero que já tenhas recuperado. Fico contente que tenhas gostado do poema.:)
Vou fazer meus os desejos da Fê e oxalá tenhas um bom fim de semana onde não falte muito Amor, Erotismo e Beleza!
Isto é que é plagiar....:))
Beijinhos e tudo de bom, Adélia!
Botto, o poeta maldito...mas também (para mim) um dos maiores poetas da língua portuguesa.
ResponderEliminarO seu livro "Canções" é indispensável para quem gosta de poesia.
E Botto foi ainda grande porque ousou em tempos "difíceis" mostrar sem medo a sua forma de viver a sexualidade.
Poeta "maldito", apenas porque teve o arrojo de exprimir nos seus poemas, sobretudo no livro "Canções", todo o seu sentir homoerótico, à época considerado um ultraje!
EliminarNeste país de mentalidades tacanhas, acabou por ser ostracizado, acabando por ir para o Brasil, onde faleceu.
É como dizes, João, António Botto pode e deve ser considerado um dos maiores poetas e escritores da Língua lusa.
Como acontece com quase todos os GRANDES, só depois de mortos se lhes reconhece o valor...
Beijinho e obrigada!
O que te diz a Natalia Correia e o David Mourão Ferreira?
ResponderEliminar;)
Abracogrande
Olá, Argos!
EliminarUi...dizem-me tanta coisa!! :-))
O David Mourão-Ferreira, por exemplo, diz-me isto: ( entre muitas outras coisas, claro! )
http://francis-janita.blogspot.pt/2012/11/viagens-inacabadas.html
No poema pode não dizer muita coisa, mas lê os comentários, incluindo um do João Roque, que é um dos muitos que muito dizem do que ele me diz!!!:-))
Quanto à Natália Correia, essa não tinha papas na língua e dizia muito a muita gente!
Aqui, não gostaste do poema, mas vou deixar à mesma, só para recordarmos, aqueles dias que para uns são de azar e para outros de comemorar...
http://francis-janita.blogspot.pt/2014/04/estranhos-dias-treze.html
Mas para que a bota dê com a perdigota, ou seja, com o título do post, lê o poema " Cosmocópula"...
Pergunta marota a tua, Argos!! :-)
Beijinho e abraços!