O PAPÃO
As crianças têm medo à noite, às horas mortas
Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas
Para as levar no bolso ou no capuz dum frade.
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens medo ao bárbaro papão
Que ruge pela boca enorme do trovão
Que abençoa os punhais sangrentos dos tiranos.
Um papão que não faz a barba há seis mil anos
E que mora, segundo os bonzos têm escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito.
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( Estudo de Camilo Castelo Branco)
Desde que o nervoso poeta iconoclasta Guerra Junqueiro atirou às ventanias tempestuosas da opinião pública vinte e oito sátiras com o rótulo de Velhice do Padre Eterno, as tais ventanias, irrompendo dos odres, começaram a rugir que o poeta é... ateu! Que o dissesse a cleresia, não havia que estranhar à sua boa fé nem à sua inteligência; mas que o digam, com gestos escandalizados, uns leigos - leigos em duplicado - críticos inéditos, mas mexeriqueiros esclarecidos de leituras teutónicas, isso é que me impele a defender, sem procuração, o poeta da calúnia de ateísta.
(...)
São Miguel de Ceide, 1886
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Claro (!) que li a obra. E concordo com o Camilo.
ResponderEliminarBj.
Já imaginava que tivesse lido e supus que concordaria com o escritor, José! :)
EliminarBeijinhos
1- não me leves a mal mas gosto mais da paisagem que "ali a cima" mostras do estuário do Tejo em(quase) toda a sua imensidão, do que a imagem que anteriormente ocupou aquele mesmo lugar.
ResponderEliminar2- foram (e são ainda) os medos que governaram as sociedades, impelindo as pessoas a recearem o desconhecido que outros mais ladinos afirmavam conhecer, e que por "conhecerem" eram aceites como Senhores que tudo podiam (podem ainda?).
É em nome desse "conhecer" que continuam exercendo o seu "poder" sobre os que nada têm e que nada podem.
Mas já estou a divagar.
É sobre o medo o meu comentário, né? Tenho medo sim; sou um cagarola e por isso já tive (também) medo do escuro, e dos trovões, e dos foguetes e morteiros nas festas e romarias, e doutras coisas mais que agora não quero referir.
Só não tenho medo do que não acredito que exista: Deus, por exemplo!
Beijokas e sorrisos, reais!
Claro que não levo a mal, Kok! Como poderia? :)
EliminarMas, na minha opinião, acho que ambas as fotos ficaram muito bem, cada uma reflectindo as belezas de cidades diferentes.
Os comentários não ficam restritos a um só tema, Kok. Cada um fala do que lhe aprouver, dentro do que for publicada, e eu gosto de ler as tuas divagações...
Beijokas realmente amigas!! :)
Também tive medo do escuro e das trovoadas ainda tenho, aliás a natureza quando se "zanga" assusta-me e muito...
ResponderEliminarAcho que todos temos dentro de nós um Papão particular :)))
Bjs
Eu do escuro não tenho medo, Papoila.
EliminarSe ouvir um ruído estranho, a meio da noite, sou capaz de ir ao sótão, às escuras, ver o que se passa. :))
Já da fúria dos elementos da natureza, sinto receio, sim!
Mas tenho outro tipo de medos, lá isso tenho.
Beijinhos.
Muito bonita a nova imagem do Layout.
ResponderEliminarTambém carrego comigo alguns papões. A natureza é muito bela, mas quando se enfurece, mete-me muito medo, quer sejam as trovoadas, os ciclones ou os terramotos. Mas o homem com toda a sua crueldade atemoriza-me igualmente.
O livro? Não li.
Um abraço e uma boa semana
Quem não carrega os seus próprios papões, Elvira?
EliminarPara além de todos os outros que são de todos, claro!
A imagem foi captada do miradouro do Cristo Rei...:)
Um abraço, Elvira. Boa semana!
Todos temos medos, os que assumimos, os que dizemos em voz alta são exorcizados, os que guardamos dentro de nós...
ResponderEliminarAbraço grande
De todos os medos, os mais terríveis são aqueles que guardamos, fechados a sete chaves, dentro de nós, Ricardo.
EliminarTalvez fosse bom que os verbalizássemos, para os exorcizar!
Beijinho e abraço grande. :)
Não comento Camilo
ResponderEliminarpois é mais forte o que diz o poeta
do que do poeta se diz
"Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens medo ao bárbaro papão"
Opinião aceite, meu amigo!
EliminarAssim sendo nem vou comentar o que o poeta Rogério opinou! :)
Beijinhos.
Desde que não nos deixemos vencer pelos medos...
ResponderEliminarBeijocas, boa semana
Se há um tipo de medo saudável, como aquele que dizem guardar a vinha, há outros que são verdadeiros castradores da liberdade individual, não acha Pedro?
EliminarBeijinhos, boa semana.