La Lluvia
( Soneto de Jorge Luis Borges )
Bruscamente la tarde se ha aclarado
Porque ya cae la lluvia minuciosa.
Cae o cayó. La lluvia es una cosa
Que sin duda sucede en el pasado.
Quien la oye caer ha recobrado
El tiempo en que la suerte venturosa
Le reveló una flor llamada rosa
Y el curioso color del colorado.
Esta lluvia que ciega los cristales
Alegrará en perdidos arrabales
Las negras uvas de una parra en cierto
Patio que
ya no existe. La mojada
Tarde me trae la voz, la voz deseada,
De mi padre que vuelve y no ha muerto.
A CHUVA
Bruscamente
a tarde clareou
Porque
já cai a chuva minuciosa.
Cai
ou caiu. A chuva é uma coisa
Que sem
dúvida sucede no que passou.
Quem a
ouve cair sente recuperada
A vida em que a sorte venturosa
Lhe revelou
uma flor chamada rosa
E a
deliciosa cor avermelhada.
Esta
chuva que cega os cristais
Alegrará
algures nos arrabaldes
As
negras uvas de uma videira; direi eu.
Pátio
que já não existe. A tarde
Molhada;
traz-me a voz, a voz desejada,
De
meu pai que está voltando e não morreu.
Nota: A tradução, para português, deste poema de Borges, foi uma ousadia da minha parte, pela qual assumo total responsabilidade relativamente aos desajustes que possam ser notados. Os meus escassos conhecimentos de castelhano, a mais, e melhor, não me permitiram...
Querida Janita, TÃO BELO!!!
ResponderEliminarEnquanto lia, ouvia a voz melodiosa da declamadora e fiquei ...rendida e emocionada.
Um beijinho grato por esta maravilha.
Por aqui choveu a cântaros e bem perto houve inundações.
Amiga Fê, é muito BELO, sim!
EliminarSó o vídeo já seria suficiente para sustentar a ideia que me moveu ao fazer este post.
Eu, explico: Acho de uma tremenda incoerência que alguém se diga admirador incondicional da obra de Borges, o cite constantemente, e se lembre de lançar ao vento a afirmação, de que a Poesia possa ser considerada como 'um falhanço', o registo de uma derrota; por denotar a incapacidade de nos expressarmos, na realidade, aquilo que sentimos.
Então, e Borges?... Hábil escritor/poeta/ ensaísta?... Não saberia ele transmitir o que sentia, sem ser através da poesia?
Como ia lançada na infrutífera tentativa da contradição, e não tendo outro meio de me manifestar, fiz deste meu espaço uma espécie de pombo-correio. Embora saiba, de antemão, que o pombo se perderá pelo caminho. Mas, ao menos dei largas ao pensamento! Um blog é para isso que serve, não achas? :))
Grata pela tua imensa sensibilidade e...pela paciência que tens comigo!
Vês? Ontem choveu a cântaros e hoje está um sol glorioso. Pena, os estragos causados pelas inundações.
Acho que, por vezes, até Deus escreve torto e enviesado. Irreversivelmente...
Um beijinho, querida Fê! :)
Estou plenamente de acordo contigo minha querida amiga, a poesia é exactamente o contrário do que "esse alguém" escreveu.
EliminarUm blogue é para escrevermos o que sentimos, tal como a poesia :)
beijinho
Que bela a foto do cabeçalho !!!!
EliminarAmiga Fê,
Eliminarhá dias em que até os poetas e «escrevinhadores» se contradizem.
Não houve nenhuma intenção crítica negativa da minha parte, apenas contestar uma opinião. Ao fim e ao cabo, todos temos o direito de a ter e manifestar.
É linda a foto, não é? Um verdadeiro jardim do paraíso.
Bem que eu gostaria de visitar esta Terra del Fuego.
Beijinhos
Ouse
ResponderEliminarpois é, também, de ousadia
que se propaga
e se nos amarra
a verdadeira poesia
(embora ache que a não há falsa)
Isso da ousadia em matéria poética, só dá para os verdadeiramente audazes, amigo Rogério.
EliminarAinda que Pessoa tenha dito que o Poeta é um fingidor, eu acredito no sentimento dos poetas. :)
Um abraço,
Muito bem escolhido, Janita. E muito bem passado para português.
ResponderEliminarMuy bien, preciosa!!
Isso ( da tradução ) já foi uma gracinha/pirraça minha, amiga Graça. Uma pretensão pirosa...:)
EliminarGracias, niña de mi corazón!
Muito bonito. Ouvido tem mais impacto. Emociona mais.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Concordo, Elvira. A poesia declamada, por quem sabe, dá outra dimensão ao poema.
EliminarUm abraço, bom Domingo.
Mudou o Layout? É muito bonito.
EliminarAbraço
Lá linda é ela, Elvira. Pena não ser minha.
EliminarAbraço
Precioso!!!
ResponderEliminarBeijinhos
Ainda bem que gostaste, Papoila! :)
EliminarBeijinhos, 'preciosos'. :)
Sempre que a poesia quiser
ResponderEliminarBj
...Basta fazer-nos um sinal, não é?
EliminarBeijinhos.
Não conhecia, gostei de ouvir, mas mais de ler ao mesmo tempo, só assim pude entender.
ResponderEliminarBoa semana Janita.
Beijinho e desculpa pelas minhas ausências.
A audição atenta das palavras da declamadora têm um certo sortilégio, que não se consegue apenas com a leitura do poema.
EliminarComecei a apreciar Borges quando, em tempos, o nosso amigo CBO, fazia referência ao escritor argentino, natural do país que ele adora.
Agora, recomecei por outros exemplos e gosto cada vez mais.
Não te preocupes, amiga Adélia, o que eu gosto é de saber que estás bem.
Beijinhos e boa semana
Olá Janita,
ResponderEliminarGostei muito do poema.
Foi uma viagem pelo passado do poeta, recordações e emoções que o levaram ao pai.Uma homenagem sentida. E para mim?
Ao ler o poema senti de forma diferente, senti o meu, transfigurado, entendes o que quero dizer?
Porque muita gente consegue rimar, poucos conseguem fazer poesia a sério, porque poesia não é só versos.
Poetas são aqueles que moldam as emoções com os sentimentos libertando-os do seu interior. Partilha e exorcizacão.
Abraço grande e desculpa a divagação
Também gostei da foto do teu blog, pela terra de extremos que a Patagónia é, pelo que cada um de nós é. Pelos opostos dentro do mesmo...
Querido Amigo Ricardo.
EliminarGosto tanto quando soltas as amarras do pensamento e deixas vir à tona o sentimento que te fervilha na alma. Concordo inteiramente contigo e com tudo o que dizes sobre o conceito de poesia.
Versejar, até para mim é fácil, por isso não gosto de me aventurar pelo caminho da poesia. Sei que, para isso, é preciso muito mais do que rima. Mas, gosto de colocar em palavras mais emotivas quando me sinto motivada para soltar as rédeas do pensamento. Já me disseste tantas vezes que gostas de ler o que escrevo, mas preciso acreditar mais em mim. :)
"Poetas são aqueles que moldam as emoções com os sentimentos libertando-os do seu interior. Partilha e exorcizacão."
Nenhum Poeta o diria melhor do que tu, amigo sonhador inveterado... Escrevendo, também se exorcizam os nossos fantasmas. E, quem os não tem?
Adoro quando 'divagas' e escreves com alma. Obrigada, por isso.
Também fiquei feliz por teres gostado da foto do cabeçalho do blog. Quando a vi fiquei encantada, mas não é minha. Se alguém reclamar a sua autoria, eu dou, mas não a retiro!! :)
Um abraço enorme, pela tua apreciação deste post.
( a tradução não era precisa, mas foi um capricho meu. )
Gosto muito do universo de Borges.
ResponderEliminarA tradução ficou óptima.
Beijinhos, boa semana
É um universo com alguma complexidade, Pedro, porém, fascinante.
EliminarBeijinhos, boa semana
Passei só para dizer "presente" e enviar um beijinho â Janita.
ResponderEliminar(Onde foi descobrir a nova bonita foto?)
Grata, José, muito.
EliminarUm beijinho também para si, com saudades, claro.
( encontrei-a por aí, nas minhas voltas...:) )
PS- Espero que vá aparecendo sem ser preciso ir lá buscá-lo.
Um poema lindo e muito bem traduzido.
ResponderEliminarEstás de parabéns!
Beijinhos Janita
De vez em quando irei trazer Borges cá para o meu canto!! :)
Eliminar:)) A tradução teve que levar uns acrescentos para o soneto rimar.
Beijinhos, Manu.
Gosto muito de Jorge Luis Borges, gosto muito de Chuva, gosto muito da sua tradução Francisca.
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana.
Muito grata pela bondade das suas palavras, Ricardo.
EliminarE eu, gosto muito do meu Amigo pela sua sinceridade e atitudes frontais e directas.
Obviamente que me estou a referir a outras atitudes, em outras situações. Obrigada.
Beijinhos e boa semana.
Bonito poema trouxe a Janita.
ResponderEliminarVamos lá conjugar a chuva
na certeza de que
sucedeu no passado,
sucede no presente,
e sucederá no futuro.
Escusados serão outros tempos. Deixemo-los para a mentereologia.
Abraço.
E o que seria da vida sem essa bênção que nos cai do céu, não é Agostinho?
EliminarPena que quando é demais arruína tudo à sua passagem.
Um abraço, sem secos nem molhados. :)