As Palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Este é o poema mais simples e mais belo de
Eugénio de Andrade.
É também, aquele de que mais gosto.
Esta deve ser a terceira vez que o publico.
Quando gosto a valer de qualquer coisa, chego a ser enjoativa.
Mas tenho a noção dos meus limites!
Não creio que haja alguém que ainda não tenha visto e ouvido este maravilhoso duo cantar esta belíssima canção, que adoro:
Perdóname.
Gosto tanto, que aqui deixo o vídeo, mas desta feita, sem qualquer noção de limites.
Perdóname.
Gosto tanto, que aqui deixo o vídeo, mas desta feita, sem qualquer noção de limites.
Deixo um beijinho para todos(as) quiçá como uma espécie de desculpa e forma de compensação pela falta de originalidade do post!
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Ninguém enjoa
ResponderEliminarNem se enjoa
Amando sempre
Com o mesmo amor
Que a gente sente
Pois o amor
Nunca se repete
(e isto aplica-se a tudo de que a gente gosta)
El amor es ilusion es una pasión que nunca del corazón desaparecerá.
ResponderEliminarSaludos
Já vi o video algunas vezes, mas é sempre bom rever e ouvir!
ResponderEliminarOque é lindo não enjoa janita, essa da "falta de originalidade do post!", não entendi,porque eu gostei e muito.
beijinho e uma flor
Tal como a Adélia, eu gostei muito.
ResponderEliminarDo poema e do dueto.
Bjs
Olá Janita! Gostaria de digerir bem o poema, mas estou a prepara.me para sair para mais uma intervenção aos olhos (catarata) no HSJ.
ResponderEliminarNão sei se hoje ainda poderei comentar (à noite ? ).
O dueto do Perdóname, a coisa mais bonita que tenho ouvido nos últimos anos. Farto-me (sem me fartar) de os ouvir constantemente !
beijinho ! :))
.
Olá, Janita!
ResponderEliminarTempo interessante, este:Sobre palavras e o uso que lhes damos; e como o seu sentido pode mudar em função da forma como as pronunciamos.E então as complicações que por vezes se arranjam, quando as usamos de forma descuidada...? Dessas, então é bem melhor que delas não falemos...
Já o Eugénio de Andrade nunca as empregava de forma errada; sempre sabia lindamente o que com elas queria dizer.
Quanto à música, ela é tão agradável como o simpático parzinho que a canta - e que nunca nos consegue cansar.
Beijinhos amigos; bom resto de semana.
Vitor
Já publiquei este poema também Janita.
ResponderEliminarGosto muito dele (vês, não sou sempre contra). As palavras servem-nos sempre +ara nos baloiçar-nos sobre elas. Como dizia uma amiga, por vezes adormecemos com elas.
Por vezes orvalho apenas. Por vezes punhais afiados....
beijinhos
Esse poema faz-me lembrar o Ying e o Yang: O contraditório se une!
ResponderEliminarOs poetas são uns “jongleurs”, uns malabaristas das palavras, uns fingidores, (como dizia o outro) ! O poeta é um “jogador de palavras” e sabe usá-las como ninguém !
ResponderEliminarA palavra, especialmente em poesia, é uma “arma” (mais que na prosa, por mais “disfarçada”), ao mesmo tempo puramente inocente (leva-as o vento) ou por outro lado extramente “perigosa”, por ser ou poder estar “mascarada”, sem que à primeira vista lhe reconheçamos de imediato o sentido !
A mesma palavra pode revestir-se de imensos significados ! Daí a dificuldade da interpretação da poesia, em muitos casos.
Diz Eugénio de Andrade:
Um cristal, (com várias faces e beleza), um punhal , (de uso perigoso), um incêndio (que tudo pode destruir), ou simplesmente um inocente orvalho, (suavizante e calmo) !
A questão de fundo, é que cada um lhes poderá dar a interpretação, que mais lhe aprouver e assim, cada um atribuir-lhes diversos significados ! …
Beijinho, Jani ! :))
.
Amigo Rui.
EliminarComo já disse, gosto muito da poesia de Eugénio de Andrade. A primeira vez que escrevi sobre os seus poemas foi logo do ínício de ter criado este blog.
Vai fazer 4 anos este mês, imagina!
Durante este tempo fiz vários interregnos, sendo o mais longo de sete meses!
Digo-te isto, porque a tua "leitura" do poema "As Palavras" é exactamente a mesma que eu fiz naquela altura e continuo a fazer.
Quando puderes gostaria muito que lesses isto:
http://francis-janita.blogspot.pt/2009/02/poesia-portuguesa-eugenio-de-andrade.html
Beijinhos, Rui!
Obrigada! :)
Vim a correr de Coisas da Fonte para reler este poema de que tanto gosto!
ResponderEliminarAnalisei-o vezes sem conta com os meus alunos! :-))
Rosa dos Ventos.
EliminarEu adoro poesia e gosto de a interpretar à minha maneira! Sobretudo, escrever os poemas que conheço, dos poetas que gosto, consoante o meu estado de espírito.:-)
Beijinho.
Mesmo aqui longe, um obrigado por lembrares um dos meus poeteas preferidos e me fazeres ouvir está canção tão bela.
ResponderEliminarBeijinho.
João Roque.
EliminarEu é que te agradeço, meu Amigo!
De Belgrado, aqui, ainda é um "esticão", mesmo assim e vivendo momentos tão felizes, ainda te lembraste de mim.
Obrigada, João!
Imagino, que mesmo sem teres partido, já comeces a sentir saudades...Quem sabe se um dia a união não será definitiva? Tomara!
Beijinho.