terça-feira, 1 de abril de 2014

Por Delicadeza...


SOPHIA DE MELLO BREYNER


 
Por Delicadeza    

Bailarina fui
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei

Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado

Dançarina fui
Mas nunca bailei
Deixei-me ficar
Na prisão do rei

Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado

Bailarina fui
Mas nunca bailei
Minha vida toda
Como cega errei

Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse
Também eu direi

«Juventude ociosa
Por tudo iludida
Por delicadeza
Perdi minha vida»

Sophia de Mello Breyner Andersen
 
  
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27 comentários:

  1. Janita excelente escolha!
    Mesmo à mina frente, num móvel tenho este e outros livros de Sophia.

    Beijinho e uma flor

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    1. Imagino que gostes da poesia de Sophia, Adélia! Tal como tu, também ela adorava o Mar!:)

      Obrigada, Flor de Jasmim!:)

      Beijinhos.

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  2. Desculpa queria escrever "minha frente"
    esta coisa de escrever com a mão esquerda não está a ser nada fácil.

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    1. Amiga, se tivesses o meu teclado, onde a maior parte das teclas tem as letras quase sumidas...:))
      Eu já nem ligo às gaffes! Para bom entendedor...
      Tiveste algum acidente na mão direita? Não sabia!

      Se sim, desejo-te as melhoras. Beijinho.

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  3. Quem é que propôs a trasladação dos restos mortais dela para o Panteão?
    O filho???
    Beijinhos

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    1. Pedro, lamento mas não sei responder-lhe à questão que coloca!
      Refere-se ao MST? Não me parece pessoa que se preocupe com esses detalhes....Mas vá-se lá saber??
      Beijinhos.

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    2. Acho que foi mesmo ele, Janita.
      Foram os rumores que aqui chegaram via amigos dele próprio.
      Beijinhos

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    3. Não há dúvida que vê caras não vê pretensões, Pedro!

      Por este andar, o Panteão Nacional não vai chegar para tantas ilustres figuras. Mas quem para lá vai não pede nada...

      Beijinhos!

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  4. Excelente reflexão (da Sophia) que me faz meditar.
    Essa sua citação de Rimbaud:
    “Juventude ociosa
    Por tudo iludida
    Por delicadeza
    Perdi minha vida”
    Deixou-me a pensar em quanto serão (ou não …?) diferentes as expectativas da juventude de então, das da atual.
    Creio que hoje não será menos ociosa (embora de outro tipo), mas seguramente menos iludida (ou talvez não …?) ….
    Ontem como hoje, uma perspetiva de “vida perdida” (?) … Deixou-me a pensar ! …

    Beijinho, Jani ! :)
    .

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    1. Que alegria ver-te aqui, querido Amigo! Bom sinal...:)

      Acho que a juventude, seja de que época for, tem sempre ilusões. As suas aspirações e ambições é que podem ir sofrendo alterações. Quanto à ociosidade, que dizem ser mãe de todos os vícios, acho que era maior entre a burguesia d'outros tempos. Agora, quem não trabuca ou rouba ou não manduca!:))

      Beijinhos, meu querido Rui...a esta hora não há tempo para me alargar muito. Logo, voltarei!:)
      Um grande abraço:)

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  5. ~ ~ ~ Sophia, parafraseando, cantando e dançando Rimbault... ~ ~ ~

    ~ Uma poesia que se referia a uma juventude feminina passada no gineceu, bordando, tocando piano e aprendendo francês...
    ~ Uma vida completamente comtrolada por preconceitos.

    ~ O "Nome das Coisas" foi publicado em 1977, tinha a poetisa 56 anos...

    ~ ~ Sempre agradável, recordar o percurso poético desta grande escritora.

    ~ ~ ~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~ ~ ~

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    1. Sophia de Mello Breyner, num belo poema citando uma estrofe de Rimbaud. Poesia dentro de poesia!:)

      Um beijinho e obrigada, Majo!

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    1. Para quem gosta de poesia, Mar Arável!

      Mas nem toda a gente gosta. Temos que respeitar os gostos de toda a gente e toda a gente deve respeitar os nossos.

      Obrigada, Mar!

      Um beijo.

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  7. Janita minha Boa Amiga,
    Tenho andado arredado destas lides mas hoje tive a possibilidade de a visitar e deparei com este poema de Sophia de Mello Breyner Anderson. Em boa hora o fiz pois foi com muito apreço que o li! Não o conhecia e aprendi algo com a visita.
    Beijinhos muito amigos.

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    1. Meu querido Amigo Luís.

      A sua presença neste meu humilde ( mas rebelde ) cantinho, sempre me proporciona uma sensação de grande confiança e serenidade. Sempre foi assim!
      Se o não visito mais vezes, não é porque o tenha esquecido, meu Amigo.

      Do coração lhe agradeço as suas benevolentes e amigas palavras. Chegaram na hora certa e no momento exacto!
      Obrigada, Luís!

      Beijinhos com amizade, bem do fundo do coração.

      (Desejo que esteja tudo bem com o Luís e sua família)

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  8. A excelência da Poesia espraia-se nas areias dum Mar de Dança.
    Afirmo-me nos versos que comungo:
    "[...] Perdi-me tão perto
    Do jardim buscado [...]".




    Beijos



    SOL

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    1. Por vezes, ficamos tão perto daquilo que desejamos, mas não chegamos a alcançar, SOL. :(.

      Beijinhos.

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  9. Olá Minha Querida :)

    Gosto, como bem sabes, de poesia... mas independentemente disso a Sophia é especial para mim. Estava eu no primeiro ano da escola primária, quando (no Natal de 73) me ofereceram os meus primeiros livros. O meu irmão quando mos deu disse-me que como eu já sabia ler, era hora de ter os meus próprios livros!
    Nunca mais esqueci o nome dela... e só muito anos depois pude apreciar alguma da sua obra poética e que nada tinha que ver com aqueles singelos livros para crianças.

    Obrigada pela partilha... também eu me senti dançarina, tal como ela!
    Beijos mil... ♥
    (^^)

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    1. Olá, querida Afrodite!:)

      Sejas bem aparecida! Teres-te iniciado na leitura com livros de Sophia foi um enorme privilégio! A maioria dos 'miúdos' da tua idade começou com as aventuras dos "Cinco" ou BD do tio Patinhas:))

      Não tens nada para agradecer, o que é isso? Eu é que te agradecia que voltasses para a nossa companhia, sabes? Isto, por aqui, está preso por um fio...:(
      Beijinhos e mil abraços, Afro.

      :)

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  10. Ao passar pela net encontrei seu blog, estive a ver e ler alguma postagens é um bom blog, daqueles que gostamos de visitar, e ficar mais um pouco.
    Eu também tenho um blog, Peregrino E servo, se desejar fazer uma visita.
    Ficarei radiante se desejar fazer parte dos meus amigos virtuais, saiba que sempre retribuo seguido também o seu blog. Deixo os meus cumprimentos e saudações.
    Sou António Batalha.

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    1. António Jesus Batalha.

      Grata pela visita e simpáticas palavras, terei todo o prazer em fazer parte dos seus seguidores. Visitá-lo-ei, certamente!

      Saudações cordiais.

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  11. Olá, Janita!

    Como da vida dela pouco conheço, ainda que conheça, ao de leve,alguns dos seus poemas, ainda assim não imaginava que nela existisse espaço para esta confissão íntima, esta necessidade de desabafar com "estranhos", revelando uma vida feita de aparente frustração e desencanto.
    Podendo isto ser dito por outros duma maneira bem mais simples e directa, ela escolheu fazê-lo sob a forma de lindo poema, assim suavizando a mensagem nele contida - como só os poetas sabem.

    Bonita escolha!

    Beijinhos amigos
    Vitor

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    1. Olá, Vitor!

      Este é um poema desencantado, de quem nunca conseguiu ser o que sonhou. Não sei se a Poetisa o escreveu referindo-se à sua vida.

      Na verdade, sempre pensei, pelo que dela li, ter sido uma mulher livre de escolher o seu caminho pessoal e vocacional. Sinceramente, não sei.
      O que sei é que gostei muito da tua apreciação!

      Beijinhos, amigos.
      Obrigada, Vitor!

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  12. Embora lindo este poema é tão triste minha amiga. Talvez porque me vi ao espelho ...


    beijinho comovido

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    1. Amiga Fê, a mim parece-me o lamento de alguém que foi o que nunca desejou ser. De uma melancolia extrema. Se ela, a poetisa, se retrata ou não é uma incógnita. Depois, com os poetas nunca se sabe, se eles escrevem sobre si próprios ou não.

      Emocionada fiquei eu por te reveres no poema, Amiga.

      Beijinhos gratos, Fê!

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  13. Nunca me canso de ler a Sophia...

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