Este pucarinho de barro, com bochechas encarnadas e faces afogueadas, é meu! |
Levava eu um Jarrinho
Levava eu um jarrinho
Pra ir buscar vinho
E levava um tostão
Pra comprar pão;
E levava uma fita
Para ir bonita.
Correu atrás
De mim um rapaz:
Foi o jarro pró chão,
Perdi o tostão,
Rasgou-se-me a fita...
Vejam que desdita!
Se eu não levasse um jarrinho,
Nem fosse buscar vinho,
Nem trouxesse uma fita
Para ir bonita,
Nem corresse atrás
De mim um rapaz
Para ver o que eu fazia,
Nada disto acontecia.
[Fernando Pessoa]
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Primeiro - O "header" .... lindo!!
ResponderEliminarSegundo - Fernando Pessoa estava muito bem disposto no início do poema... mas, no final, já se sente um sentimento negativo.
: )
Sim, a imagem de cabeçalho é lindíssima! : )
EliminarEste poeminha, e outros que estão na forja, é daqueles que achamos impensável Pessoa ter escrito. Tanto mais que se coloca na pele de uma mocinha.
Bom Domingo, Catarina. : )
Gostei do teu jarrinho e dos poeminhas de Pessoa!
ResponderEliminarLindo domingo! beijos, chica
Este jarrinho de barro fez parte do meu "Abecedário Fotográfico".
EliminarAinda te lembras disso, querida Chica? : )
Beijos e um bom Domingo.
O teu jarro é lindo e gostei do poema do Fernando Pessoa por ser muito leve e nada negativo.
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
É um pucarinho de barro muito simples, que no Alentejo chamamos de 'enfusas'. Agora louça de barro linda, linda e enfeitada com pedrinhas são as de Nisa no Alto Alentejo.
EliminarBeijinhos e bom Domingo Fatyly.
Gostei muito deste jarrinho, será que o trouxeste do Alentejo?
ResponderEliminarO poema de Pessoa é lindo e leve.
Beijinhos Janita
Olha, Manu, do Alentejo creio bem que o não trouxe, talvez o tenha comprado no Senhor de Matosinhos, onde há de tudo como na farmácia. Sinceramente, já o tenho há tantos anos que não me lembro da sua procedência. : )
EliminarBeijinhos, querida Manu!
E eu ia lendo todo entusiasmado, esperando ver no fim o nome da autora Alentejanita e afinal saiu-me o poeta de muitos nomes que nunca sei se devo chamar-lhe Fernando, Álvaro ou Ricardo. Mas tenho a certeza que ele escreveu estes versos a pensar nalguma catraia que ele conheceu lá pelo Alentejo, tem que ser!
ResponderEliminarEheheheheh...agora fez-me rir com gosto, Tintinaine!
EliminarAté me deu uma boa ideia. Quando eu publicar algum texto meu a puxar prá poesia, irei assinar: "Alentejanita". Cada um depois que fique a magicar quem será autora ...e só nos os dois é que sabemos! : ))
Bom Domingo!
Grande Pessoa!
ResponderEliminarBeijinho, Janita.
Grande Poeta foi Pessoa, dono de uma versatilidade incrível.
EliminarPara este tipo de poemas poderia ele ter concebido um outro heterónimo, tão simples e infantis eles são.
Um beijinho e a continuação de melhoras, amigo António!
Pois, se não fizesse isto ou aquilo, nada disto ou daquilo havia acontecido. Poema leve, levezinho, na pele de uma moçoila distraída..
ResponderEliminarA enfusa, ou jarrinho é interessante. Na aldeia de Bisalhães (Vila Real) fazem idênticos, mas em barro preto. Mantêm a água fresca.
bjis.
Conheço essas peças de barro preto típicas da região de Trás-os-Montes. Comprei algumas a vendedores de beira da estrada, em tempos idos, mas ofereci-as todas. O José sabe o porquê dessas peças de barro serem de cor negra? São postas ao fumo como se fumam os enchidos.
EliminarGosto muito mais das de Nisa! As decorações com pedrinhas são verdadeiras obras de arte.
Beijinhos e boa semana.
Gostei muito, muito do "pucarinho de barro de faces afogueadas". Eram menos torneadas, mas bastante parecidas, as bilhas que as aguadeiras levavam às nossas casas de Algés e do Dafundo. :)
ResponderEliminarNão me espantei muito com a autoria dos poeminhas naifs: quem gosta de vestir e despir tantas identidades também gosta de explorar formatos e estilos poéticos.
Um beijinho, Janita!
Concordo com tudo o que a Mª João refere. Creio que em tempos todas as localidades da 'Linha' eram consideradas fora de portas de Lisboa e 'saloias', como as de Caneças! : )
EliminarHaviam as aguadeiras e as lavadeiras, não era? Outros tempos!
Um beijinho grande, Maria João!
E as suas melhoras.
Pucarinho , com pucarinho se paga
ResponderEliminarEste é do Afonso Lopes Vieira
O PUCARINHO
O pucarinho de barro,
O pucarinho,
Tem bochechas encarnadas,
Tem as faces afogueadas;
Dêem-lhe água, coitadinho,
Que tem sede, o pucarinho!
O pucarinho de barro,
O pucarinho,
´Stá ao pé da sua mãe,
Sua mãe, bilha bojuda,
Que tem como ele também
A carinha bochechuda!
O pucarinho de barro,
O pucarinho,
Se a água dentro lhe cai,
Põe-se baixinho chiando;
Parece que diz: - Ai, ai,
Já a sede vai passando!
Se se vai pelo caminho,
Ao Sol ardente,
Tem-se uma grande alegria,
Se dão de beber à gente
Uma pouca de água fria
Que é dada num pucarinho!
Pois, Rogério, mas não me pagas com moeda que eu desconheça...ah, pois não! :)
EliminarDe onde pensas que eu tirei
Aquela frase encantada?
Com que a foto legendei?
Foi lá, nos bancos da escola
Que tanto poema aprendi
E para sempre os decorei!
Afonso Lopes Vieira, Augusto Gil
João de Deus e outros tantos
Abriram-me na mente um cantil
D'água fresca que sequiosa bebi
E nunca mais os esqueci, bebendo
Sempre mais nesta sede de ir sabendo.
Beijinhos gratos e amigos!
Descalça vai para a fonte??
ResponderEliminarEscorrega e lá vai o jarro ao chão.
Beijinhos, boa semana
Esta Leonor não ia à fonte buscar água, descalça, formosa e insegura, Pedro. Ia de lacinho no cabelo, formosa talvez, mas disposta a fazer como o Marcelino: levar para casa pão e vinho.
EliminarNão contava com o atrevimento do rapaz, foi o que foi!! : )
Beijinhos, boa semana.
Não faço ideia qual seria o objetivo de Fernando Pessoa ao escrever poemas desta natureza, onde a simplicidade é notória. Mas deve haver alguém que o explique.
ResponderEliminarBoa semana, querida amiga Janita.
Beijinhos.
Amigo Jaime, explicar para quê?
EliminarEm dias que se sentia criança, Pessoa deixava fluir os seus sentimentos em poeminhas pueris e levezinhos. Se em todos nós está latente a criança que um dia fomos que melhor do que dar-lhe a palavra quando ela a quer expressar? 😊
Um beijinho, meu amigo!
Boa semana!
Fernando Pessoa ortónimo é de uma grande beleza e simplicidade, talvez deseje por aqui não se sentir dividido e complexo.
ResponderEliminarGosto da tua enfusa, também tenho uma mas maior.
Abraço
Partilho da tua opinião sobre a necessidade que Fernando Pessoa teve de ser ele mesmo em alguns poemas, expressando-se livremente ao sabor de uma ideia ou sentimento, sem sentir a pressão de se colocar na pele de nenhum dos seus heterónimos.
EliminarGosto destas bilhas de barro, no Verão mantêm a água fresca sem ser gelada, como a que está no frigorífico. : )
Um abraço e boa semana.
Gosto da simplicidade do poema, que já conhecia.
ResponderEliminarPrefiro levar comigo o pucarinho de barro, com bochechas encarnadas
e faces afogueadas, que ê muito lindo.
Abraço neste início da semana branca ⛄️
Teresa, leva lá o pucarinho de barro à vontade! Este já perdeu um pouco o fogo que lhe incendiava as faces. O tempo não perdoa a nada nem a ninguém... : )
EliminarAbraços ( sem neve, mas muito frio. )