domingo, 1 de dezembro de 2024

~~~COISAS DE LOUCOS~~~

 


O homem que perseguia o Pata Negra, inexplicavelmente, persegue-me agora a mim. Não sei porquê! Será porque também tenho alguma poeira de loucura alojada na testa?



Como tenho a minha própria maneira de fazer as coisas, após ponderar os prós e contras, decidi que se fosse partilhando com os meus estimados leitores uma ou outra história, poderia ir lendo e alimentando o meu Cantinho. Ao fim e ao cabo, como boa alentejana, não dispenso o cheiro e o sabor de um bom ramo de coentros. Assim sendo, não deixem de comprar o livro, mas antes, passem por aqui... 😀

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É Sempre Bom Trazer um Saco de Coentros


Quando deixei de trabalhar por ter enlouquecido não avisei a entidade patronal. Por muito que aparente estar curado, um tipo nunca mais fica bem dos cornos. Não prestigia a empresa ter colaboradores que vão para o trabalho  em bicicletas com fitas coloridas nos punhos dos guiador.


  - Estás despedido!

Respondi-lhe que aceitava que um patrão, como dono do trabalho, deve poder despedir e admitir como lhe apetece. Acrescentei que concordava com todas as recentes alterações às leis do trabalho que visam aumentar a criação da riqueza. Expliquei que compreendia a generalização da flexibilidade laboral como forma de melhorar a produtividade. Agradecia-lhe até, a oportunidade que me dava de poder dar o meu contributo para ultrapassar a crise em que o país se encontra já que, pelo que ouvia na televisão, os despedimentos e o desemprego são necessários à salvação do país. Indemnizar-me?! Nem pensar! Eu apenas me sentia no direito de receber a troco de trabalho efetivo e não estava na disposição de usufruir de regalias que trouxeram as coisas a este estado.


    - Não pode é ter entre os seus argumentos o facto da minha bicicleta ter fitas coloridas nos punhos do guiador!
    - Tu ainda não estás bem dos cornos! Tu devias voltar para o asilo. Pelo menos lá não passas fome!
    - O meu médico disse que eu devia procurar a Normalidade. Ora que eu saiba a sua mulher chama-se Saudade de Outros Tempos - que raio de nome para uma mulher! - e o senhor, dada a sua espécie, nunca pode ter dois cornos e a minha bicicleta tem  duas rodas!


E dito isto, esfreguei-lhe os coentros que trazia comigo, na orelha direita, comi um pedaço e fugi, sem fome, em cima das duas rodas da minha bicicleta.
Agora quem quer uma indemnização é ele, e não faz por menos: trinta mil euros! Com trinta mil carvalhos! O bocado de orelha não tinha o tamanho de uma moeda de um euro!

Não sou inimputável, mas se um bocado de orelha pode valer trinta mil euros, quanto é que vale o saco de coentros que anda sempre comigo? É que se não fosse o caso de eu ser um homem de princípios, eu podia antes ter comido a dona Saudade e, pelo menos, não teria sentido a falta do azeite!


Página nº 132.





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Eu avisei, lá em cima no título, 
não podem alegar desconhecimento de causa!

Comprem, leiam ou ofereçam de prenda de Natal. Vale a pena!