quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

DAS OFERENDAS.




CONTO DE FADAS

Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.

Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras de uma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é d'oiro, a onda que palpita.

Dou-te comigo o mundo que Deus fez 
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A Princesa do conto: “Era uma vez...”
*
Florbela Espanca, em "Charneca em Flor"

Pelo título do poema, pensamos que se nos vai deparar uma história de amor perfeita, mas o nome do poema engana. 
Florbela fala-nos sobre um amor fracassado, sobre abandono e saudade. Talvez um de seus casamentos falhados (foram três!) tenha inspirado a autora nestes versos. Talvez...!

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Nota: A imagem das flores, exóticas, em cima,  também foi uma oferenda; de uma boa, longa e pura amizade!



1 comentário:

  1. As flores são muito bonitas. Li o poema e acho que a obra de Florbela Espanca é muito sofrida e negativa excepto alguns poemas!
    Beijocas e uma boa tarde!

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