Acontecia então que o meu pobre cão de pai latia de prazer. Prisioneira daquele corpo, a Mãe sufocava ainda, amarrada pela inconcebível e obstinada força dos braços dele. Era quando ele se esvaía todo na sua golfada morna, pastosa e tão orgulhosamente masculina.
Se não repetissem – e raramente o faziam – a Mãe erguia-se, ia ao bacio, esfregava-se energicamente a um pano para nós desconhecido ou mesmo inexistente. Quando voltava para a cama, ele dormia tão profundamente como a paz das folhas de figueira nas noites de Verão. Dormia com o mesmo sono dos ratos, sem memória alguma e sem qualquer remorso de nos ter feito o mal do barulho, o mal de ser o único, o dono e senhor daquele corpo profanado no seu pudor. Então a chuva deixava de ser excessiva, e era apenas a chuva. Os animais que ao longe baliam, no escuro das arribanas, o crocitar das cagarras na noite oceânica, as patas das bestas raspando as lajes dos estábulos, o vento, tudo isso voltava a ser tão natural como o sono e a morte, na insuportável sucessão dos dias e na eternidade daquele mar.
A mim, que me enchera de raiva, só me apetecia chorar.
"Gente Feliz com Lágrimas" - João de Melo -
Meus amigos/as, nos próximos dias estarei muito ocupada com múltiplos afazeres, pelo que as minhas visitas aos vossos blogues, que tanto prazer me dão, não serão tão assíduas quanto o habitual.
Um beijinho muito amigo para todos vós.
Janita.
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Querida Janita. Estou para aqui a tentar conjugar a etiqueta deste post com o post em si e só me ocorre que essa tal aversão só pode estar relacionada com os teus próximos afazeres. :) Mas há coisas que são inadiáveis e também devem merecer a nossa máxima atenção. A vida é muito mais que blogues (apesar de ocuparem uma parte importante da vida de alguns de nós).
ResponderEliminarBeijinhos e até breve. ;) Regressa breve, e com tudo bem resolvidinho. :)
Planície e mar
ResponderEliminarCom uma e oura vivemos
Junto delas habitar
Do pouco que ainda temos!
Quanto tempo irá durar
Isso não se saber
Já andam por aí a falar
Só mentiras a dizer!
Por falar em bestas
No governo não faltarem
Com conversas das tretas
Para nos enganarem!
Desejo um bom dia de quarta-feira para você, amiga Janita.
Um abraço
Eduardo.
Querido Luciano.
ResponderEliminarEu pressenti que a etiqueta iria provocar alguma confusão com o post em si.
Mas a aversão, na verdade, não tem nada a ver com os meus afazeres.
Tem a ver mesmo com o post. A minha aversão refere-se às atitudes masculinas a que o autor se refere e que de certa forma me trouxeram recordações que ainda hoje me provocam aversões.
Complicado? E quem te disse que eu sou uma pessoa simples de entender?:))
Beijinhos.
As minhas expectativas, são: continuar "ligado" e seguir o teu percurso que te ocupará a disposição e a Alma.
ResponderEliminarBeijos
SOL
Agora tudo faz sentido para mim. Li de novo o texto do João de Melo e confesso que não havia entendido a primeira frase (crucial para o entendimento de todo o texto). Grosso modo estamos perante um acto sexual em que só a parte masculina goza de prazer, findo o qual essa mesma parte cai no característico sono letárgico que caracteriza a maioria dos homens. Fizeste bem em chamar a minha atenção. :)
ResponderEliminarBeijiiiiiinhos. :))
Cara Janita
ResponderEliminarPara além de a felicitar pelo texto que hoje publicou. Naturalmente que compreendo que "há mais vida para além da bloga".
Também ando numa fase complicada em que o tempo (especialmente aquele de que precisamos para pensar, anda ocupado com outras coisas pró complicadas. Mas lá vou fazendo uma "perninha" mas um pouco coxa.
Um beijo
Rodrigo
Quando se não ama, usa-se
ResponderEliminarE a parte usada
serve ao uso e queda-se resignada
Todas as lágrimas se justificam e a memória disso é sempre dolorosa.
Feliz quem não tem memória assim...
Amiga Janita:
ResponderEliminarForte este excerto de "gente Feliz com Lágrimas". Há atitudes que não têm explicação, só lamentos.
Amiga cuida dos teus afazeres sabes que espero sempre por ti.
beijinhos
beijinhos e boa pausa! Esperamos sua volta, querida Janita
ResponderEliminarLos hombres tienen su vena especulativa ,y muchos solo desean sus satisfacciones importándole poco lo demás.
ResponderEliminarJanita, boa noite!
ResponderEliminarParabéns pelo texto, muito forte e pertinente, pois que, embora possamos pensar que não, ainda hoje existem homens assim.
Beijinho,
Ana Martins
Olá Janita,
ResponderEliminarA desilusão de um amor egoista e ingrato que a rotina preverteu. Infelizmente, acontece...
É muito complicado vivermos com alguém e ser compreendido.
A amizade na blogosfera não tem calendários,cada um faz o melhor possível dentro da sua disponibilidade e ... afazeres.
Bj amigo,
J
Quando o amor inexiste, serão com certeza momentos crueis que perduram por tida uma vida... como ferro quente marcando a carne!
ResponderEliminarBeijinhos, Janita!