quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

IR AO FUNDO E VOLTAR.


 
 
 
 
 
Sou feliz por ter nascido
no tempo dos homens-rãs
que descem ao mar perdido
na doçura das manhãs.
 
Mergulham, imponderáveis,
por entre as águas tranquilas,
enquanto singram, em filas,
peixinhos de cores amáveis.
 
Vão e vêm, serpenteiam,
em compassos de ballet.
Seus lentos gestos penteiam
madeixas que ninguém vê.
 
Com barbatanas calçadas
e pulmões a tiracolo,
roçam-se os homens no solo
sob um céu de águas paradas.
 
Sob o luminoso feixe
correm de um lado para outro,
montam no lombo de um peixe
como no dorso de um potro.        
 
Onde as sereias de espuma?
Tritões escorrendo babugem?
E os monstros cor de ferrugem
rolando trovões na bruma?
 
Eu sou o homem. O Homem.
Desço ao mar e subo ao céu.
Não há temores que me domem
É tudo meu, tudo meu!
 
 
António Gedeão,Poema do Homem-Rã
 
 
 
 
 
 

18 comentários:

  1. Uma beleza. Aliás duas: o poema e a ideia de povoar o mar com "casas" para corais.
    Mas sobretudo o poema!
    Beijos rimados com sorrisos

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    1. Kok.

      Eu apenas fiz a escolha, mas fico contente por gostares!

      Beijokas em prosa e em verso, sempre acompanhadas de sorrisos! :)

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  2. Gosto muito dos poemas de António Gedeão!
    Boa escolha, Janita!
    Beijinhos

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    1. Obrigada, Graça.

      Este foge um bocado ao estilo de poemas que dele conhecemos, mas eu gosto deste género de poeta aventureiro.

      Beijinhos.

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  3. Excelente Janita! Gostei da combinação, gostei muito do poema.

    Beijinhos

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    1. Amiga Adélia,

      Também achei que a ideia deste museu-aquático se ajustava à ideia daquilo que o poeta escreveu.

      Beijinhos.

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  4. Respostas
    1. Claro, amigo Rogério!

      Parece que os oiço cantar em uníssono..."Eles não sabem nem sonham, que o sonho comanda a vida---"

      Beijinhos.

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  5. Não destoo - excelente combinação (imagem e letras)
    Beijinhos

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    1. Se não destoa da maioria é porque gosta, Pedro! :)

      Mas, se um dia tiver que destoar, não se acanhe!

      Beijinhos.

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  6. Um presente, que dás, do António Gedeão. Foi assim que ele materializou as origens do homem.


    Beijos


    SOL

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    1. Nem mais, SOL!

      Nas entrelinhas Gedeão contou à sua maneira, com palavras rimadas, a sua teoria das origens do Homem, se assim, quisermos encarar este poema.
      Ou , talvez, a evolução e o 'poder' do Homem, que explora o fundo dos oceanos e sobe 'ao céu' explorando a vida extra terrena, como se todo o Universo lhe pertencesse...

      Beijinhos.

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  7. Janita,

    Gosto de alguns poemas de Antonio Gedeão, deste nem por isso, vais-me "trucidar"?

    Abraço?

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    1. Meu querido, Argos.

      Como bem sabes, este é um blogue democrático! Aqui, todas as opiniões são respeitadas. Se há coisa que detesto é ser obrigada a dizer Amém a tudo o que se publica na blogosfera.
      É desse modo que quero que os outros procedam comigo.

      Abraço? Isso lá é pergunta que se faça? Abraço e dos grandes e apertados!! :-)

      Beijinhos.

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  8. Amiga Janita, este poema de Gedeão é positivo, forte, sabe bem :)
    Assim como sabe bem ver esta obra de arte no fundo mar para criar um recife vivo.

    Amiga, passa no meu blogue e se puderes, participa no meu desafio, sei que vais gostar :)
    beijinho

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    1. Amiga Fé, já lá vou passar.

      Hoje cheguei a casa tao cansada, do trabalho, que me deitei pata descansar um pouco, adormeci e só acordei quase às 22 horas. Há dias assim!! :(

      Beijinho e obrigada, amiga

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  9. Olá, Janita!

    Bem ao contrário da Pedra Filosofal, este poema parece encerrar muito de crítico quanto às "conquistas" do ser humano: no ar, no mar, comportando-se como um Deus...Aliás, acho mesmo que com o conhecimento que do homem foi adquirindo a sua posição se tornou descrente quanto ás sua virtudes do mesmo...ponto de vista que não terá muito de reconfortante, vindo a opinião de alguém tão manisfestamete inteligente como ele...

    Um bom fim de semana; beijinhos amigos.
    Vitor

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    1. Olá, Vitor!

      Na verdade, este poema pode considerar-se o oposto dos ideais implícitos em «Pedra Filosofal». Isto só vem demonstrar que os poetas não escrevem apenas sobre os estados de alma, mas também, sobre tudo o que observam no mundo que os rodeia. Incluindo as tais conquistas que desvirtuam a sua essência de simples mortais.
      Muito boa a tua apreciação deste poema um pouco estranho...

      Beijinhos e bom fim de semana!

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