quinta-feira, 29 de setembro de 2016

NÃO FORMOSA MAS SEGURA.





Descalça chegou da fonte
Pisando a calçada dura
Trouxe a bilha na cabeça
Sentou-se gozando a frescura


Soltou o cabelo entrançado
Arregaçou a saia florida
Desprendeu-se dela a graça
Ficou cansada e sofrida


Mas ao descer o fim do dia
Quando tudo é calmo e ledo
Choveu nela graça tanta
Partiu para longe a desgraça
Ficou a paz...
cobrindo-a como se fora 
uma leve manta.

:-)








51 comentários:

  1. ahahahahah
    ganda poetisa me saíste

    ah! A formosura continua a estar nos olhos de quem a vê :))

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    1. :))) Estou farta de rir, Nomane!!

      Enfim, nada como uma poetisa para compreender outra!! Lol

      Beijocas

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  2. Viver em “paz” não é para todos… a graça interior tem tamanho valor, impossível de ser mesurável com a simples e passageira formosura…

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    1. Olá, Abelharuco!

      Que bom ver uma 'cara' nova por aqui.:)

      Não se admire com o que por aqui for encontrando, este é um blog muito eclético e nada convencional.
      Tudo anda ao sabor do estado de espírito da administradora.
      Se uns dias se foca em assuntos sérios ( poucos) outros, é para levar as coisas a brincar.
      É como a vida, afinal.

      :)


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  3. Fizeste-me lembrar um outro soneto também inspirado no mesmo original...

    "Corre, corre, Leonoreta,
    Vai na brasa de Lambreta"

    (poema espectacular que estava no meu livro de Português de um daqueles anos da secundária em que me obrigaram de tal forma a dissecar a obra do homem que recusei toda e qualquer poesia daí em diante...

    ...e só voltei a conseguir olhar para os Lusíadas 20 anos depois)

    :)

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    1. Pois...a razão de tanta gente ser avessa à poesia em geral e à de Camões, em especial, foram os anos de Liceu fazendo a leitura interpretativa dos Cantos dos Lusíadas.
      Eu gosto, gostei sempre. Lamento é não ter talento para a coisa. :)

      Beijocas, C.N. Gil.

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  4. Muito bem, Janita.
    Só não sabia - estamos sempre a aprender - que o fim do dia desce. Para onde, pergunto eu.

    Da minha janela à tua são dois passos de distância
    Tem cuidado não escorregues nessa casca de melÂncia.
    (autor ainda não nascido)

    Beijinho

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    1. A minha hora do almoço tem andado muito preenchida, ultimamente, António.
      Meti-me (por conta própria) a «assessorar» um blog, fora do nosso blogobairro, e não tenho tido mãos a medir.
      Isto, para te fazer saber que, ao elaborar este belo poema, já estava um pouco exaurida e o que seria suposto serem os dois tercetos, já não me saíram nada bem.

      Agora, vamos lá acertar contas. Então tu nunca leste a expressão: "quando a noite cai"?
      Pois a noite cai quando desce o fim do dia...santa ignorância!! :)

      Beijinhos e rimas aos molhos.

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    2. Como "assessora" arrecadas umas centenas (milhares?) de euros. Vê lá não te esqueças de entregar a declaração às Finanças.
      Ok, aceite-se esta desculpa que será arquivada na secção das dúvidas.

      Acertando contas: já ouvi essa expressão e várias vezes me tenho perguntado se a pobre da noite não se magoa de tanta queda.
      E continuo na minha: se o dia desce, gostava de saber para onde.

      Acho que as contas ficam por acertar :)))

      Beijinhos com dúvidas.

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    3. Não arrecado nada, António.
      Eu sou uma mãos largas, faço tudo para ver os outros felizes. :))
      Quanto às contas, acerta-las-emos noutra altura. Hoje não estou nos meus melhores dias para acerto de contas...

      Beijinhos, sem certezas.

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  5. Poema, pernas, pés e até mesmo a cadeira: TUDO PERFEITO 🎼

    Beijinhos ao ar livre.

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    1. Haja alguém de bom-gosto para apreciar o que é bom!!!

      Obrigada, querida Teresa.

      Beijinhos.

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  6. Andas muito inspirada, Janita!!! : )

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    1. São fases, Catarina, são fases! :))

      Mas vou ter de me deixar de «assessorias», pois o tempo fica curto para visitar os amigos e tu és uma com a qual estou em falta.

      Beijinhos, Catá!! :)

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  7. Não segura mas formosa
    Desde a almofada à cadeira
    Janita és bem charmosa
    e danada pra brincadeira :)

    Um beijinho brincalhão :D

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    1. Danada pra brincadeira
      E com a rima a fugir
      Nem sentada na cadeira
      Os versos lá querem ir. :))

      Beijinhos, querida Fê.:)


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    2. Nem os versos lá querem ir
      Porem acabam de chegar
      Sei que estavas a fingir
      Pois é "giro" o teu rimar

      (Até pelos pés
      descobriria quem és)

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    3. Amigo Rogério,

      Pois se é giro o meu rimar
      não é isso que me parece
      sendo tudo isto a brincar
      não aquece nem arrefece.

      Numa próxima acredito que me reconheça pelos pés, mas agora foi a primeira vez que os viu!! :))

      Beijinhos

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  8. Janita,
    Que dizer?
    Muita inspiração e boa foto.
    Fizeste sorrir e isso é óptimo!
    Abraço grande e continua assim

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    1. Ricardo.

      Não digas nada...Saber que te fiz sorrir já me deixa feliz.

      Por vezes temos de deixar que a parvoíce nos guie. ;)

      Beijinhos

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  9. Ao descer o fim dia

    o entardecer desperta
    Bj

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    1. Amigo Poeta, um dia tem de me oferecer um pouquinho do seu grande talento. Ainda ficava com tanto...

      Beijinhos, Mar Arável.

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  10. Descalça, pisando calçada dura, com as unhas pintadinhas de fresco? Não acredito. Só vendo, ao vivo.
    Depois: o último verso só pode conter um erro ou contradição. Não será, antes "Ficou cansada, não sofrida", como julgo mais provável na Janita?
    E então agora cai desleixar-se por causa de uma assessoria? E, ao menos, pagam bem?
    bjs.

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    1. A fonte era perto, José. Acredite! :)

      Tem razão, mas teve de ser mesmo 'sofrida' para rimar com 'florida' ...poeta sofre!! ehehehe

      Beijinhos.

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  11. Corrijo:
    "vai" e não "cai" desleixar-se.

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  12. E aqui está o homem:
    https://www.youtube.com/watch?v=NU4avD8p5IM

    assim podemos comparar :)))

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    1. Obrigada Ângela...:))

      Está o homem --- E A LIANOR

      Vamos lá comparar. :)

      Beijinhos.

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  13. Querida Janitamiga

    Já agora que estamos
    numa de poetar
    veremos onde ficamos
    veremos onde ir parar

    Por certo que uma leitura
    sentada numa cadeira
    não engana a formosura
    quer se queira ou não queira

    e com as unhas pintadas
    são muitas as comoções
    breves as coisas amadas
    que se lixe o Camões!!!
    ass) Vate da Alamerd... oops, Alameda

    Bjs da Raquel e qjs do Henrique, o Leãozão

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    1. Grande versejador me saíste, HenquiAmigo.
      Isso sim, são quadras dignas de um verdadeiro poeta.

      Obrigada pela tua disponibilidade e atenção.

      Bjos e abraços para o casal Ferreira.

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  14. Entre o poema da Janita e o do FerreirAmigo fiquei com um sorriso na cara a e boa disposição.
    Beijinhos, bfds

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    1. Amigo Pedro,

      Eu, escrevo arremessos de poesia,
      já o HenriquAmigo
      escreve com sabedoria. :)

      Beijinhos, bfds

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  15. Boa disposição, muita inspiração e uma foto que inspira e respira o dolce fare niente.
    Grande poetisa!

    Beijos Janita

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    1. Já voltaste, Manu? Ou fizeste um intervalo? :)
      Muito bom ver-te de novo por cá.
      Imagino que tenhas trazido muitas recordações fotográficas lá do Tibete. Tenho de ir ver.

      Beijinhos.

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  16. Muito bonito, Janita! Estar em paz, segura de si, isso é tudo. Lindo poema. Parabéns.

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    1. Pura bondade tua, amigo Carlos.

      A paz, sim, é tudo o que podemos ter de bom.

      Obrigada.
      Um beijinho

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  17. Só falta mesmo é chamares-te Leonor! Ou não!!
    Os versos são lindos e no entanto não impedem que detenha momentaneamente o meu olhar nos pés exibidos; noto que descansam sobre uma almofada colorida, unhas bem tratadas e envernizadas e sem sinais joanetes.
    Parabéns pelos versos e pelos "pezinhos".

    Beijokas

    §- ainda sobre o texto anterior, já viste tantas recordações de tanta gente?

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    1. Não me importava nada de ter esse nome. É bem mais bonito do que o meu, Kok.
      Pés sem sinais de joanetes? Então para onde foram eles?
      Já te esqueceste quando «desmanchei» o pé e o mostrei aqui, todo entrapado, me teres dito que tinha um joanete? Que a almofada era dos chineses e a cadeira não tinha estilo? Pois eu não!!!!
      Deixa lá, tás perdoado. Lol

      PS- É verdade, tantos amigos se lembravam de tantas coisas do passado. Sinal que ficaram guardadas no coração! :)

      Beijinhos, Kok.

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    2. Oh minha amiga, a beleza de uma imagem é tanto maior quanto os olhos de quem a vê mas também de quando.
      Se num pé entrapado o destaque é o "entrapanço" já um pé despido tem outro destaque e, consequentemente, outro tipo de apreciaçõn!
      Já no que respeita à almofada(*), ainda que seja a mesma, não passa de um adereço irrelevante.
      Beijokas almofadadas com sorrisos!

      (*) é dos chineses, ou não????

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    3. :))) Kok, não é a mesma cadeira nem a mesma almofada...Simplesmente porque esta foto tirei-a durante as férias lá em casa do meu filho, pelo que não sei se é dos chineses, mas duvido!!! A minha, não era! :)

      Beijokas bem portuguesas. :)

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  18. AVISO

    Enquanto não consigo resolver o problema da regularização das datas da NOSSA TRAVESSA apresentadas nos vossos blogues, aviso que desde ontem há um novo artigo postado, de minha autoria e intitulado Mudanças Obrigado.

    Henrique, o Leãozão


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    1. Obrigada pelo aviso, Henrique.

      Durante o fim de semana passarei pela "NOSSA TRAVESSA".

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  19. ... Mas segura,... com o apoio de 2 cadeiras ! rsrs
    Não te reconheceria pelos pés, certamente ! rsrs
    Este (de base) um dos grandes poemas de Camões ! ... e não . Não são só os Lusíadas em Camões. As sua "Líricas" são lindíssimas e muito inspiradoras !

    Abraço, Jani ! :)

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    1. Olá, Rui! :)

      Que bom saber que estás de volta para alegrar as nossas andanças por aqui! Já sentia saudades de te ver no meu Cantinho e na blogo em geral! :))

      Estamos de acordo: Toda a obra de Camões é, para nós, tão inspiradora como o foram para ele as Ninfas do Tejo...:)

      Beijinhos e um grande abraçaço, Rui! :)

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  20. Bonito o poema. E a foto. Muito interessante-
    Um abraço e bom fim de semana

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    1. Aceito a sua bondade, Elvira, embora saiba que é apenas isso! :)

      Um abraço e bom Domingo.

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  21. Entretanto Marcelo assumiu que há ricos por fatalidade

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    1. O Puma,
      Aí está uma fatalidade que nunca irá bater à minha porta...:))

      Um abraço.

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  22. Ah, se Camões tivesse assim uma manta...! :)
    Boa, Janita!

    Um beijinho :)

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    1. Tens razão, AC!!
      Luís Vaz de Camões merecia ter tido uma manta de paz, a cobri-lo, nas horas amargas por que passou.

      Obrigada, A.C.

      Beijinhos. :)

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  23. Gostei de ler esta mulher divertida.
    Bj.

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