O Nosso Desejo de Liberdade Não é
Sincero
Se
estamos todos muito bem preparados para reclamar liberdade para nós próprios,
menos dispostos parecemos para reclamar sobretudo liberdade para os outros ou
para lhes conceder a liberdade que está em nosso próprio poder; se
conhecessemos melhor a máquina do mundo, talvez descobríssemos que muita
tirania se estabelece fora de nós como se fosse a projecção ou como sendo
realmente a projecção das linhas autocráticas que temos dentro de nós; primeiro
oprimimos, depois nos oprimem; no fundo, quase sempre nos queixamos dos
ditadores que nós mesmos somos para os outros; e até para nós próprios,
reprimindo todas as tendências que nos parecem pouco sociais ou pouco
lucrativas, desejando muito que os outros nos vejam como simples, bem
ajustados, facilmente etiquetáveis.
Agostinho da Silva, in 'Sobre as Escolhas'
Fotografia de um Amigo |
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de febre a
arder
Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
Eu diria que "O nosso desejo da "NOSSA" liberdade é muito sincero", o que não é, é "o nosso desejo da liberdade dos outros" !!!
ResponderEliminar:((
Em minha opinião, "somos" muito influenciados pela partidarite política e tendemos a apreciar a liberdade dos outros em função dos interesses e pensamentos políticos dos "clubes" respectivos ! ... Deixamos de pensar pelas nossas cabeças e criticamos quando alguém pretende ajudar a repor essas liberdades e injustiças, como se fossem os maiores criminosos ! :(
É a política do "deixa estar tudo como está, que assim é que está bem" !
É a política do "entre marido e mulher, não metas a colher" por maiores que sejam as atrocidades !
A política da "contraviolência" poderá ser justificável , em vez de criticável !
Bom ! Esse tema do Zeca Afonso é outra louça !!! ...
Não poderemos, nem queremos manter as coisas como estão, se não nos agradam !!!
"Anda alguém pela noite de breu à procura e não há quem lhe queira valer" ! ...
Não pode ser ! :( Tem que haver quem lhe queira valer !!!
Beijinhos em liberdade, Janita :)
Rui,
EliminarIniciaste e terminaste o teu comentário justamente batendo no ponto que eu queria chegar! BINGO!! :))
Porque achas que escolhi este tema do Zeca e não outro qualquer? Porque ele vai de encontro ao que escreveu o Professor Agostinho da Silva. Tal e qual!!
Ainda bem que aqui vieste, Amigo! :))
Haja Liberdade de fazermos as nossas escolhas sem influências partidárias, mas respeitando a liberdade e as escolhas alheias.
Beijinhos, em liberdade e com responsabilidade. :)
Lembro-me bem, mas apenas se ouvia no rádio. Naquele tempo. Eu tinha quase 11 anos.
ResponderEliminarAdoro todas as musicas de Zeca Afonso. Hoje é as que tenho no meu ouvido...
Beijo
Abril sempre
E normal, Cidália! :)
EliminarO Zeca foi um cantor representativo do povo oprimido, pelo regime ditatorial do Estado Novo.
Beijo, bom feriado.
Olá!
ResponderEliminarNão somos LIVRES porque estamos presos à ideia de que o "25 de Abril" é LIBERDADE!
Não somos LIVRES porque estamos presos à ideia de que "democracia" é LIBERDADE!
Só seremos LIVRES quando estivermos em PAZ, e tal só existirá quando os milénios de miséria, sofrimento, lutas, guerras, conflito, confusão, incertezas... que nos fazem, deixarem de existir.
Até lá, podem continuar a iludir-se com estória para encantar escravos!
Bjhs
E VIVA O CRAVO MURCHO!
voza0db
Olá, Voza0db.:)
EliminarNão irei ensinar a missa ao padre, tanto mais que nem sequer sei Latim.
A liberdade do "25 de Abril" foi levada a cabo pela necessidade dos oficiais militares, a prestar serviço no ultramar, numa forma de acabarem com a infrutífera guerra colonial. Esses, sim, quiseram e lutaram por uma liberdade física, já que estavam amarrados a uma missão que sabiam perdida. Só Salazar não via ou não queria ver.
Não foi uma revolução civil, nem foi levada a cabo por meio de "cantigas".
Posto isto, que tu estás fartinho de saber, deixa que te diga que livres nunca seremos, nunca fomos. Todos vivemos inexoravelmente ligados a deveres aos quais não poderemos fugir e restringem a nossa total liberdade de acção.
Essa PAZ, que nos traria a Liberdade, só a teremos na tumba. Desde quando o homem viveu e conviveu em paz com o seu semelhante? Nunca!!
Finalmente, por favor, não dês vivas a nada que esteja moribundo. E os cravos, flores lindas e perfumadas, não têm culpa de nada. Um acaso, um simples acaso, deu o nome e a cor a este Dia histórico.
Beijinhos.
Grata pela tua sempre bem-vinda companhia, VOZ!! :)
uma visão tão lúcida e sempre à frente de qualquer tempo...
ResponderEliminarbom 25 de Abril!
O nosso filósofo...tão simples, tão afável, tão sábio!
EliminarQuantas horas de puro enlevo me proporcionou com as suas "Conversas Vadias"...:)
Gostei tanto de te ver aqui, cigano! :)
Beijos, Manel Mau-Tempo.
(vai aparecendo)
Pertinente partilha que certamente nos faz questionar a nós próprios querida amiga ,onde começa a liberdade ,até onde vai e onde acabará perante uma sociedade tantas vezes invertida de valores ,muitos beijinhos felicidades
ResponderEliminarTanta verdade nas suas palavras, meu amigo!
EliminarParece que os valores se inverteram e a liberdade passou a ter um significado ambíguo...
Beijinhos, obrigada!
Um grande pensador! E também desprezado pelo anterior regime.
ResponderEliminarAmbos, aliás.
Boas escolhas, Janita!
Um génio! E tão modesto e humilde quanto o sabem ser os verdadeiramente Grandes, Graça!
EliminarObrigada. Beijo.
Custou tanto a conquistar e hoje poucos a sabem usar, ou usam em demasia:(
ResponderEliminarBeijinhos Nita
Boa quinta.
Sabes? Por vezes chego a pensar que, TODOS nós, temos vindo a ser simples marionetas nas mãos de manipuladores internacionais, com peso nas decisões a nível mundial...cá por coisas minhas. Ou isso, ou então a minha mente anda a ficar fortemente afectada...
EliminarBeijinhos, Mena.
Andei anos com esta canção do Zeca na boca. Trauteava-a em surdina como quem repete um mantra.
ResponderEliminarDe Agostinho da Silva, lembro bem. Um grande filósofo.
Abraço
Esta é, e foi, uma canção com um grande valor simbólico.
EliminarDas que mais peso tem, na realidade portuguesa.
Agostinho da Silva: um Homem ímpar.
Obrigada, Elvira, um abraço