Tela de Dima Dmitriev |
Saiu do bar e embrenhou-se na escuridão que
envolvia toda a rua em direcção à Praceta, vagamente iluminada pelo único lampião fixo na parede.
A cada minuto que passava, a cada hora que
se esfumava, sabia que tinha de tomar uma decisão. Mas, naquele preciso
momento, soube também, que jamais voltaria a sentir-se feliz, ou sequer triste.
Sentia-se entorpecido pela raiva, muito
mais do que pelo desânimo. A raiva era a única coisa que ainda o fazia sentir-se
vivo.
Seria essa raiva, que abraçava, deixando-a crescer dentro de si como uma
doença, maligna, que o levaria a não deixar-se ir abaixo e transformar-se numa
criança indefesa.
Precisava da raiva para enfrentar e tentar
resolver aquilo que tinha de ser terminado.
Depois, permitir-se-ia chorar…
Há almas assim, que se alimentam de raiva, até que uma qualquer vingança a apazigue. Mas só aparentemente. A raiva nunca desagua em tranquila foz.
ResponderEliminarbelo texto, Janita. Parabéns!
Beijinho :)
Esta alma não se alimenta de raiva. AC.
EliminarPrecisa dela!
Lembrei-me agora de uma frase da nossa Amália, quando respondia a uma pergunta acerca de não ter aceite uma proposta para trabalhar em Hollywood:
"Tive sempre a coragem, mas faltou-me a raiva"
As decisões difíceis de tomar necessitam, por vezes, de alguma raiva! :)
Beijinhos, AC!
Olá Janita, o problema é que por vezes é um sentimento tão confuso, que nem sei que nome lhe dar. Acho que já nem sei chorar...Gostei do teu texto. Beijos com carinho
ResponderEliminarNão somos todos iguais, amiga Rosa-Branca, nem na forma de estar nem de sentir.
EliminarChorar faz bem. Lava a alma...
Beijinhos
Raiva não
ResponderEliminartalvez seja o desassossego
que trago no coração
É bom, com ele venço o medo
E se depois chorar...
qual é o mal?
Amigo Rogério,
EliminarAcredito que traga a alma desassossegada.
Os tempos andam conturbados...
Haver mal em chorar? Nenhum!
O homem do meu texto também precisava chorar, mas não acredita nisso, Ainda não!
Abraço :)
Janita, a imagem presencia a primavera, o texto nem tanto, mas feliz fim de semana para ti
ResponderEliminarAngela
Achas, Angela?
EliminarSó se for por se encontrar lá no alto, porque de Primaveril a imagem não tem nada. :)
Um beijinho e boa semana!
Um texto muito intenso que me foi difícil de interpretar. A raiva torna-se omnipresente e quando assim é o raciocínio nem sempre funciona da melhor maneira.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo
Os textos com esta etiqueta não podem ser interpretados, amiga Elvira.
EliminarSão coisas que só eu entendo!
Um abraço e boa semana
Boa tarde, a raiva é causada pelo desespero, é o ultimo dos sentimentos que devemos exprimir, mas acontece quando se é vitima da injustiça de quem menos se esperava, gostei do poema, é profundo e significativo.
ResponderEliminarFeliz primavera,
AG
Obrigada, António!
EliminarUm abraço! :)
Bom retrato
ResponderEliminaronde a escassa luz
não se despe das sombras
Sem luz não poderia haver sombra, lembra-se, Eufrázio?
EliminarUm abraço! :)
Um texto triste, embora bem escrito !
ResponderEliminarRicardo,
EliminarMas eu quis ele (o texto) fosse mais amargurado do que triste.
Alguma coisa me deve ter falhado...:)
Obrigada e um abraço!
EliminarA amargura é um sentimento perigoso... mina-nos profundamente e controla-nos a alma e a vontade de reagir.
Gosto de te ler em registos mais alegres...
Deixo-te uma música terna para te fazer companhia.
Beijinhos Janita
(^^)
Afrodite.
EliminarTu escolhes aquilo que queres sentir? Não! Nem tu nem ninguém!
O único sentimento perigoso é o ódio, esse sim, cega e mina a alma de quem o sente.
Amargura é como a tristeza, surge muitas vezes quando nos sentimos incompreendidas, por exemplo, ou em outras situações que põem em causa muito do que fazemos ou dizemos.
Se gostas de mim tens de me aceitar em todos os registos!! :))
Agradeço-te a bela canção e também te desejo Vida, muita e plena de coisas boas!
Beijinhos.
Imagem fantástica e fiquei muito curiosa quanto ao texto...
ResponderEliminarum beijinho e uma boa semana
Ora aí está uma boa nota, Gábi!
EliminarSe o texto despertou a tua curiosidade atingi o meu objectivo! :)
Beijinhos, obrigada e boa semana também para ti.
Fui ler os comentários que antecedem à procura de pistas sobre o texto...espero que vá continuar...
ResponderEliminarOh, Gábi, agora fizeste-me sorrir.:)
EliminarAcho que os enigmas do Rui te andam a deixar obcecada com a procura de pistas! Lol
Os comentários não podem ter pistas, minha querida, simplesmente, porque neste texto não há nada para adivinhar...:)
Beijinhos
Nem sempre a raiva conduz à vingança. Por vezes só faz seguir em frente. Estranho? Depende das vivências e dos objectivos.
ResponderEliminarChorar? Não acredito que ele o faça nos tempos mais próximos. Se chorar desiste.
Abraço grande
Ricardo,
EliminarEssa é a finalidade da raiva, neste contexto. Não falei/escrevi que ela servisse para qualquer acto vingativo.
Lê a antepenúltima frase.
E a última...
Beijinhos e abraços!
Desculpa, quis dizer a penúltima e a última!
EliminarLi Janita, li muito bem. E reli.
EliminarEntão entendeste que a minha personagem, precisava da raiva para terminar algo que tinha de ser feito.
EliminarApós, cumprir essa missão poderia descomprimir e ser a criança que todos temos dentro de nós (felizmente) e chorar, porque não?
Abraço!
Porque nem todos podem voltar a ser a criança que têm dentro de deles.
EliminarEu entendi...
"O poeta é um fingidor.
EliminarFinge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração"
De que me rio eu?... Eu rio horas e horas
Eliminarsó para me esquecer, para me não sentir.
Eu rio a olhar o mar, as noites e as auroras;
passo a vida febril inquietantemente a rir.
Eu rio porque tenho medo, um terror vago
de me sentir a sós e de me interrogar;
rio pra não ouvir a voz do mar pressago
nem a das coisas mudas a chorar.
Rio pra não ouvir a voz que grita dentro de mim
o mistério de tudo o que me cerca
e a dor de não saber porque vivo assim.
António Patrício
Ricardo,
EliminarObrigada pelos poemas, este já veio no Dia em que se homenageia a Poesia!
Beijinhos.
Os estados de alma são muito complicados, variando conforme o tempo e o lugar. Um homem não chora, dizia-se (ainda se diz ?), mas é mentira.
ResponderEliminar...Logo, são vadios! Os estados de alma variam conforme as circunstâncias.
EliminarDaí, eu ter catalogado estes textos com a etiqueta 'Pensamentos Vadios'.
Claro que os homens choram! Não são seres humanos sujeitos às mesmas emoções que as mulheres?
Isso do sexo forte já era...
Abraço
Este não é propriamente o comentário ao teu texto. É somente uma "afinidade" que decerto entenderás o sentido quando o leres.
ResponderEliminarhttp://koktell.blogs.sapo.pt/5780.html
Beijokas com sorrisos -_o
Obrigada, Kok.
EliminarAinda o não li, quando o fizer dar-te-ei conta da minha opinião!
Beijinhos e sorrisos, sempre!!
Sentir - da paixão à raiva.
ResponderEliminarMas sentir.
Beijinhos, boa semana
É isso mesmo, Pedro!
EliminarO que nos distingue dos outros animais não é apenas o raciocínio mas, também e essencialmente, a capacidade de sentir.
Ninguém diga que nunca sentiu raiva, amargura, desespero, ciúme, revolta; porque, então, ou está morto ou mente!!
Beijinhos e boa semana!
Coitados daqueles que só têm a raiva para os estimular a seguir em frente...
ResponderEliminarBeijocas
Teté,
EliminarNão os apelidaria de 'coitados'. Coitados serão todos aqueles que não conseguem ver para além daquilo que é convencional...
Beijocas.
Querida amiga:
ResponderEliminarAcho que transportaste para o teu personagem o que te vai na alma (eu também costumo fazer isso )
Escrever é uma catarse, alivia as emoções, purifica a nossa mente.
Gostei muito do teu texto e espera que o personagem se permita chorar.
Um beijinho
Fê
Às vezes estamos assim e noutras vezes assim estamos. Mas estamos!
ResponderEliminarUltrapassar aquelas vezes deve ser o nosso propósito, né?
As fáceis não custam nada, mas são as outras, as difíceis, que maior alívio nos trazem quando ultrapassadas e nos deixam prontos para outras.
Beijokas sorrindo com alegria sff.