Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
[Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXI" ]
A quem disse no postal anterior preferir flores, estas flores, de hoje, são-lhe dedicadas,
com Amizade!
:)
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Coroas imperiais. Tu tens um jardim e tanto mulher, há de tudo como na farmácia eheheheh
ResponderEliminarBeijinhos e um dia bem florido
Olha que são mais as vozes que as nozes, Noname! :)
EliminarEstas coroas de rei são de bolbos que meti na terra há bastante tempo. Depois de passar o época retiro os caules secos e lá ficam até à próxima Primavera. As dálias idem... a minha pobre coluna já não me permite muitos esforços de jardinagem. A bem dizer e tal como as farmácias, à mingua de medicamentos, já dei o que tinha a dar...:)
Beijinhos agradecidos!
Boa tarde
ResponderEliminarE preciso saber ver o sorriso das flores e ouvir o canto dos rios.
isso não é para todos.
JAFR
Haja sensibilidade, JR. Se nos dispusermos a observar atentamente de sentidos e o coração bem alerta, a voz da Natureza, certo que ouviremos o cantar dos rios, a mensagem que os pássaros nos enviam nos seus trinados e veremos o sorriso grato das flores, quando as mimamos...
EliminarUm grato abraço meu!
Sim, concordo. Os rios cantam e as flores sorriem. Adoro esta Coroas :))
ResponderEliminarHoje:-Castelos no ar...arco iris esplendoroso .
Bjos
Votos de uma óptima Quarta-Feira.
Sem dúvida que na Natureza tudo nos sorri, se lhe sorrirmos. :)
EliminarBeijinhos, Larissa.
Boa tarde,
ResponderEliminarAbsolvição de quê, Janita? De estupidez de sentidos não será certamente.
Um poema poderoso este. Conseguir ver beleza nas coisas mais simples não é para todos, efectivamente.
A Janita deve ter um jardim e tanto! E muito talento para tratar das flôres, como a minha mãe.
Sabia que quando casei o meu bouquet foi de corôas imperiais?
Um abraço do Algarve.
Sandra Martins
Boa noite, Sandra!
EliminarComo a pessoa simples que sou é no meio da simplicidade que me sinto bem. :) Esta 'realeza' floral é de bom trato e fácil de cuidar, caso contrário já cá não estavam, pois ainda que o espírito permaneça jovem, quer queiramos quer não, o corpo acusa a passagem dos anos, e há dias em que me sinto mais virada para as sopas e descanso do que para a jardinagem. :)
Imagino que noiva bonita deve ter feito...e que lindo seria o seu bouquet.
Um beijinho nortenho.
PS- Um dia destes mostro-vos uma noiva, jovem e parvinha... :(
Gosto muito deste poema que já usei nas minhas fotos.
ResponderEliminarAs tuas coroas imperiais estão lindas, acho que é uma flor perfeita, ou será que há flores imperfeitas?
Beijinhos Janita
Todas as flores são perfeitas,
Eliminarainda que nem todas sejam belas.
De entre todas as flores que há na Natureza,
as minhas preferidas, são as margaridas singelas. :)
Beijinhos, Manu!
Lindíssimas!!!
ResponderEliminarNão vou dizer que é bondade sua, A Titica...porque estas flores são realmente muito bonitas. :)
EliminarObrigada.
Tu e as flores... Que nome têm aquelas na cabeceira? São das que se fecham à noite e reabrem pela manhã? Há quem lhes chame "campainhas"?
ResponderEliminarMas isso agora não interessa nada. Recuperado o PC (esteve com tosse e pingo no nariz devido a virose, disse-me o sôdótôr) cá estou para desfrutar dos teus "posts" embelezados pelas perfumadas flores que cultivas neste teu cantinho.
É pá, isto está a ficar um bocado lamechas... Adiante!
Tenho a certeza que as flores riem e os rios cantam e vice versa sempre que a nossa imaginação estiver disponível para ver e ouvir o que à nossa volta acontece.
Beijokas perfumadas com sorrisos :))
É verdade, Kok...eu e as flores!
EliminarE ando de tal maneira obcecada pela fotografia, e maravilhada com as flores que, por onde quer que passe, se as vejo, não passo sem as fotografar!! :)
As campainhas do cabeçalho não são do meu quintal, são do quintal de alguém que nem sequer conheço. Vi-as numa rua qualquer, debruçadas de um muro baixinho e, vai daí, tratei de as trazer comigo, no telemóvel. :))
Mas, nos meus tempos de menina, tinha-as lá no nosso quintal.
E sim, abrem de dia e fecham de noite, com bem dizes.
Na verdade, não me agradava lá muito tê-las por aqui, pois é um tipo de planta muito invasora. Em pouco tempo tomava-me conta disto tudo.
Nunca te arrependas de ser um homem sensível, isso da lamechice é como os machistas apelidam a sensibilidade. :P
Beijocas de sorriso na boca e nos olhos. :))
Olha que cousa mais linda!
ResponderEliminar1 bji. com os meus agradecimentos.
Isto é uma cousa como não há muitas cousas iguais, José!
EliminarSão para si... que prefere flores que me alegrem, do que céus que me encham de nostalgia...Vê como eu sei?! :)
Beijinho, com um sorriso maroto!! :))
Tenho amarelas e adoro! Quanto ao texto, amei!:)
ResponderEliminarBeijo. Boa noite!
Estas, cor-de-laranja, floriram mais tarde e já nem me lembrava da sua cor. Assim, tenho brancas, amarelas e laranja. :)
EliminarBeijo e noite descansada, Cidália.
Alberto Caeiro é, dos heterónimos de Pessoa, o meu favorito :) e as suas flores são mesmo muito bonitas, Janita, apesar de eu ser muito mais apaixonada pelas árvores de grande porte... desculpe-me esta confissão tão espontânea. Devem ser saudades das palmeiras da minha alameda que há muito perderam a batalha contra o escaravelho da palmeira...
ResponderEliminarBeijinho grande
Também prefiro a simplicidade de Alberto Caeiro à complexidade de Álvaro de Campos, por exemplo! :)
EliminarA Maria João iria gostar de ver a palmeira enorme, que eu tinha bem no centro do relvado, nos tempos áureos em que este espaço exterior da casa era um jardim, de facto!
Havia uma senhora que me ajudava na jardinagem duas tardes por semana. Entretanto adoecemos ambas, eu com o enfarte e ela, sendo mais velha e mais doente, deixou de vir. O jardim foi ficando reduzido a meia-dúzia de plantas. A palmeira também ficou minada pela praga generalizada e, olhe, tudo o vento levou...Felizmente eu ainda por cá ando, a fazer o que me permitem as forças e a disposição. :)
Um beijinho grande, Mª João. :)
Não duvide; iria adorar ver essa sua palmeira! :)
EliminarNão sabia que a Janita também já tinha sido vítima de enfarte... o meu, muito recente, foi infelizmente complicado por uma ruptura da coronária, durante o cateterismo. Tive muita sorte e uma excelente equipa médica, ou não estaríamos, hoje, a ter esta conversa :) Mas, depois, tive imenso azar porque, logo de seguida, apanhei uma pielonefrite, uma gripe A e uma bela duma pneumonia... tive um loooongo internamento, como calculará, mas também ainda por cá ando, como vê.
Sem força nenhuma - até porque antes do enfarte tinha fracturado uma vértebra da coluna lombar -, mas com muita genica, vivo para a poesia, embalada pela mais bela e mais difícil das minhas conquistas; a solidão.
Não falo de abandono, nem da falta de apoio por parte dos amigos; falo da possibilidade de viver sozinha neste meu pequenino apartamento, na solidão criativa de que tanto necessito para escrever.
Outro beijinho :)
Irei procurar a ver se tenho fotografias desse tempo, Maria João. Fique descansada. :)
EliminarO cateterismo a mim, correu muito bem. Fiz a angioplastia coronária e após 4 dias nos cuidados intensivos para observação, anteriormente, mais 2 na enfermaria após a intervenção, vim para casa. Desde 2012 que sou acompanhada pela mesma médica cardiologista e vou levando a minha vida sem grandes sobressaltos.
Não gosto muito de falar sobre o meu estado de saúde aqui no blogue. 'Isto' é para me distrair e não para fazer deste espaço um muro de lamentações. Mas não critico quem o faz, obviamente.
Um beijinho. :)
Grande Fernando Pessoa, com Alberto Caeiro consegue dizer coisas simples para pensamentos profundos...
ResponderEliminarGostei das flores. são belíssimas.
Jania, continuação de boa semana.
Beijo.
Este heterónimo de Pessoa é um homem simples, pobre de instrução, mas rico de sentimento, que adora o contacto com a Natureza e a entende bem. O meu preferido, também.
EliminarGostei que tivesse gostado da minha escolha que, quanto a mim, veio enriquecer as minhas flores.
Qualquer coisa que eu escrevesse não teria o simbolismo deste belo poema.
Um beijo, Jaime, e o meu obrigada por me acompanhar.
Alberto Caeiro é inconfundível na sua aparente simplicidade!
ResponderEliminarAbraço
Simplicidade aparente e grandiosidade interior! :)
EliminarObrigada, Leo.
Um beijinho.