Foto e dedal meus. |
Rústica
Da casinha, em que vive, o reboco alvacento
Reflete o ribeirão na água clara e sonora.
Este é o ninho feliz e obscuro em que mora;
Além, o seu quintal; este, o seu aposento.
Vem do campo, a correr; e húmida do relento,
Toda ela, fresca do ar, tanto aroma evapora
Que parece trazer consigo, lá de fora,
Na desordem da roupa e do cabelo, o vento...
E senta-se. Compõe as roupas. Olha em torno
Com seus olhos azuis onde a inocência bóia;
Nessa meia penumbra e nesse ambiente morno.
Pegando da costura à luz da clarabóia,
Põe na ponta do dedo em feitio de adorno,
O seu lindo dedal com pretensão de jóia.
Soneto de Francisca Julia César da Silva Münster ( 31 de Agosto de 1871 – São Paulo - 01 de Novembro de 1920 ) foi uma poetisa brasileira, professora primária, pianista e crítica literária
Francisca Júlia |
Lindo soneto e foto! Belo domingo! beijos, chica
ResponderEliminarQuando encontrei esta poetisa e este soneto, adoptei-os logo pois achei ambos, frescos, leves e belos.
EliminarE sabes, Chica? Até noto nos traços fisionómicos desta Mulher, algumas zsemelhanças comigo. Pena que, quando nasci, quase trinta anos após a sua morte, o seu espírito não tenha encarnado em mim.
Beijinhos, boa semana.
Conheço alguns poemas dela. Faz parte do lote de poetas do A mulher e a poesia, mas não conhecia este. E o seu dedal é tão bonito que realmente mais parece uma joia.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom domingo
Olá, Elvira.
EliminarHei-de ficar atenta às sua publicações nesse blog, para e inteirar de outros poeas desta Poetisa que descobri recentemente.
Obrigada, Saúde e boa semana.
Bom dia
ResponderEliminarNão tenho esse conhecimento.
O poema foi bem escolhido com certeza.
Um santo domingo
JR
Boa dia, JR!
EliminarNão tem, mas poderia ter. Os alfaites usam dedal? Olhe, nunca tinha pesado nisso. Ele há coisas...
Bom Domin go e excelente semana.
PS- Então? Ontem abraçou o seu neto ou não?
Boa tarde amiga.
EliminarOs dedais eu conheço perfeitamente, não conheço é a poetisa.
Do abraço infelizmente não correu como eu programei. Estou muito desanimado.
Obrigado
JR
Não desanime, caro amigo JR.
EliminarPressinto algo mais do que a distância entre vós, mas um dia, seja o que for que esteja pendente, há-se ser esclarecido.
Como sabe, a falar é que as pessoas se entendem.
Boa sorte e tudo de bom para si e família.
Bom dia novamente amiga.
EliminarÉ realmente mais que a distância, que são apenas quinhentos metros. É simplesmente a incoerência dos pais, principalmente da mãe, que apenas pensa no umbigo dela, e não sei como levou o meu neto a ter essa atitude.
Desculpe O desabafo mas isto não me sai da cabeça e não tenho muito com quem o fazer.
JR
Compreendo-o perfeitamente.
EliminarTenho uma amiga que costuma dizer, referindo-se a noras e a genros: "As agulhas picam mais do que os alfinetes".
Felizmente não tenho razão de queixa, nem da nora nem do genro.
Desabafe sempre que quiser. Estamos aqui para nos reconfortarmos uns aos outros.
Um abraço, boa semana, Joaquim.
Não conhecia a autora. O clima do poema poderia ser português não fora o "ribeirão".
ResponderEliminarBom Dia, um abraço.
...e não achou a Poetisa assim um nadinha parecida comigo? Nas feições, claro. Se fosse no talento poético - ah, se fosse...
EliminarE do meu dedal de prata, herança de uma avó que nunca conheci, não gostou?
Um abraço e um sorriso!
Peço que me desculpe a indelicadeza mas nunca vi bem o seu rosto, se me diz que há parecença, eu acredito.
EliminarUm abraço.
Não é indelicadeza nenhuma, Luís.
EliminarÉ verdade isso que diz.
Mas faça-me um favor: Ali mesmo do lado direito da foto da Poetisa, tem a minha foto de perfil. Olhe para ela e para mim...Também posso estar enganada, mas não me desagradaria nada ter um bocadinho de razão.
Desculpe, hoje estou virada para a paródia.
Outro abraço.
Não conhecia e hei-de ir ler mais alguma coisa dela ou sobre ela porque este soneto e peço já desculpa, achei muito pesadão. Li várias vezes para mudar de opinião, mas não. Já quanto ao dedal é muito bonito.
ResponderEliminarBeijocas e um bom domingo
Minha amiga, dúvidas eu tivesse de que é na diferença que as amizades ganham força e se cimentam, ficariam agora totalmente dissipadas.
EliminarNesta casinha pequena caiada com alva cal
Ouve-se o rumorejar das águas do ribeiro
Sente-se a aragem que roça as folhas do quintal
Como pode ser pesadão, um Soneto tão ligeiro?
Tem frescura, tem magia, tem tudo o que o campo tem
Como pode ser pesado um Soneto de imagens dourado
Quem em meu coração semeia ligeirezas como ninguém?
Respeito a tua opinião, mas não concordo com ela! :-)
Beijinhos e sorrisos.
Ah..esqueci..isto que escrevi é assim uma espécie de semi-soneto.
EliminarSó tem uma quadra e um terceto!
😘😘😘😘
Eliminar😊 😘
EliminarNão sendo novidade, nunca ouvi falar desta poetisa.
ResponderEliminarO porquê da desordem da roupa, que compõe ao chegar ao seu ninho e antes de colocar o dedal "com pretensão a joia"?
Esta foto do dedal não andou já por aqui?
bji.
Ouviu agora e espero que a guarde bem na memória, viu?
EliminarO porquê é segredo que a Poetisa levou com ela.
Coisas íntimas não se revelam nem sequem em poesia, sabia?
A foto do dedal já fez parte do meu "Abecedário Fotográfico".
Boa memória! :-)
Beijinhos
Por vezes
ResponderEliminarnão resisto
à primeira ideia
suscitada por uma imagem
Chega, chega ó minha agulha.
Afasta, afasta afasta.
Afasta o meu dedal.
Brejeira, não sejas trafulha.
Ó linda vem coser o avental!
Triesse
Cantava isso a menina da franja, filha do alfaiate,
Eliminarque gostava do eterno estudante, cujas tias
eram ricas, pensando ter no futuro um médico
que delas cuidasse. O tal que no Zoo,
dizia para o tratador:
" Fale mais alto prás minha tias ouvirem...
"Então? Sou ou não sou Doutor"?
*_*
Lindo o dedal, lindo o poema.
ResponderEliminarTambém ainda tenha na caixa de costura que a minha mãe cuidadosamente me preparou para o meu enxoval o dedal que nunca usei.
Fui sempre uma desastrada em costura, entre outras coisas! :)
Abraço
Querida Leo.
EliminarEu sei, todos sabemos, dessa tua modéstia que só revela um carácter próprio da grande Mulher que és. Pequenos são as que vivem a considerar-se sabedoras. Vem isto a propósito, ou despropósito, de te considerares "desastrada", "prosaica", etc, etc.
Nas minhas deambulações pela Net, encontrei esta afirmação do
Alexandre O'Neill que guardei especialmente para te a citar na primeira oportunidade. Acho que é chegada a hora. Disse o poeta assim:
«... o prosaico não elimina o poético. Há que tempos que
se eliminou a distinção entre o poético e o prosaico no aspecto formal. Sabe-se lá o que é uma coisa e o que é outra?»
Estás a ver? Afinal, não sou só eu que penso isso.
Um grande abraço.
Obrigada, minha linda!
EliminarVou começar a sentir-me poética! :)
Abraço
😊 Um abraço, boa semana!
Eliminargostei muito do poema, Janita
ResponderEliminarDescobri essa poetisa que não conhecia
(existe tanta gente de grande talento por esse mundo da lusofonia,
adoro ver tanta criatividade)
está belo com o rigor das palavras, colocadas no sítio certo,
como se fazia e de acordo com o movimento literário
dessa época!
Olá, querida Ângela!
EliminarFelizmente, ainda existem na actualidade excelentes Sonetistas,
conhecedoras da Arte da Poesia. Por aqui, no nosso blogobairro, temos pelo menos uma que diz ser "PoetaporqueDeusquer".Ela sonha, Deus quer e da sua pena nascem Sonetos belíssimos, como este que acabámos de ler. Da Francisca, minha homónima, imagina!!
Beijinhos e obrigada, querida
E então que me lembrei da história do dedal
ResponderEliminarAqui vai
A Agulha e o Dedal, no filme "A Canção de Lisboa" (1933)
cantado por Beatriz Costa!
https://www.youtube.com/watch?v=Up_HHCeAvo8
Não precisei ir ver, conheço lindamente.
EliminarAté fiz ali uma gracinha na minha resposta ao Rogério.
Agradeço na mesma a tua gentileza, amiga Ângela. :)
Ai, chega, chega, chega, chega
a minha agulha, afasta, afasta, afasta, afasta
o meu "didal"...eheheheh
Não conhecia esta poetisa. Belo soneto, assim como é lindo o teu dedal, sabes que nunca tive nenhum? Nunca fui dada a costuras nem alinhavos :)
ResponderEliminarBom domingo!
Beijinhos amiga Janita
Também a descobri recentemente e gostei muito do que encontrei, Manu!
EliminarPois...se calhar és como as costureiras de agulha-grossa. Não precisam de dedal.:)) Eu tenho uma data deles, uns de plástico, outros de metal, mas este é especial. É de prata. Antiquíssimo.
Uma relíquia que nunca uso.
Bom resto de Domingo e um grande beijinho, querida Manu.
Gosto de cantinhos. Fazem-me lembrar aqueles pequenos restaurantes familiares onde se come bem e a preços módicos, comida caseira e ainda se leva para casa o sorriso e a simpatia dos donos.
ResponderEliminarTambém me faz lembrar aquele pequeno café que vende doçaria caseira, decorado com esmero e bom gosto, explorado ou pela avó ou pela neta ou por um casal simpático que ali investiu as parcas economias como alternativa ao desemprego para onde foi atirado pelas curvas da vida.
E também gosto (como já lhe referi) do "rincón" espanhol, recanto tantas vezes associado a devaneios de namorados.
Portanto, todas estas imagens mimosas, queridas e amorosas me vêem à ideia quando entro neste seu blogue, Janita, e vejo publicações como a de hoje ou de ontem.
Tenha um dia bom.
Ri e sorri com este seu original comentário, Joaquim Ramos.
EliminarTão engraçado e, no fundo, tão elogioso.
Muito Obrigada.
Vamos lá ver se eu consigo filosofar, de improviso, que é como as coisas que digo/escrevo, me saem melhor.
Nem só os grandes intelectos,
dos blogs finos e selectos
atraem as atenções,
os cantinhos simplezinhos,
como aqueles restaurantes pequeninos
de boa comida caseira,
feita pela cozinheira que serve também
simpatia, sem pretensões em demasia,
atrai boa e culta freguesia.
Fica a doceira encantada
e no final, com uma saudável risada,
inclina-se em vénia agradecida.
Um abraço e um sorriso, Caro J.
A poetisa não conhecia. O dedal é lindo, Janita. Até apetece costurar. :))
ResponderEliminarCosturar, no termo exacto da palavra, já não o faço, mas aprendi e até fiz, usando moldes, vestidos para a minha filha quando era pequenina e fiz os pré-mamã que usei. Aquilo era tudo a direito, não custava nada.
EliminarMas ainda agora, um botão que cai, uma baínha a subir, às vezes, lá vai... o dedal para o dedo médio e a agulha para o indicador e o polegar. :))
Nunca consegui usar o dedal nas raras vezes que costurava algo.Como voce cita temos sempre uma bainha a fazer e um botão que já vem da loja caindo. Mais que isso, também nao saberia.
ResponderEliminarO poema gostei da forma sutil que valoriza o dedal como fosse uma joia _não lembro de já ter lido poesias dela. Obrigada por traze-la.
beijinhos e feliz semana, querida amiga.
Querida Lis, não sabes de costura mas sabes de fotografia, isso também eu não sei, e gostaria. :-)
EliminarA verdade é que ninguém nasce ensinado. Só sabemos as coisas que aprendemos e nem todos temos inclinação pelas mesmas apredizagens.
Um beijinho grande, amiga.
Entre o que tu sabes e eu sei, cá nos vamos entendendo, né?
Boa semana, querida Lis.
Olá, querida Janita, pois eu gostei muito do soneto de Francisca Julia César da Silva Münster e muito também do dedal, e vou fazer uma ponte, com sua licença:
ResponderEliminarLevarei teu link para Francisco e Idalisa e deixarei aqui o link de um belo blog mostrando uma grande coleção de dedais, muito bonito!Os amigos são de Portugal, de Setúbal. Talvez você os conheça. E eles, você!!
Blog de Francisco e Idalisa:
http://dedaisfranciscoidalisa.blogspot.com/
Beijinho, uma feliz semana.
Olá, querida Taís.
EliminarEstas manhãs de segunda-feira são sempre ocupadas de mil e um afazeres, que me impedem de responder atempadamente aos comentários que gentilmente os amigos me deixam.
Já vi o que o Francisco e a Idalisa se adiantaram a mim.
Muito obrigada, amiga, por estar sempre presente e por me trazer mais uns amigos também, como dizia o nosso Zeca Afonso.
Beijinhos e boa semana.
Não conhecia, fiquei a conhecer aqui e gostei muito.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
Fico tão contente, Pedro...!
EliminarNão sendo a poesia a sua praia, é bom saber que as minhas escolhas poéticas coincidem com o seu gosto.
Um beijinho, boa semana e obrigada.
Não conhecia, e adorei.
ResponderEliminarPara mim tudo o que vem da rotina, da vida comum, merece ser louvado. E mais rotineiro que um dedal (bem, hoje em dia não tanto), deve haver pouco
...uma vassoura ou um aspirador, hoje em dia, devem ser bem mais rotineiros do que um dedal, Miguel. :-))
EliminarBoa semana, um abraço.
Um belo soneto de que gostei bastante e não conhecia a autora.
ResponderEliminarCheguei ao blogue por indicação da Tais e gostei.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Muito obrigada, Francisco.
EliminarRetribuirei com gosto a sua visita.
E então? Gostaram do meu dedal? :-)
Boa semana e um abraço grato.
Olá Janita,
ResponderEliminarGostei muito!
Tanto do soneto como do dedal. O último pela beleza, não por ter jeito para a arte da costura.
Mas, adoro coisas assim antigas.
Um grande beijinho Janita!
Sandra Martins
PS -Tenho andado por aqui, a vontade de "falar" é que, por circunstâncias várias, não tem sido muita.
Olá, Sandra!
EliminarJá me tinha perguntado o que seria feito de si pois não a tenho visto em lado nenhum.
Lamento que o motivo do seu silêncio seja essa falta de vontade em falar, já que os motivos para tal me parecem não ser os melhores.
Minha querida, o tempo cura tudo. Deixe que os dias passem sem forçar a sua vontade e, quando lhe apetecer, já sabe que estou aqui de braços abertos.
Muito obrigada, leve um grande e apertado abraço meu.
Beijinhos amigos.
Olá, Janita
ResponderEliminarNão conhecia esta escritora. E fez um belo poema a partir de um objeto tão simples e conhecido como é o dedal. Também os tenho na minha caixinha da costura. E outros mais bonitos que não uso, mas que gosto de ver.
Quando era menina e moça, andei a aprender a bordar e usava o dedal porque a agulha e a linha eram fininhas. Ah, também bordei uns quadrinhos a ponto de cruz com o dedal no dedo - nesse tempo mais fininho.
Um beijinho, Janita
Olá, Maria Dolores.
EliminarAcho que o soneto versa, essencialmente, o ambiente campesino em que a jovem se movimenta. Há algo naquela corrida de regresso e no desordenamento do cabelo, penso ter sido coisa do vento, mas pode não ter sido...:-))
O dedal, é o seu refúgio, o modo de poder estar sossegadita a costurar, enquanto vai meditando no passeio...Esta é a minha versão, pode ser verdade ou talvez não.
Amiga, mulheres assim prendadas como nós, já não existem hoje em dia, nem mesmos nós. Eu, pelo menos, já não sou. Nas horas de lazer, ou ler ou tagarelar martelando estas teclas é o meu prazer.
Um beijinho e bem-haja, querida Dolores.
Desconhecia esta Poetisa, muito menos a sua obra/poesia. Porém, adorei
ResponderEliminarA foto é maravilhosa!:))
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Votos de uma excelente semana. Beijos