quinta-feira, 18 de março de 2021

Um Soneto Por Semana. # 14

 

Camilo Castelo Branco, Ana Plácido
e um filho de ambos.

"Os Amigos"


Amigos cento e dez, e talvez mais, 

Eu já contei. Vaidades que eu sentia! 

Supus que sobre a terra não havia 

Mais ditoso mortal entre os mortais. 



Amigos cento e dez, tão serviçais, 

Tão zelosos das leis da cortesia, 

Que eu, já farto de os ver, me escapulia 

Às suas curvaturas vertebrais.


Um dia adoeci profundamente. 

Ceguei. Dos cento e dez houve um somente 

Que não desfez os laços quase rotos.


 - Que vamos nós (diziam) lá fazer? 

     Se ele está cego, não nos pode ver… 

    Que cento e nove impávidos marotos!


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26 comentários:

  1. Espantoso esse soneto, humor e verdade.
    Obrigado. Boa noite.

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    1. Sentido de humor, mas um humor simultâneamente dolorido e complacente, uma faceta de Camilo que poucos conheceriam.

      Concordo consigo, há muita verdade nisto.

      Obrigada, eu.

      Um abraço.

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  2. Cento e dez filhos da mãe, isso sim!
    Soneto magnífico!

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    1. Tudo, menos marotos, não achas UmaMaria?
      Este soneto foi mesmo uma surpresa para mim.

      Obrigada.
      Beijinhos

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  3. Queria dizer cento e nove! Fiquei tão tocada pelo soneto que até troquei os números...

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    1. Dorme bem, Maria. :)

      Até amanhã.

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    2. Eu não vi video nenhum...

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    3. UmaMaria.

      Se não viste o vídeo em que a Sarah Brightman e o José Carreras cantam o tema "Friends for Life", é porque acompanhas os blogs pelo "stupidphone", fiz a experiência e pelo meu também não vejo. É por isso que faço tudo pelo PC.

      Boa noite.
      Beijinhos.

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    4. Então é isso!
      Beijinhos

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  4. Chapelada para o nosso poeta!!!
    Beijinhos

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    1. Fantástico este Soneto, não é Pedro?
      Quem diria que o autor de "Amor de Perdição" romance que fez chorar gerações, teria tão apurado sentido de humor? :)

      Beijinhos.

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  5. Bom dia
    Mais uma escolha de peso .
    Amigos para sempre são na verdade muitos raros. Mas também os há.
    O vídeo está muito lindo.

    JR

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    1. Bom dia, JR.

      Costuma-se dizer que, quando não somos os maiores temos de ser os melhores. Ora eu, serei a «melhor» na escolha de boa poesia. :)

      Um abraço, de uma amiga virtual.

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  6. Não digo eu que aprendo sempre com a Janita?

    Não imaginava Camilo Castelo Branco capaz de escrever algo com humor.

    E, doa a quem doer, muito assertivo.

    Eu prezo imenso a amizade mas também a lealdade e a honestidade. Talvez por isso não tenha cento e dez amigos. Mas os que tenho, já o são há mais de metade da minha vida. Já passei mais tempo com eles do que sem eles.

    Vou mandar mais uma "acha para a fogueira": são Amigos e não "Facefalsos".

    Para ilustrar o que quero dizer, deixo um poema que li recentemente e de que gostei muito:

    "Para um amigo tenho sempre um relógio
    esquecido em qualquer fundo de algibeira.
    Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
    São restos de tabaco e de ternura rápida.
    É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
    É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.

    Poema de António Ramos Rosa

    Um abraço amigo, Janita e resto de boa semana (já cheira a fim-de-semana!)

    Sandra Martins

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    1. Olá, Sandra.

      Estamos sempre a aprender uns com os outros.
      Tenho pena que a Sandra não se disponha a criar um espaço seu na blogosfera. Tenho a certeza que teríamos muito a aprender consigo.

      Agradeço sensibilizada o belo poema de A.R.R., poeta escritor que muito admiro. Assim como lhe fico grata de me incluir entre as suas amizades, ainda que virtuais.

      Um beijinho igualmente amigo.

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  7. Belo soneto que nos deixa a pensar nos amigos que temos e naqueles que julgamos que são e deixam de ser.
    Sobre a música? Divinal!

    Beijinhos amiga

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    1. Querida Manu, por vezes também nos enganamos. Pois andamos anos a pensar ter feito amizades para a vida e, afinal, tal não aconteceu. Sou permissiva e tolerante com os erros daqueles que considero amigos, até porque ninguém é perfeito, só não perdoo deslealdades e hipócrisias. Aí, acabou!

      Um beijinho grande, querida Manu.

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  8. Bom dia!
    Camilo Castelo Branco era uma das paixões do meu pai, desde muito novo. Referia mais os romances, mas a dor humana era sempre lembrada.
    Boa escolha do soneto e do tema da amizade, sempre atual.
    Um beijinho, Janita.

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    1. Olá, Maria Dolores.

      Não sendo Camilo Castelo Branco, o meu escritor português preferido, gosto muito de algumas das suas obras.

      Muito obrigada pela sua apreciação e visita.
      Um beijinho também.

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  9. Um delicioso soneto! Aliás, há centenas de belíssimos sonetos dispersos por variadas publicações, alguns deles de autores desconhecidos. Na minha opinião, considero o soneto a mais complexa e difícil composição poética.

    Um dia lindo e um abraço, Janita!

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    1. Olá, A.S.

      Na minha ignorância acerca de Poesia, tenho lido bastante acerca da complexidade na construção de um Soneto. Felizmente temos, até aqui, na blogosfera, excelentes mostras de bons sonetistas.
      Até mesmo em blogues cuja temática é completamente o reverso de uma alma poética. Contradições intencionais, talvez.

      Agradeço a tua sempre bem-vinda presença ao meu modesto cantinho.

      Feliz dia para ti e um abraço também. :)

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  10. Amigos para sempre há poucos mas bons.
    Sonetos bons há muitos, este é um deles!

    Abraço

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    1. Creio que, na amizade como no Amor, podemos aplicar a máxima do poeta: "Tudo é eterno enquanto dura".

      Gostei muito que tivesses gostado desta minha escolha poética, Leo. Porque a tua opinião, para mim, conta!

      Um forte abraço.

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  11. Amigos para sempre. A amizade é uma coisa muito séria, que ultimamente tem sido muito banalizada. As pessoas conhecem-se hoje, amanhã são amigas e dois dias depois não se conhecem.
    Abraço e saúde

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    1. É isso tudo como a Elvira diz.
      As redes sociais talvez tenham dado um forte contributo para essa banalização da palavra amigo. Mas também depende muito de cada pessoa.

      Um abraço e obrigada, Elvira.

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