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A TERCEIRA MARGEM.
Guimarães Rosa foi avisado por uma cigana: «Vais morrer quando realizares a tua maior ambição»
Coisa estranha: com tantos deuses e demónios que este homem tinha dentro de si, era, no entanto, um cavalheiro muito formal. A sua maior ambição consistia em que o nomeassem membro da Academia Brasileira de Letras.
Quando o designaram, ele inventou desculpas para adiar a sua entrada. Inventou desculpas durante anos: a saúde, o tempo, uma viagem...
Até ter decidido que já eram horas.
Realizou-se a cerimónia solene e, no seu discurso, Guimarães Rosa disse: «As pessoas não morrem. Ficam encantadas.»
Três dias depois, numa tarde de Domingo, ao voltar da missa, a mulher encontrou-o morto.
Texto de Eduardo Galeano, transcrito do seu livro: "Dias e Noites de Amor e de Guerra".
Pág. 167
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João Guimarães Rosa foi um poeta, diplomata, novelista, romancista, contista e médico brasileiro, considerado por muitos o maior escritor brasileiro do século XX e um dos maiores de todos os tempos.
[Informação recolhida na Wikipédia]
( Foto minha)
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Interessante, esta publicação. Simultaneamente estranha.
ResponderEliminarBeijinho, Janita.
Efectivamente, assim é, António.
EliminarNão sei se ouviste o vídeo, mas digo-te que o texto está intimamente ligado ao conto de Guimarães Rosa, sumariamente explicado pela senhora porta-voz da Casa do Saber...e, como o saber não ocupa lugar, se não abriste o vídeo, abre-o. Isso sim, é verdadeiramente interessante.
Beijinho e bom fim de semana.
Como árvore plantada à margem de águas correntes: dá fruto no tempo apropriado e suas folhas não murcham. Salmo 1,3
ResponderEliminarDa nascente até à foz, todos temos o nosso rio para percorrer.
EliminarGrata pela visita.
Bom fim-de-semana
Tão interessante a explicação do conto.
ResponderEliminarFaz-nos pensar no nosso percurso entre duas margens.
Abraço
Penso que a terceira margem do nosso rio, Leo, tê-la-emos ao chegar à foz e nos juntarmos ao imenso mar que nos espera.
EliminarSerá?
Forte abraço
Mas que lindo, Janita! Gosto muito de Guimarães Rosa, mas adorei o video e a explicação sobre a Terceira Margem; esta senhora falou de um modo tão delicado que nos deixa a reflectir sobre a vida e a morte e emociona-nos Não basta transmitir uma mensagem, mas é muito importante saber transmiti-la e esta senhora fâ-lo de uma maneira fantástica. Obrigada, Janita! Um bom fim de semana, com saúde, sempre. Beijinhos
ResponderEliminarEmilia
Olá, Emília!
EliminarTambém gostei imenso de ouvir. Por isso recomendo a audição na minha primeira resposta. Ficar parado no meio do rio, não adia o chegarmos à foz...Não nos deixa é apreciar as belezas das margens, que poderíamos ir apreciando durante o percurso.
Eu é que agradeço que tenha vindo.
Um beijinho e um bom fim-de-semana.
Que bela partilha! Que bela homenagem ao mestre Guimarães Rosa!
ResponderEliminarComo ele sabia ouvir e contar histórias.
Caetano Veloso e Milton Nascimento fizeram uma música para homenageá-lo, que você deve conhecer. Ainda assim, trago um vídeo com uma interpretação de Mônica Salmaso com um belo arranjo (para mim). A acompanhá-la estão dois músicos e arranajadores extraordinários.
https://www.youtube.com/watch?v=O8IDUyQQKnY
E um fragmento da letra da música A terceira margem do rio
Oco de pau que diz:
Eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, tristriz
Risca certeira
Meio a meio o rio ri
Silencioso sério
Nosso pai não diz, diz:
Risca terceira
Água da palavra
Água parada pura
Água da palavra
Água de rosa dura
Proa da palavra
Duro silêncio, nosso pai
Margem da palavra
Entre as escuras duas
Margens da palavra
Clareira, luz madura
Rosa da palavra
Puro silêncio, nosso pai
(A letra completa você a fisga no Google)
O vídeo é interessante, esclarecedor para quem ainda não conhece o conto do velho Guima.
Beijinhos, minha amiga!
Amigo José Carlos, sempre generoso nos seus comentários! Muito grata por tudo.
EliminarDe facto conheço a canção e até estive tentada a publicá-la, ao invés do vídeo da Casa do Saber, mas optei pelo segundo.
Haverá outras oportunidade de fazer um post inteiramente dedicado a essa excelente interpretação.
Um grande Bem-Haja e um forte abraço de Amizade.
Beijinho
Querida Janita, obrigada pelo aviso. Os seus comentários já estão no seu devido lugar e terão resposta como sempre faço. Todos os dias vou ao spam, pois agora acontecem coisas estranhas. Beijinhos
ResponderEliminarEmilia
Têm acontecido desaparecimentos de comentários, Amiga Emília. Sem que saibamos porquê o Blogger manda-os para spam ou fazem-nos sumir, simplesmente. Já os comentários insultuosos de anónimos/as cobardes que os usam para descarregar a bilís e caluniar os demais, deixam-nos passar. Vamos lá nós adivinhar que estranho critério eles usam?!!
EliminarUm abraço e bom domingo, Emília.
Estranha publicação, mas com muito conteúdo.
ResponderEliminar.
Bom fim de semana … cumprimentos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
O invólucro não interessa, o que conta é o conteúdo.
EliminarBom domingo.
Cumprimentos
Infelizmente para mim só conheço Guimarães Rosa de nome.
ResponderEliminarAbraço, saúde, bom domingo e feliz Outono
Há infelicidades maiores, Elvira. O que pode é ser uma falha nos seus vastos conhecimentos. Mas quem pode dizer que conhece tudo, não é?
EliminarAbraço e um bom domingo.
Vou repetir as palavras de Guimarães Rosa- " as pessoas não morrem. Ficam encantadas". Palavras sábias deste bonito post.
ResponderEliminarBeijinhos Janita
Era bom que as pessoas ficassem encantadas, durante um século ou mais - como a Bela Adormecida - e desencantassem com o beijo de um belo Príncipe/Princesa. Não era querida Manu? :)
EliminarBeijinhos e um bom domingo.
Uma previsão que se tornou num fatalismo letal.
ResponderEliminarO passamento de Guimarães Rosa permitiu-lhe a imortalidade que o seu talento tornou real na sua obra.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Amigo Juvenal, peço-lhe imensa desculpa por este lapso ainda que sem qualquer culpa, uma vez que apenas hoje vi o seu comentário no spam.
EliminarDe facto, com ou sem este episódio, descrito por Galeano, Guimarães Rosa foi, e é, um dos maiores vultos das Letras do Brasil e do mundo.
Um abraço com amizade.
Sou dos que não acreditam em bruxas,, mas, como dizia o outro, que as há, há.
ResponderEliminarTambém não tenho memória, como dizia um outro, de ter lido o Guimarães Rosa; não me peçam para ser enciclopédico.
Bom Domingo.
Pois eu acredito que as hajam, sim. E muitas mais do que pensamos, amigo José. Até eu gostava de saber fazer uns bruxedos, veja lá. :))
EliminarAté as enciclopédias precisam ser recicladas, quanto mais nós, simples viventes com pouca vivência.
Bom Domingo e um beijinho.
...acredito que as 'haja', assim é que se fala em bom português.
EliminarPobre homem... não sobreeveu ao sucesso.... beijo
ResponderEliminarEstava escrito meu caro, estava escrito!
EliminarUm abraço.
Espero brevemente estar a calcorrear aquela ponte...
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
Imagino a vossa ansiedade, Pedro! :)
EliminarA foto ficou pouco nítida por duas razões: a primeira porque o dia estava pouco luminoso e a segunda, porque foi captada a partir do interior do Funicular dos Guindais cujos vidros estavam super sujos.
Beijinhos e uma boa semana
Um grande escritor.
ResponderEliminarE melhor que um rio sem margens é um rio com três... e o que seria de um rio e da vida sem pontes...
Boa semana, amiga Janita.
Um beijo.
Grande pensamento, amigo Jaime. :) Também acho preferível pecar-se por excesso do que por defeito...
EliminarUm forte abraço e uma boa semana.