domingo, 8 de outubro de 2023

HÁ FOGO SOB E SOBRE A TERRA.

 


Infelizmente, sobre a Terra, há uma minoria para alegrar-se com os que se alegram. Cada vez mais são os que choram e nos levam a acompanhar-lhes o pranto...Ninguém quer perder, ninguém quer ficar atrás. A lei do olho por olho dente por dente, está  viva, palpitante e destruidora....

É chegada a hora de inverter as palavras divinas:  
"Não vos inquieteis pelo dia de amanhã" 
Inquietei-vos, e muito, pelo dia de amanhã.

(...)
Há fogo sob a terra,
E fogo é pureza.

Há fogo sob a terra
E pedra que não pesa.

Há um fluxo sob a terra,
Que em nós não retesa.

Há um fluxo sob a terra,
e nos ossos, leveza.

Vem aí um grande fogo,
vem aí um fluxo sobre a terra.

Testemunhas seremos, certeza.
(...) 

 

Excerto do poema "Canções de uma Ilha" da filósofa, poeta e dramaturga austríaca Ingeborg Bachmann.

( 1926 - 1973 )


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25 comentários:

  1. Bom dia
    Hoje é dia de reflexão .
    É obrigatória a nossa inquietação.
    Continuação de um bom domingo , amiga.

    JR

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    1. Para reflectir é preciso parar, analisar, medir e pesar a importância que as coisas simples têm na nossa vida.
      O Pastor que guarda as almas para que se não tresmalhem, já não sabe o que fazer. Em breve tudo nos faltará, JR, pode crer!
      Os reis Midas deste mundo que pensem nisso...
      Obrigada, amigo.
      Igualmente para si.

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  2. Respostas
    1. Señor del Rincón, a autora, Ingeborg Bachmann, gostaria de o ler, se pudesse.
      Thanks.

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  3. Muito lindo e reflexivo...Uma pena,mas há cada vez mais fogo e menos paz!

    beijos praianos, chica

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    1. Já não bastava a devastação provocada nos dois países de Leste, agora vemos reacender uma fogueira de ódio e vingança que ceifará mais vidas inocentes. O ser humano não aprende nada, Chica!
      Beijos, consternados.

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  4. Tenho para mim que, salvo em pequenas comunidades - e mesmo nessas ...- cada um trata da sua vidinha. O meu vizinho do lado tem um novo e luxuoso carro, e sorri inchado de contente; como hei-de eu sorrir com ele se não posso ter um carro, se não igual, ao menos parecido? A vizinha de baixo perdeu o marido, coitada. Umas palmadinhas nas costas - é a vida, vizinha - e vamos à nossa vida.
    Pequenos gestos, que nada custam, podem fazer alguém feliz, por poucos momentos que seja. Mas todos temos pressa, o tempo escapa-nos, o telemóvel dá um qualquer sinal e vamos ver do se trata. O chefe liga-nos às 3 h da madrugada e se não atendermos, mais loguinho, pela manhã, ao chegarmos, temos sermão e missa cantada, no mínimo. Somos hoje mais felizes que os nossos pais ou avós? Hoje, os miúdos têm tudo na loja, enquanto noutros tempos as raparigas faziam as suas próprias bonecas e respectivos vestidos e os rapazes construíam as suas carroças e as bolas de trapos. Sim, felizmente há menos pobreza e incultura, mas a felicidade não é só isso. E acrescento: quem tem amigos verdadeiros, que os guarde; trata-se de um bem precioso.
    beijinhos domingueiros

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    1. Amigo José, sinto-me vazia de palavras para lhe agradecer as suas. Sensata e simplesmente, expôs no seu comentário - que adorei - a razão de tanto ódio e destruição.
      A inveja, o querer sobrepôr a sua vontade à força, sem olhar a meios para alcançar os fins. Assim, o ser humano vai ficando mais só e desamparado.
      Lembrei-me das Comunidades Amish sobre as quais um dia falei, a propósito de um quadro que bordei a ponto cruz e com ele vos lancei um desafio. Lembra-se ? Esses, voltaram as costas à dita civilização e vivem felizes comendo o que produzem e tecendo as mantas que os agasalham.
      Não seria preciso tanto, mas mais simplicidade na forma de viver, dar-nos-ia tempo para desfrutarmos e proporcionarmos apoio a quem dele necessita.

      Um beijinho com amizade.

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  5. Rogério V. Pereira08 outubro, 2023 18:12

    Inquietai-vos, e muito,
    pelo dia de hoje
    pois o dia de amanhã
    não sabemos se haverá...

    Bjito pessimista

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    1. O dia de amanhã pode ser já hoje,
      nesta madrugada,
      na próxima hora...

      Beijtos também para ti, Rogério, mas com uns resquícios de Esperança de que o bom senso prevaleça.

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  6. Há cada vez menos assuntos que nos levem a sorrir.
    Porque nem é preciso que um fogo se apague para outro se acender.
    Gostei dos excertos do poema, que não conhecia. Obrigado pela partilha.
    Beijinhos e boa semana.

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    1. Verdade! É esse fogo constante, que ninguém parece interessado em extinguir, antes pelo contrário, atiçado e alimentado, que vai destruir-nos a todos, Jaime.
      Infelizmente, esta talentosa poetisa e dramaturga, mercê da sua relação com o também poeta Paul Celan, deixou-se ofuscar pela sua fama. Foi pena...
      Boa semana, jaime.
      Um beijinho

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  7. Preocupante e inquietante os tempos que correm em que os media mostram tudo até à exaustão! Gostei muito do poema que desconhecia.
    Melhores dias virão e nós por cá continuamos com greves de tudo e mais alguma coisa, que para mim já ultrapassaram as linhas vermelhas, sobretudo na educação e transportes!
    Beijos e um bom dia

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    1. Concordo que os tempos são de ódio e destruição, de ganância e crueldade, mas quanto ao excesso de informação que nos entra em casa e mostra a triste realidade, só vê quem quer.
      Prefiro estar informada do que viver como a avestruz. Aquilo que hoje vemos acontecer lá longe, pode em breve bater à nossa porta...
      Ah, as greves...quem nos desgoverna encolhe os ombros e diz que 'ele' é que manda. Encontrar um ponto de equilíbrio, não lhe interessa...e, quem se lixa? Pois... :(
      Beijinho, Fatyly.

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  8. O ódio e a destruição vêm de longe. Muitos e muitos anos com o Ser Humano a mostrar o que (não) vale.
    E onde há dinheiro, ou géneros, parece pior, se é que o termo pior se aplica, de tão mau que é tudo.
    Beijinhos, Janita, boa semana.

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    1. Enquanto o ser humano se não diferenciar dos irracionais pela bondade, partilha e perdão, será sempre tão irracional quanto eles, ou pior!

      Beijinhos, boa semana.


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  9. Não consigo compreender este ódio destruidor!

    Abraço

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    1. Estamos muito longe desses interesses desmesurados e dessa ânsia de poder para podermos compreender, Leo.
      Para os profissionais da guerra, matar e ver morrer e torna-se natural. Uma barbárie que vem de longe...mas as crianças, Senhor? :(

      Abraço

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  10. Tomara que não tivesses razão, mas tens e muita. Não conhecia...

    Um beijinho e muita saúde (eu ainda luto pela acuidade visual, peço desculpas pelos comentários breves.).

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    1. Olá, Ana!
      Tenho ido ao teu espaço, mas perante a beleza dos teus escritos, fico sem saber o que dizer. Tudo o que conheço e sei me parece tão aquém que leio e releio e saio sem nada dizer. Mas um dia destes entro, sento-me e divago a meu bel-prazer.
      Beijinhos gratos e as tuas melhoras.

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    2. Não digas isso...prezo sempre os teus comentários e, acredita, há muita dureza nos meus "escritos"! Diz tudo o que te aprouver.
      Beijinho

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  11. Nem é necessário referirmo-nos aos registos históricos e à arte para confirmarmos que o ódio tem raízes muito profundas. Basta acompanhar as notícias do dia a dia. Ninguém fala sobre esperança e amor.
    Muitos são de opinião que o ódio tem uma origem biológica e cultural. Que há uma predisposição em todos os seres humanos para a violência. Acredito que assim seja.
    Para nosso bem estar físico e mental, e de todos os que nos rodeiam, devemos nutrir a esperança e o amor. : ))

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    1. Sabes, Catarina? Quando vejo a violência contra os mais fracos, a imposição da vontade do homem em submeter a mulher, considerando-a um ser inferior, como não raras vezes vemos nas imagens que nos chegam, penso que em algumas partes do globo e um pouco por todo o mundo, o primitivismo das cavernas continua latente.
      Concordo inteiramente com o teu último parágrafo, claro. :)
      Beijos

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  12. Os judeus não perdoam, até o Cristo crucificaram!

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    1. "NEM CONTIGO NEM SEM TI"
      Como sabe, desde que foi fundado o Estado de Israel que esta disputa existe, reacendendo a chama pela posse da terra prometida, que julgam pertencer-lhes...

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