Não é novidade para ninguém que a Assembleia da República tem sido palco de cenas que, se não fossem cómicas, seriam trágicas. Desde os corninhos de Manuel Pinto, aos insultos de
André Ventura dirigidos à deputada Ana Gomes, aquando era discutida a obrigatoriedade da vacina contra a Covid 19, de tudo quanto é cena rocambolesca tem por lá passado. Muitas outras cenas houve, sobre as quais me não debruço pois este post é dedicado à poesia...
Ora, decorria o início da década de oitenta e na AR debatía-se a despenalização do aborto. O então deputado do CDS, João Morgado, argumentou peremptório: "O acto sexual é para ter filhos".
Oh, Morgado no que te meteste!!
Natália Correia (na altura deputada eleita pelo PPD) subiu à tribuna para responder com um poema no mínimo original...
Vamos recordá-lo? Ei-lo:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! - uma vez.
E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
As gargalhadas obrigaram à interrupção dos trabalhos. 😃
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Lembro-me bem desse episódio que ainda hoje é lembrado, como tu fizeste.
ResponderEliminarNatália era um ser excepcional!
Abraço
Natália era uma mulher forte, independente e determinada.
EliminarNunca é fácil vergar uma vontade indomavél. :)
Abraço, Leo.
Pinho e Ventura são uma nódoa que desprezo! Já Natália Correia foi uma excelente deputada, mas sinceramente não me recordo deste episódio com um poema bem ao seu estilo e que desconhecia!
ResponderEliminarSaio daqui com um sorriso:)
Beijos e uma boa tarde!
Mais do que excelente deputada, Natália foi uma mulher de luta.
EliminarÉ natural que não te lembres deste episódio, quarenta anos fazem assentar muita poeira.
Beijos e uma boa noite
Vou resumir: quem se mete com Natália, leva forte!
ResponderEliminarBeijinhos, Janita.
O disparate do Morgado tinha que levar troco. Quem mais do que Natália Correia o poderia fazer com talento e graça?
EliminarBeijinhos, António.
Post incrível! Parabéns.
ResponderEliminarBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Obrigada, Emerson Garcia.
EliminarAté um dia.
Boa semana.
E saiu-lhe de improviso, sem mais aquelas.
ResponderEliminarNão assisti à cena, mas deve ter sido um fartote de riso na AR e o Morgado a escorregar pela cadeira abaixo, sem saber onde se meter...
bjis.
Depois deste episódio muitas outras gaffes e palermices foram ditas na AR, só que entre a oposição não há ninguém com o lirismo, o sarcasmo e o talento poético improvisador da Natália Correia...
EliminarBeijinhos
Natália sem papas na língua:)
ResponderEliminarBeijinhos Janita
Sem papas na língua houve, há e sempre haverá gente por lá, agora com a envergadura e categoria de uma Natália é que não há! :))
EliminarBeijinhos, Manu!
Gosto da sua poesia.
ResponderEliminarEu sigo seu blog.
saudações da Indonésia
Fico-lhe grata por isso, caro visitante.
EliminarMas do que eu não gosto mesmo nada, nada... é dos comentários com conteúdos copy-paste.
Saudações à moda do Porto. :)
Há mulheres, como a Natália Correia, que vale a pena a gente recordar.
ResponderEliminarJá a palhaçada a que assistimos no Parlamento é de bradar aos céus. Eles que nos prometeram ir para lá defender os nossos direitos só nos envergonham a cara.
Só recordo quem eu considero que merece ser recordado. E acerto quase sempre com os considerandos alheios...:)
EliminarJá com a palhaçada política ( sem desprestígio para os Palhaços circences) que não representam condigamente os nossos direitos e sim o interesse deles, só me recordo desta frase do Vasco Santana :
Carneiro amigo, andamos todos ao mesmo..
:(