terça-feira, 19 de novembro de 2019

"RESISTIR É VENCER"


José Mário Branco, resistiu sempre,não se acomodou nem estava acomodado. Infelizmente, um Acidente Vascular Cerebral, (AVC) fez-lhe frente e  foi mais forte, levando-o de vencida. 
Li, algures, que sempre afirmou ser contra o Fado, canção nacional, assim denominada e  instituída pelo regime ditatorial. No entanto,  no  Álbum "Resistir É Vencer", editado em 2004, creio, a canção nº 12 é o "Fado Em Dó Maior". E com este fado  presto a minha sincera e sentida homenagem a um dos maiores e mais conceituados nomes da canção portuguesa.





Qualquer sítio do mundo
Tem o seu português
Ou antigo português
Ou resto de português
O resto desse resto português
É que faz a vez do todo português

Abismo vagabundo
Chamado Portugal
 Viaduto natural
 Entre a Índia e o quintal
É tão longe de Portugal a Portugal
 Dói mas não faz mal
 É o mal de Portugal

 Refrão: Por aí
Mais ou menos
O que eu vi
Já te vi
Ostrogodos sarracenos
 Inda agora os conheci
 Saio da casca
É já ali
 Fico à rasca
 Na borrasca Portugal agora é aqui
Quem não pode, desenrasca

Arrisco quase tudo
E quase pela certa
 Quando a sorte nos aperta
 Perder é quase ganhar
Eu sempre que abalei à descoberta
 Deixei a porta aberta
 Para quem quisesse entrar

Por isso apareço
Onde menos se espera
Taberneiro de quimera
Marinheiro sempre à mão
O ir-e-vir é que me dilacera
Mas o futuro que já era
 Vai pagando a redenção.

Refrão: Por aí
Mais ou menos
 O que eu vi
Já te vi
 Ostrogodos sarracenos
 Inda agora os conheci
 Saio da casca
É já ali
 Fico à rasca
 Na borrasca Portugal agora é aqui
Quem não pode, desenrasca

Talvez eu chegue um dia
 Ao fim desta viagem
Ficando aqui na paragem
A andar p’ra cá e p’ra lá
 Se a camioneta nunca mais chegar
 Eu não vou parar de andar

E alguma coisa virá
A vida é assim feita
Que tudo o que parece
É mesmo aquilo que acontece
Ou parece acontecer
 Certo, certo, é que ao fim deste carril
Há-de haver algum Brasil
 Para eu me refazer

 Refrão: Por aí
Mais ou menos
 O que eu vi
Já te vi
 Ostrogodos sarracenos
 Inda agora os conheci
 Saio da casca
É já ali
 Fico à rasca
 Na borrasca Portugal agora é aqui
Quem não pode, desenrasca.

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Obrigada, José Mário Branco, pelo muito que deu a este 

nosso Portugal que, quando se vê à rasca e não pode:

desenrasca! 

Descanse em Paz.


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