José Mário Branco, resistiu sempre,não se acomodou nem estava acomodado. Infelizmente, um Acidente Vascular Cerebral, (AVC) fez-lhe frente e foi mais forte, levando-o de vencida.
Li, algures, que sempre afirmou ser contra o Fado, canção nacional, assim denominada e instituída pelo regime ditatorial. No entanto, no Álbum "Resistir É Vencer", editado em 2004, creio, a canção nº 12 é o "Fado Em Dó Maior". E com este fado presto a minha sincera e sentida homenagem a um dos maiores e mais conceituados nomes da canção portuguesa.
Qualquer
sítio do mundo
Tem o seu português
Ou antigo
português
Ou resto
de português
O resto
desse resto português
É que faz
a vez do todo português
Abismo
vagabundo
Chamado
Portugal
Viaduto natural
Entre a Índia e o quintal
É tão
longe de Portugal a Portugal
Dói mas não faz mal
É o mal de Portugal
Refrão: Por aí
Mais ou
menos
O que eu vi
Já te vi
Ostrogodos sarracenos
Inda agora os conheci
Saio da casca
É já ali
Fico à rasca
Na borrasca Portugal agora é aqui
Quem não
pode, desenrasca
Arrisco
quase tudo
E quase
pela certa
Quando a sorte nos aperta
Perder é quase ganhar
Eu sempre
que abalei à descoberta
Deixei a porta aberta
Para quem quisesse entrar
Por isso
apareço
Onde
menos se espera
Taberneiro
de quimera
Marinheiro
sempre à mão
O
ir-e-vir é que me dilacera
Mas o
futuro que já era
Vai pagando a redenção.
Refrão:
Por aí
Mais ou
menos
O que eu vi
Já te vi
Ostrogodos sarracenos
Inda agora os conheci
Saio da casca
É já ali
Fico à rasca
Na borrasca Portugal agora é aqui
Quem não
pode, desenrasca
Talvez eu
chegue um dia
Ao fim desta viagem
Ficando
aqui na paragem
A andar
p’ra cá e p’ra lá
Se a camioneta nunca mais chegar
Eu não vou parar de andar
E alguma
coisa virá
A vida é assim feita
Que tudo
o que parece
É mesmo
aquilo que acontece
Ou parece
acontecer
Certo, certo, é que ao fim deste carril
Há-de
haver algum Brasil
Para eu me refazer
Refrão: Por aí
Mais ou
menos
O que eu vi
Já te vi
Ostrogodos sarracenos
Inda agora os conheci
Saio da casca
É já ali
Fico à rasca
Na borrasca Portugal agora é aqui
Quem não
pode, desenrasca.
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Obrigada, José Mário Branco, pelo muito que deu a este
nosso Portugal que, quando se vê à rasca e não pode:
desenrasca!
Descanse em Paz.
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