sábado, 23 de novembro de 2019

"Impressão Digital"






Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

* * *


António Gedeão
1906-1997

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E assim cada um de nós 
Vê o mundo à sua volta

Crente que aquilo que vê
 Vale conforme o que sente
 
[ pensamento cá da je ]


[ A foto do moinho, como já sabem alguns,chegou até mim vinda directamente da Holanda ]

20 comentários:

  1. Concordo. Tudo está em constante mudança. ..
    Bjo

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    1. Enquanto tudo à nossa volta está sujeito a mudanças, outras coisas há que permanecem inalteráveis, Catarina. :)
      Que coisas serão essas? A tua personalidade. E mais pessoal ainda, as tuas impressões digitais.


      Beijinhos.

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  2. Vê moinhos? São moinhos.
    Vê gigantes? São gigantes.
    Vê moinhos e gigantes pequeninos?
    Vê crianças! Vê meninos!

    E sim!
    Creio no que vejo
    Creio no que me escondem
    Porque não o vendo
    contudo, o sinto

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    1. Ao olharmos para o que nos rodeia, vemos todos a mesma coisa, Rogério. Porém, enquanto o Rogério as interpreta de uma forma, eu, dentro da minha perspectiva de vida, vejo-as de outra.
      Está certo o Rogério, na medida do seu 'desenhar de sonhos', e estarei certa eu também, na minha vontade de acreditar em gigantes...:)

      Beijinhos.

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  3. Brilhante escolha tal como do pensamento! Amei!!
    -
    As nossas mãos zelam os compromissos
    Beijo e um excelente fim de semana!

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    1. Muito obrigada, Cidália. Fico feliz por gostar deste belo poema do Professor Rómulo de Carvalho.

      Beijinhos

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  4. Olá,janita!

    Para alguém que sob a forma de poema fez a mais bela descrição daquilo que tem sido o percurso da humanidade através dos tempos, António Gedeão sempre mostrou ter uma visão desapaixonada e muito pouco idealista do que é a realidade chamada vida...e também do ser humano.
    E parece-nos ser relativamente fácil concordar com ele quando afirma que a forma de olharmos o mundo terá muito a ver, ou quase tudo, com a nossa própria realidade...

    Bonito post!

    Beijinhos amigos
    Vitor

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    1. Olá, Vitor!

      Nem mais. Vemos a vida e o que nos cerca, na medida do nosso próprio conceito do que é real. Penso que, sobretudo, daquilo que melhor nos faz sentir.
      Cada pessoa tem em si um mundo, ou o seu mundo, e nada nos demove, por muito que argumentem. :)

      Um grande e amigo beijinho, Vitor.

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  5. Poesia nem sempre rima com realidade, e ainda bem, que poesia também é liberdade de expressão e de opinião.
    bjis e bfs

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    1. Não, mesmo. Poesia é a antítese da realidade, quando a realidade é contrária ao sonho que alimentamos. Mesmo utópica há poesia que nos faz falta. Quem me dera saber trazer os meus anseios ou pontos de vista, à luz da poesia. :)

      Beijinhos e até amanhã.

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  6. Uma escolha sublime. Obrigada pela partilha!

    Hoje : O teu respirar ainda preenche o meu peito

    Bjos
    Votos de uma óptima noite
    Bom fim-de-semana

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    1. Ainda bem que gostou, Larissa.

      Beijinhos e uma boa noite.

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  7. Gigante é este poema de Gedeão. Todos vêem o mundo à sua maneira e as diferenças tornam o mundo mais belo como este moinho trazido da Holanda
    A realidade de uns, pode ser diferença para outros, eu umas vezes sou D. Quixote, outras Sancho, ando às voltas como as velas de um moinho.

    Boa noite Janita.
    Beijinhos😘😘😘

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    1. Olá, querida Manu!

      Gigante é também esse teu coração, sempre disponível para entender tudo e todos.
      Sabes que me sinto mais vezes Dom Quixote, na sua loucura e no seu amor meio tonto pela sua Dulcineia, do que Sancho Pança na sua pragmática forma de olhar as coisas, com olhos de ver?
      As vezes, também luto contra moinhos de vento, e afinal o gigante é um mero pigmeu. Como a distância, por exemplo...

      Beijinhos grandes e amigos, Manu.

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  8. Que verdade, a minha amiga sabe umas coisinhas 😊
    Beijinho Nita

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    1. E ainda estou aqui, com disposição para aprender mais...:)

      Beijinhos, Nina.

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  9. Interessante esta coisa do olhar Janita, aqui belamente versado.
    O olhos são janelas e os passarinhos sabem em qual compor uma tela.
    Bonita partilha.
    Bjs amiga.

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    1. Há dias, Toninho.
      Hoje, por exemplo, estou mais para lá do que para cá.

      Grata +ela visita.

      Beijos.

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  10. "Dizem" que o que os olhos vêem o coração sente.
    Se assim é não sei, mas sei que cada um só vê o que quer ver independentemente do que esteja à vista.
    Como diz, e bem, o poeta:
    Onde Sancho vê moinhos
    D. Quixote vê gigantes.
    Porém como tu dizes ainda melhor:
    E assim cada um de nós
    Vê o mundo à sua volta
    Crente que aquilo que vê
    Vale conforme o que sente!

    Faz tempo que te não vejo.
    Faz tempo que não te oiço.
    É tempo de te dar um beijo
    e muitos sorrisos "doices" (para rimar + ou -) *_*

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    1. Com os teus sorrisos "doices"
      me alegras os pensamentos
      quando o puro sangue relincha
      nem sempre é sinal de dar coices. ahahaha

      Beijinhos, Zé!

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