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És tu quem me conduz, és tu quem me alumia
Para mim não desponta a aurora, não é dia
Se não vejo os dois sóis azuis do teu olhar
Deixei-te há pouco mais dum mês - mês secular,
E nessa noite imensa, ah, digo-te a verdade,
Iluminou-me sempre o luar da saudade.
E nesses montes nus por onde eu tenho andado
Trágicos vagalhões de um mar petrificado
Sempre diante de mim, dentre a aridez selvagem
Vi como um lírio branco erguer-se a tua imagem.
Nunca te abandonei! Nunca me abandonaste!
És o sol e eu a sombra. És a flor e eu a haste.
Na hora em que parti meu coração deixei-o
Na urna virginal desse divino seio,
E o teu sinto-o eu aqui a bater de mansinho
dentro do meu peito, como uma rola em seu ninho!
Carta a F.
Trás-os- Montes, 1883.
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Transcrito do livro "Poesias Dispersas"
de Guerra Junqueiro.
[Escritor em cujos escritos me refugio, nas horas em que a alma me fica à deriva e necessita encontrar um porto de abrigo.]
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O apelo à memória. Esse refúgio que procura é uma tentativa, mas depois tudo volta.
ResponderEliminarBoa Tarde.
Em boa verdade, é mesmo assim como diz.
EliminarApelamos às nossas memórias e nelas nos refugiamos, nos momentos em que nos sentimos inseguros. Depois, voltamos a ser nós.
Obrigada por ter vindo e mo lembrar, Sr.das Nuvens. :-)
Um abraço.
Os ares de Trás-os-Montes têm este efeito... E a Francisca Fernanda Fonseca de Faria e Fraga só o descobriu passados muitos anos...��
ResponderEliminarSaudações!
Olá, Mr. Roadrunner!
EliminarTeve sorte essa Francisca F. F. F. e Fraga, que ainda o descobriu em tempo... 😋
Outras homónimas há que nunca o descobriram.
Agora que os ares agrestes de Trás-os-Montes são bons, lá isso são. São bons e revivam memórias. 🤗
Saudações e até à próxima, se não for antes.
* quis dizer reavivam, obviamente. 😤
EliminarNão conhecia este poema, bonito que é.
ResponderEliminarA foto, essa dá, na verdade, uma ideia de Trás-os-Montes.
bjis.
Já conhece a minha 'paixão' por GJ, mas este poema faz parte do livro que já referi e se insere numa série de poemas que o escritor dedicou a uma tal F.
EliminarA foto foi a mais parecida que encontrei, no meu arquivo de fotografias de Serpa, embora sem rochedos nem urzes, nem montes.
Não quis recorrer às fotos do sr. Google. Senão não haveria aqui nada meu.
Beijinhos.
Se GJ te tivesse conhecido, em vez de uma carta dedicada a uma F. certamente e dado ao teu estado de espírito tê-la- ia dedicado à minha amiga J.
ResponderEliminarUm poema lindo, mas triste. Espero que em breve a alegria pouse aqui num outro poema que te anime.
Beijinhos Janita
😘😘😘
Mas como o meu nome verdadeiro também se inicia com a letra F, quem sabe não foi mesmo para mim a carta, querida Manu? 😋
EliminarDeixa lá que o próximo vai ser bem alegre, só para satisfazer o teu pedido.
Beijinhos.
Sem apelar às memórias, leio Guerra Junqueiro sempre com grande prazer.
ResponderEliminarEmbora não seja de Trás-os- Montes, é uma bela fotografia.
Gosto da mulher que és, Janita.
Mas eu também, Teresa. Acontece que este livro é todo ele de poemas um pouco melancólicos e nostálgicos. Tenho outros de prosas e ainda alguns outros de poesias sobre temas diversos. Calhou ler este, e apeteceu-me partilhar esta carta convosco.
EliminarObrigada por gostares de mim como sou. De outra maneira há muito te terias afastado. Quando gostamos de alguém é pelo todo que essa pessoa é. Também aprecio a tua personalidade e maneira de estar e ser, embora, nem sempre tenhamos estado de acordo.
Lá está! Gostar é aceitar o outro como ele é. ;)
Beijinhos.
«Nunca te abandonei! Nunca me abandonaste!
ResponderEliminarÉs o sol e eu a sombra. És a flor e eu a haste.»
Depois disto
lido
todas as palavras
são desnecessárias
Assim sendo, meu amigo
Eliminarfico calada
concordo consigo.
Abraço.
Não sei a que memórias recorrer quando perdida em dores de dentes, mas a esse tipo de memórias, garanto que não recorri, nem por um segundo, nos últimos vinte e poucos anos.
ResponderEliminarMuito prosaicamente, considero bem mais proveitoso recorrer ao Paracetamol, enquanto não entro em contacto com o meu médico de família que muito provavelmente me receitará uma amoxicilina com ácido clavulânico e, depois, torcer muito para que o abcesso não volte até ao dia 17 de Setembro, data em que tenho marcada a consulta hospitalar de estomatologia...
Perdoai-me, senhora, o pragmatismo, mas nunca fui romântica e muito menos o consigo ser quando um abcesso dentário faz com que a minha pobre e maltratada Musa fuja de mim a sete pés...
Beijinho, Janita :)
Pois eu, Cara Poetisa, sou e sempre fui romântica, sonhadora também, e gosto de o ser.
EliminarQuando me refugio em certos livros de escritores que me dizem muito, não é para me alienar da minha realidade, será apenas e só, como quem toma um analgésico, não para a dor de dentes, mas sim, para as dores da alma. Depois passa e passa-me...:)
Na verdade, já me havia apercebido de que a Maria João, nos seus sonetos, gira mais à volta da sua realidade e carências físicas ou materiais do que dos afectos ou a falta deles.
Cada um é como é, não é verdade? E é nas diferenças que nos completamos uns aos anos.
Desejo, sinceramente, as suas melhoras... A dor de dentes é terrível e tira a boa disposição a qualquer um de nós. Eu sei!
Beijinho, Mª João. :)
Bom dia
ResponderEliminarQuando precisamos de refugio e sabemos onde encontra-lo , é muito bom . O que nem sempre acontece ,
JR
Boa tarde, JR.
EliminarÉ tal e qual como diz, é bom ter onde encontrar refúgio que, de alguma forma nos reconforte. Melhor seria que fosse alguém, embora eu acredite que ninguém nos compreende as mágoas como a experiência de quem as soube sentir e escrever. Ouvintes silenciosos, são os nossos (meus) melhores confidentes.
Abraço e obrigada.
Hola,
ResponderEliminargracias por visitarme. Bueno, si te gusta mi blog y lo quieres seguir, pués sí, por supuesto que también te seguiré.
Te escribo en castelhano porque és asi que escribes en tu blog.
Me gusta mucho tu ciudad.
Un abrazo.
Este ainda mão tinha lido.
ResponderEliminarEm boa hora o fiz.
Bonita escrita de devoção. Em sentido figurado claro está.
Gostei