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Trago cansada
a memória...
Se guardo,
não sei onde ponho.
Se ponho, guardo.
E depois
ando à procura
das coisas,
que nesta
minha loucura,
guardo, ponho
e não disponho.
Um lugar para
cada coisa
cada coisa em seu lugar
- me dizia minha mãe -
E foi coisa que
sempre fiz,
quando esta minha cabeça
lembrava onde as coisas
punha e sabia onde
as guardava, sem
diz-que-diz,
nem desdiz.
Os óculos são
prá cabeça
as meias para
os pés são,
as luvas, quando
está frio, calço uma
em cada mão.
Isso quando minha
memória, era esperta
e atilada,
agora anda
cansada,
já não memorizo
nada.
Se um dia eu
não aparecer
dois ou três dias seguidos
já sabem, perdi o rumo
esqueci onde pus o mapa
onde guardava o roteiro
deste Cantinho
Faz-Tudo...*
Fonte desta bela Imagem,
que não tem nada a ver com a palavra final do texto,
embora faça parte da mesma Arte Circense.
* Faz-Tudo = Sinónimo de Palhaço-Pobre, usado no Alentejo.
[ Com todo o respeito e admiração que me merecem os artistas circenses. Especialmente, os palhaços, no desempenho da difícil Arte de fazer rir crianças e adultos. ]
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Espera aí
ResponderEliminartal não acontece só a ti
Hoje ia a pôr
a manteiga no armário
o livro
no frigorífico
os óculos no lixo
e o lixo
coloquei-o à porta
só que me esqueci de o levar
e ficou por lá a levedar
três dias e três noites
e era um pivete tremendo
a invadir o prédio inteiro
Quando cheguei
a vizinhança acolheu-me com um sorriso
que acho que foi imerecido
(verdade!)
:) Distrações que acontecem a todos, Rogério.
EliminarNo meu caso, creio que é por estar a fazer algo com a ideia noutra coisa qualquer.
Agora,
a respeito
dessa sua vizinhança,
melhor do que o
sorriso que o deixou
comprometido,
teria sido elas
desfazerem-se
do seu lixo
livrando o prédio
do pivete
que o vizinho,
distraído,
deixou ficar
por ser por natureza
«esquecido»....
;)
Uma saudação à autora pela sua lengalenga.
ResponderEliminarBoa Noite.
A autora agradece com um sorriso a saudação. :-)
EliminarBem como a presença sempre esperada e simpática.
E ainda retribui os votos de Boa Noite,
com um Bom Dia e um abraço!
A memória é uma coisa lixada Janita. É capaz de nos recordar, a primeira vez que olhámos para um rapaz de forma diferente, e já lá vão 50/60 anos, o primeiro beijo trocado tantas vezes às escondidas, e nos faz esquecer aquilo que guardamos ou fizemos uma hora atrás.
ResponderEliminarAbraço saúde e bom feriado
A quem o diz, amiga Elvira!
EliminarTenho presente na memória, acontecimentos da infância, já tão distante. Umas boas e outras más, como a morte do meu avô materno, que recordo cada minuto daquele dia fatídico.
Entretanto, esqueço algo que ia buscar à despensa e, por muito que olha para as prateleiras, não me lembro de nada. Descobri que, se voltar à cozinha, a memória faz o clique.
Um mistério, esta nossa massa cinzenta...
Beijinho e boa semana.
E, depois de sair do carro, voltar atrás para verificar - duas vezes, pelo menos - se as portas estão fechadas. Ou deslocar-me da sala para a casa de banho e a meio esquecer-me do ia fazer. Nenhuma das situações foram vividas, mas...
ResponderEliminarBeijinhos e bom um dia chuvoso e fresco.
Aconteceu-me isso mesmo no sábado passado, José!
EliminarEstava na superfície comercial, já com as compras quase todas no carrinho e a senha da peixaria na mão, quando me assaltou a dúvida se tinha fechado o carro ou não.
Voltei ao parque de estacionamento e, veja só a minha sorte, o carro estava fechado, mas com os faróis acesos. Às vezes, acho que tenho mesmo aquele tal sexto sentido, mascarado de falta de memória. :-)
Isso de ir à casa de banho e a meio do corredor me esquecer do que ia fazer, é nunca me aconteceu...se não acontecia-me como a outra...ehehehehe
Bom dia e um beijinho.
Sorte a sua, Janita! Eu desde muito jovem me lembro de ter essa estranha tendência para pousar no hall de entrada o saco do lixo e guardar a malinha de mão no frigorífico, ou sair para o café com o saco do lixo ao ombro, depois de ter atirado com a maleta para o contentor... agora, até estou bem menos distraída do que quando era jovem, quanto mais não seja porque há muito deixei de poder ir deitar o lixo no contentor pelos meus próprios meios.
ResponderEliminarBeijinho :)
Fartei-me de rir com a ideia de ver a Maria João ir para o café, com o saco do lixo ao ombro!! Ehehehehe
EliminarEnfim, partidas que a nossa memória nos prega.
Beijinho, Mª João.
E que serviram de inspiração para a minha ária favorita - ridi pagliatio cantava Pavarotti como ninguém.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
Lembrei-me disso, Pedro, mas não quis adiantar mais nada ao texto. Na verdade, quantas vezes o palhaço ri com vontade de chorar. A sua função é fazer rir, aconteça o que acontecer na sua vida pessoal.
EliminarBeijinhos e boa semana.
Lenga-lenga poética que muito gostei de ler. O meu elogio e aplaudo.
ResponderEliminar.
Início de semana feliz
Cumprimentos
Ah, poesia escreve o Ricardo.
EliminarIsto foi apenas uma ideia que me passou pela cabeça, porque de facto me acontecem algumas situações de esquecimento. Coisa pouca!
Boa semana e obrigada.
Bom dia
ResponderEliminardiz um velhinho conhecido que prefere a doença de parkinson ao alzeimer , pois prefere beber só meio copo de vinho que esquecer onde está a garrafa.
JR
Ah, se soubesse o que isso me trouxe agora ao pensamento.
EliminarUma das intervenientes neste caso rocambolesco, que vou tentar contar-lhe, até já partiu e era dez anos mais jovem do que eu.
Bem, dá-se o caso de eu e minha irmã nos encontrarmos no Alentejo a passar umas semanas, devido à doença da nossa Mãe e ao facto dela não querer sair de lá.
Na terra, toda a gente se conhece e muitas eram as visitas constantes para ver a doente. Tanto assim era, que a porta da rua estava sempre encostada durante o dia.
Numa dessas visitas, essa tal nossa amiga, tinha ido fazer compras e deixou-as ficar no hall de entrada. Resumindo, a minha mana despassarada, pegou nas compras pensamento que eram sacos de lixo que eu tivesse ali deixado e levou tudo para o contendor que havia ao fundo da rua. A cena que se seguiu foi hilariante com as duas, de rabo para o ar, debruçadas no contentor e eu a rir desalmadamente à porta.
Mas o melhor foi quando o sogro dessa moça soube da cena, e se saiu com a anedota dos alentejanos que foram a Lisboa e vindo da noite já tocados viram uma cena igual, e, virando-se um para o outro disseram:
"Aqui em Lisboa são todos uns estragadões. Dois cuzinhos em tão bom estado e já no caixote do lixo.
Isto é a mais pura verdade e penso ser escusado dizer que esse amigo, felizmente, ainda vivo, criava uma anedota para todas as situações.
Bom dia, JR! :)
Não sendo fã de lengalengas, gostei desta.
ResponderEliminarBoa semana, Janita, beijinho.
Olha que há lengalengas populares muito engraçadas, António.
EliminarCom muito mais humor do que esta minha. :)
Beijinho e boa semana, amigo! :)
Gostei bastante!:))
ResponderEliminar-
O silêncio que deslumbra pensamentos
-
Beijos e uma excelente semana!
Ainda bem, Cidália. :)
EliminarBeijinhos e boa semana.
Revivi-me nesta tua lengalenga.
ResponderEliminarVolto atrás vezes sem conta, procuro o que arrumei, perco-me em estradas que já percorri, certifico-me mais que uma vez se fechei a porta de casa, procuro o óculos que afinal estão na cabeça.
Prometo todos os dias deixar tudo arrumadinho e guardar as coisas num lugar certo, mas depois a memória trai-me e o que era certo fica incerto.
Que mal será este amiga?
Espero não me esquecer do caminho para este cantinho. :)
Beijinhos Janita
Sera a «porra da idade», vulgo PDI, Manu? Ehehehehe
EliminarAh, não...se esqueceres do caminho deste cantinho, e eu ainda me lembrar dos teus, vou lá onde Existe Um Olhar e sento-me no Sentaqui à espera que se te refresque a memória. :))
Beijinhos e boa semana, Manu.
A vida, bem vivida, dói e cansa.
ResponderEliminarMas é a arte mais compensadora e tranquilizante da nossa existência
😊
Gostei
Sim, porém, a parte da nossa vida menos bem vivida doeu mais, mas vamos dá-la por esquecida. Assim, a tranquilidade é mais certa e segura, digo eu. :-)
EliminarObrigada.