sexta-feira, 16 de julho de 2021

Um Soneto Por Semana. # 18

 

Foto minha.


"O Amor Em Camões"


Além do mar, da guerra e da procela,

Foste o Poeta do Amor e da aventura,

Amor que homens e deuses transfigura,

E que o teu génio sideral estrela.


Nos teus poemas o Amor irrompe, e aquela

Palpitação fremente de ternura

Que adoça, amassa e estende a rocha dura,

Como a do "grande cabo" nos revela.


Sempre o Amor em teus versos de tal jeito

Escorre — como olímpico licor —

Que o coração inunda em cada peito.


Até na boca alvar do Adamastor

A garganta de pedra de que é feito

Canta Amor, ruge Amor, soluça Amor!


Autor: Filinto de Almeida

(1857-1945)

[O mesmo autor do Soneto nº17]


Sem dúvida alguma, o nosso Camões foi o Poeta que mais cantou o Amor.
Uma faceta romântica reconhecida por todos os outros Poetas. Desde os clássicos aos contemporâneos. Concordam?




22 comentários:

  1. Nao conhecia o autor
    Lida bem com a figura do Adamastor
    Gotei3

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    1. Bom dia, Miguel.

      Conhecia, sim senhor! Apresentei-lho no início do mês passado... :)

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  2. O tema mais cantado na poesia e no entanto, há por aí à nossa volta tanto desamor. Nunca é de mais insistir no tema.
    Um abraço

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    1. Por muito que se conte e cante sobre o tema, nunca será demais, caro Poeta/Pintor. É esse desamor egoísta, que conduz à violência, e é a indiferença que leva ao desamor. Uma pescadinha de rabo na boca, afinal...

      Um abraço.

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  3. O Vate, que passou por Macau (o meu amigo Eduardo Ribeiro assim o demonstrou claramente) é único.
    Beijinhos, bfds

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    1. O nosso aventureiro romântico andou pelos cinco continentes, Pedro. No Canto I dos Lusíadas foi "avisando" que espalharia por toda a parte os feitos dos nossos descobridores, se a tanto lhe chegasse o engenho e a arte - parece que chegou!! :)

      Beijinhos

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  4. Um soneto feito com a maestria de quem domina claramente a arte de poetar.
    Ficou demonstrado o talento de Filinto de Almeida e a admiração pelo enorme Luís Vaz de Camões.
    Abraço poético.
    Juvenal Nunes

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    1. Olá, Juvenal Nunes.
      Um prazer receber a sua visita neste meu cantinho simples.

      Já no soneto anterior tive o prazer de apresentar um curioso soneto deste talentoso homem das Letras português, que abalou para alé-mar e por lá ficou.
      Muito grata pela simpáticas palavras e cá o aguardo sempre que o deseje, amigo Poeta.

      Um abraço também.

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  5. Este luso-brasileiro teve o seu valor mas nada que se compare com o nosso Luís (Vaz de Camões).
    Beijinho, Janita.

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    1. Bom dia, António.

      Ora, nem o Poeta Filinto de Almeida pensou em comparar-se a Camões...Pois se até o homenageia neste belo Soneto...!
      Neste tempo havia lugar para todos e todos sabiam ocupar o seu lugar. Não havia cá usurpações nem comparações. Isso é coisas deste tempo conturbado.

      Beijinhos. :)

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  6. Bom dia
    Não sou propriamente um estudioso da poesia . Gosto de poesia como modesto apreciador e os temas de amor , são realmente os mais escolhidos pelos poetas Portugueses e se calhar mundiais , porque o amor não tem limites .

    JR

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    1. Somos amadores desta bela arte de ser e sentir as coisas que nos rodeiam, amigo JR. Amadores, porque amamos a Poesia, sem a ter aprendido nem estudado. Quem aprendeu que se diga Poeta, eu não.

      Camões só foi apreciado depois de morrer...aguenta coração! :)

      Boa tarde, Joaquim.

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  7. Mesmo não conhecendo este autor, adorei o soneto. Obrigada pela partilha. Vai-nos enriquecendo :)🌹
    -
    Beijo, e um excelente fim de semana..

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    1. Nunca é tarde para conhecer e reter na memória o aprendizado, amiga Cidália.
      Se for para conhecer e esquecer, logo de seguida, melhor ficar na ignorância. Que a 'riqueza' não se esbanje ingloriamente... :)

      Um beijinho, BFS.

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  8. Pois, o amor, a tal coisa que arde sem se ver, em estilo camoniano de Filinto de Almeida, poeta de que pouco mais do que o nome.

    Bjis.

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    1. Pois...a tal coisa que nos faz respirar melhor e dá mais vida à vida. Que definha quem o não tem e empobrece quem o não sente.
      Que mais haveria de ser senão o oxigénio da Humanidade?

      Do poeta conhece o nome, este Soneto, e o 'Cansaço', ou não?

      Beijinhos

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  9. Camões terá cantado o Amor como ninguém e inspirado outros poetas também como ninguém. Este soneto prova-o muito bem. Boa pergunta e boa escolha, Janita.
    Um beijinho

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    1. Uma honra para nós, portugueses, sermos compatriotas deste Génio Universal, não acha Mª Dolores?

      Obrigada, um beijinho e um bom fim-de-semana.

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  10. Homenagem justa a Camões, grande figura da literatura portuguesa que deixou um legado de incentivo aos novos poetas .Confesso que leio, mas não muito, prefiro os contemporâneos.
    Portugal é pródigo em poetas _ gosto muito da linguagem mais rebuscada do Velho Mundo, nos poemas. Já me perguntaram algumas vezes se sou portuguesa porque até nos amigos virtuais, sempre é maioria.
    Talvez a alma, seja. rs
    Bom fim de semana, Janita e beijinhos.

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    1. O maior entre os maiores, assim foi/é Luís Vaz de Camões.

      Este Velho Mundo, como é conhecida a velhinha e decadente Europa, cá vai estrebuchando e resistindo, amiga Lis.
      É natural essa sua inclinação para tudo o que é português, afinal, somos irmãos. :)

      Um beijinho fraterno, amiga.
      Bom fim de semana.

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  11. Soneto lindíssimo que me deliciou o ego, ler.
    .
    Feliz fim de semana
    Cuide-se
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Falamos em Camões e o orgulho enche-nos o peito.
      É natural, Ricardo.
      Obrigada, cuide-se também.

      Feliz fim-de-semana

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