Tante Mien é toda em redondos e os cinquenta e dois anos pesam-lhe por todo o corpo, com excepção talvez do rosto, cuja pele guarda certa frescura, e dos olhos que, mau grado um consumo moderado mas constante de vieux e citroentje,* brilham ainda como que a denunciar por detrás deles uma vivacidade e uma malícia a que a lentidão dos gestos, e a banalidade da sua conversa, provavelmente servem de capa.
Boa dona
de casa e péssima cozinheira, a rotina dos seus dias é invariável, quebrada
somente por duas semanas de férias no Inverno -
sozinha, em Rimini – e duas semanas no Verão com oom Bertus em Torremolinos.
A diferença
entre essas duas vilegiaturas mediterrânicas parece residir apenas no facto de
que, ao voltar da Itália, inevitavelmente se afirma revigorada (« Sinto-me
outra! »). Como ou por que razões nunca ela o disse, nem ninguém ainda lho
perguntou.
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* Citroentje é um curioso eufemismo que, à letra,
significa «limãozinho», mas designa simplesmente a genebra aromatizada com
limão e adoçada com açúcar. Permite bebedeiras genuínas, mas dá a quem a bebe
um diploma de inocência. Como cognac é
termo registado e protegido por lei, vieux
é a designação do comércio holandês para o conhaque a que não pode dar o nome
original. Sem primar pela qualidade, o seu preço é razoável. Note-se que cerca
de 80% do custo de cada garrafa de bebidas de elevado teor alcoólico reverte para
o fisco.
Nota: Texto e nota explicativa do autor, transcritos do livro que a imagem documenta. A foto do moinho - como sabe a maioria dos que me visitam - é minha, ou seja, foi-me enviada por gente minha. Bem como a de cabeçalho. :)
A minha leitura de momento |
Nota: Texto e nota explicativa do autor, transcritos do livro que a imagem documenta. A foto do moinho - como sabe a maioria dos que me visitam - é minha, ou seja, foi-me enviada por gente minha. Bem como a de cabeçalho. :)
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Marotice implícita do Rentes de Carvalho, não?
ResponderEliminarDele, apenas conheço artigos publicados em jornais ou revistas, sendo que se diz ser grande escritor, radicado há muitos anos na Holanda.
1 beijinho com votos de bom Domingo.
Marotice sim, mas sem intenção malévola. :)
EliminarDesde meados da década de 50 do século passado, que Rentes de Carvalho vive m Amesterdão. Este livro foi escrito quinze anos após e conta as sua experiências pessoais naquele país, com costumes tão diferentes do resto da Europa.
Tanto a Holanda quanto o mundo, mudou muito desde então, assim como mudaram as pessoas.
Um beijinho e boa semana.
Publicação interessante.
ResponderEliminar:) Acha, Alice?
EliminarQue bom!
Esse ainda não li, mas gosto bastante deste autor.
ResponderEliminarEste foi um livro que não recebeu o devido acolhimento das editoras, bem como dos leitores portugueses e foi na Holanda que foi recebido, lido e acolhido com o carinho que merece. Aliás, o escritor nunca foi muito conhecido por cá, em parte por culpa da má vontade da editoras.
EliminarRecentemente a Quetzal resolveu, em boa hora, pegar nas obras de Rentes de Carvalho e reeditá-las. "Montedor", já o li na nova edição.
O meu próximo será "Ernestina". :)
Beijos, Luísa.
Não conhecia esse autor.A foto muito linda! beijos, ótimo domingo! chica
ResponderEliminarEste autor é também autor de um blog que consta da minha lista e na de todos os bloggers que gostam de boa leitura, Chica.
EliminarAinda que alguns o considerem um pouco «rezingão» eu gosto muto de o ler.
Beijinhos
Bom dia de Domingo, querida amiga Janita!
ResponderEliminarMinha filha coxinha melhor do que eu...🤩 Assim que o pensamento sobre boa dona de casa e péssima cozinheira me caiba um pouco, talvez, se comparar...
Quando à foto, lindíssima!
Não li o livro... Na certa, muito bom.
Tenha uma nova semana abençoada!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
:) Também já gostei mais de cozinhar do que gosto agora, amiga Roselia. Não se preocupe com isso, os jovens que cozinhem agora para nós...:)
EliminarBeijinhos e excelente semana.
Ufa! Hoje, pela primeira vez em mais de uma década, deu-me para acordar a estas desoras. Eu, a militante madrugadora! Conheço a sua escrita e, logo na primeira frase comecei a duvidar estar no seu cantinho... penso que ainda estou mal acordada. Claro que este texto não é seu. Mas o cantinho, a publicação e a fotografia, são ;)
ResponderEliminarBeijinho, Janita! :)
O quê? Acordou ao meio-dia, Maria João? Francamente!
EliminarDeixe lá, já minha mãe dizia que o dormir é meio sustento...:)
Não senhora, minha senhora, o texto não é meu, mas disso dei conta na nota final.
Se todos fossem publicar apenas aquilo que escrevem quem elogiaria o seu trabalho? Haja quem divulgue o que gosta e, a seu ver, tem valor.
Beijinho e boa semana.
:( ai, Janita, devo andar pior do que julgava... mas confesso que sim, que pela primeira vez em dez anos, acordei quase ao meio-dia, ontem...
EliminarBoa semana e outro beijinho :)
Mais uma publicação que adorei ler.
ResponderEliminar.
Desejando um domingo feliz
Cumprimentos poéticos
Só prova que o Ricardo tem bom gosto literário.
EliminarCom os melhores cumprimentos, desejo-lhe uma boa semana.
Gosto do J.Rentes de Carvalho e já li uma meia dúzia de livros dele mas este não.
ResponderEliminarComo cronista na actualidade não gosto muito. Está bastante azedo!
Abraço
Pouca gente conhece este livro. Talvez por nele o escritor divulgar o estilo de vida dos holandeses no século passado e as suas vivências com os habitantes do país que o acolheu. Não sei!
EliminarQuem sabe o azedume não advenha da constatação dos comportamentos arrevesados que grassam pelo mundo? Cada um sabe e responde por si.
Um abraço e boa semana.
Essa das 2 semanas sózinha em Rimini não deixa grandes dúvidas àcerca da revitalização. Apenas ficaria no ar uma pequeníssima dúvida (tratando-se de Rimini...), mas que para uma holandesa até nem será de maior importância...
ResponderEliminarSaudações!��
:) A tia Mien regressava de Rimini revitalizada pelos ares de Itália, que mais haveria de ser? O Roadrunner, viajante incansável, pelos vistos conhece bem aquelas paragens.
EliminarQue raio haverá por lá de tão - pouco- especial? :))
Ah, estas más línguas...:-P
Saudações intrigadas.
De tudo o lido
ResponderEliminarapenas sublinho
« Sinto-me outra! »
Em certo sentido, é uma frase péssima
Noutro, mostra alento ou redescoberta
Quanto ao Rentes, ó minha amiga
nem sei o que lhe diga
https://conversavinagrada.blogspot.com/search?q=Rentes+
Não diga nada!!!
EliminarNão sou pessoa de emprenhar pelos ouvidos e quanto a essa depreciação feita na base do diz-que-diz e quem vota na direita ou na esquerda, afinal, a revolução não foi levada a cabo para que houvesse Democracia? E em democracia cada um não vota no Partido que quer e lhe oferece mais garantias de cumprir o prometido? E o voto não é secreto? Então como pode saber quem vota em quem?
Somos sempre assim: aos estrangeiros acolhemo-los com sorrisinhos e palmadinhas nas costas e aos nossos obrigamo-los a emigrar.
Saiba que Rentes de Carvalho e passo a citar:
Foi obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris. Em 1956 passou a viver em Amesterdão onde se licenciou e foi docente de Literatura Portuguesa...
Caricaturar é uma coisa, deitar-se a adivinhar é outra.
Ó meu amigo, é por essas e por outras que as 'fake news' têm tantos adeptos.
.
Infelizmente é um autor de quem nunca li absolutamente nada.
ResponderEliminarAbraço, saúde e boa semana
Já que a Elvira gosta tanto de ler, enquanto não compra ou lhe facultam lá, na sua academia sénior, uns livros deste autor, pode ir aproveitando e ir lendo-o aqui: http://tempocontado.blogspot.com/
EliminarAgora, até tem lá uma crónica bastante apetecível.
Abraço, boa semana.
Esta zona, à beirinha de Amesterdão é lindíssima.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
A foto de cabeçalho é da primeira cidade em que o meu filho morou: Bussum... Uma cidade lindíssima, situada a poucos Kms de Amesterdão. Actualmente, vive noutra que ainda não decorei o nome! :)
EliminarBeijinhos
Já pensava que estava maluca!
ResponderEliminarNinguém mencionava que o autor do livro é o autor de um dos blogues que consta da sua lista. Foi onde li a crónica mais fantástica acerca das manifestações que se verificaram.
Desconhecia em absoluto que também escrevesse livros.
Vou tentar encontrar por aqui. Por vezes, não é fácil. Residir no Algarve também tem as suas desvantagens.
Muito obrigada pela partilha, Janita!
Um abraço do Algarve,
Sandra Martins
Ehehehehe...se a Sandra clicar em baixo nas «Etiquetas», no nome do escritor, vai descobrir mais qualquer coisa interessante sobre o "Patrão da Barca". :9
EliminarUm forte abraço, com votos de boa semana.
Afinal a biblioteca aqui da "santa terrinha" tem títulos do J.Rentes de Carvalho.
ResponderEliminarReservei um.
Ai Deus! Tantos que quero ler.
Ontem, o meu afilhado, perguntou-me: "oh madrinha, mas tu nunca fartas de ler?" Se não conseguir ensinar mais nada, ao menos que transmita esse gosto.
Um beijinho, Janita
Sandra Martins
Eu gosto do seu estilo de escrita, fluente e em linguagem facilmente entendível.
EliminarVai ver que vai gostar, mas...se não apreciar, fica pelo primeiro. Opinar sem o ter lido é que não é de bom tom. :)
Beijinho, Sandra.
(Ler, é um prazer sempre renovado)
Ora muito bem. Adorei a publicação!:)) 🍀
ResponderEliminar-
Esperei em segredo na fantasia do amor ...
Beijo, e uma excelente semana. :)
E eu, a efusividade do seu comentário...
EliminarBoa semana.
Assim que abri esta tua publicação, reconheci este moinho tão característico da Holanda e que recordo com saudade.
ResponderEliminarReconheço que não se pode chegar a todo o lado e há que fazer escolhas, eu além de muito trabalho optei por viajar, daí que
ainda não tenha tido tempo para ler este escritor que conheço.
Valeu vir aqui e ficar mais rica em conhecimento.
Beijinhos Janita
😘😘😘
Não, não pode. As leituras são mais convidativas no tempo frio.
EliminarAproveita estes dias de estio e vai mas é trabalhar para o bronze, Manu!
Eu gosto de banhos de mar, mas detesto a areia a escaldar debaixo dos pés.
Actualmente aprecio mais a sombra de uma árvore, no meio de muito verde. Acho que estou a envelhecer...:)
Beijinhos, Manu
Um belo texto, que me faz supor quanto será agradável leitura integral do livro. Não creio que possa colocar na minha lista agora, mesmo em tempos de pandemia e com o inverno já tendo batido à nossa porta.
ResponderEliminarA linguagem é tudo, a estesia do texto está nela.
Abraços, minha amiga!