MORTE
Morte, dizei-me
Dia, hora, local.
Tenho de procurar
As minhas cuecas pecaminosas,
Marcar uma consulta
Com um pedicuro.
Eunice de Souza
(1940 - 2017)
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Também à autora deste blogue lhe assiste o direito de fazer o seu pedido à mesma entidade, homessa!
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Também não quero,
Ó Morte
ser apanhada de surpresa!
Avisa-me com tempo
O dia certo em que chegas.
Há tanta loucura que não fiz
Há tantos beijos
que não dei.
Não me ceifes a vida,
Ó Morte
Sem que se cumpra o meu desígnio:
Conhecer e amar loucamente aquele pelo qual
aqui cheguei...
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Tu sabes, Janita, que não sou de elogios baratos, mas a publicação de hoje é fabulosa.
ResponderEliminarDe ti já quase nada sei!
EliminarAs coisas que julguei saber
Foram-se perdendo
por caminhos sinuosos.
O que hoje garantes como certezas___
___amanhã, poder-me-ão
parecer caminhos
terrivelmente duvidosos.
Escrito agora, de improviso, especialmente para ti, Teresa Palmira Hoffbauer. 🐦 🦅
PS- como todos os improvisos, também este careceu de ajustes.
Nunca garanto certezas 🦩 amo caminhos duvidosos e perigosos 🦩
EliminarNeste momento, digo simplesmente que só quero morrer depois de ler todos os livros que tenho nas estantes, que são mais de 2000 📚
Boas leituras, então! 🤩
EliminarA mais indesejada de todas as visitas.
ResponderEliminarBeijinhos
Mas a visita que sabemos, um dia virá.
EliminarEu preferia estar preparada, Pedro.
Se a Poetisa queria procurar as cuecas com que "pecava", a figura fictícia do poema seguinte, gostaria de não partir sem cometer alguns "pecados" também. :)
Beijinhos
Muito, muito bom, Janita!
ResponderEliminarParabéns.
Abraço e saúde
Muito, muito Obrigada, amiga Elvira. 😊
EliminarBeijinhos, com votos de muita saúde.
Pois eu não quero saber nem o dia, nem a hora! Para mim, isso ia ser uma morte antecipada. Já não teria mais vontade de viver....
ResponderEliminarNão! Quando ela vier, que venha. Mas, por favor, não me avise. Quero ter a sensação de ser eterna....
Belo texto, Janita!
Beijinhos
Como diria Dylan Thomas, I don't want to go gentle into that good night....
EliminarDois comentários em diferentes sintonias, merecem duas respostas também diferentes. Tu, UmaMaria, sentes medos que eu não sinto, logo, já não somos iguais, quiçá, nem parecidas.
EliminarTalvez se a Morte me fosse anunciada, eu aproveitasse e vivesse o tempo que me restasse a tentar alcançar as coisas que me dessem prazer. Se dizem que o prazer se assemelha à felicidade, e esta não se procura, quem sabe se os tais prazeres «pecaminosos» para quem nunca os sentiu, não fossem um arremedo dessa tal felicidade? E depois...partiria 'vingada' da vida malvada. 😊
Beijinhos.
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Tanto quanto percebi, pois não conheço a obra de Dylan Thomas, ele considerava que nas noites do inverno da vida, há que viver com fogo e ardor, sem a lassidão das gentilezas apreciadas na juventude. Nesse caso, essa frase ou verso, adapta-se mais ao que digo do que ao disseste, ou estou enganada?
Não, no texto original do poema ele diz: " Do not go gentle into that night". E ele refere-se ao pai, que vai morrer. Ele pede-lhe que dê luta à morte. Daí o uso do Imperativo " do not go" e da palavra " gentle" que pode ser traduzida por facilmente, sem dar luta. É um poema de que gosto muito. Por isso o adaptei para mim. 😊 também tenciono dar-lhe luta, se puder, claro!
EliminarAh, compreendi! Não conheço o poema.
EliminarNesse caso, já cá não está quem falou...
Quem és tu, UmaMaria?
Tão depressa me parece que andas meio perdida, como vejo em ti uma enorme e segura Mulher cheia de sabedoria?
Isto está assim a rimar, mas a verdade é que ando pensativa e cismada...
Beijinhos
(Agora tenho mesmo de ir à vida.)
Toda a gente tem o seu lado solar e lunar...😊
EliminarBeijinhos
Verdade! 😊
EliminarBom dia
ResponderEliminarFalar da morte é como falar da vida , fácil para uns e difícil para outros .
Por isso nada nos impede de a descrevermos á nossa maneira .
Poemas são o que vai na alma do poeta , e eu gostei muito !!
JR
Bom tarde, JR.
EliminarExactamente isso que diz. Porque não falar da morte e encará-la como a parte final da vida? Convive-se com ela como algo que se não deseja, mas temos certo.
Gostei muito da forma como expôs essa ideia tão isenta de quimeras.
Muito grata e um abraço amigo.
Eu, como ninguém me avisou de quando nascia, também não quero saber de quando chega a morte. Apenas peço que chegue... enquanto durmo.
ResponderEliminarE que seja de verão, porque de verão, durmo nu, como nasci...
.
Abraço fraterno
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
Ir para o outro mundo como se chegou a este....😊
EliminarRycardo, sempre disse que gostaria que, ao chegar a minha vez de partir, fosse essa de adormecer e não acordar. O que não impede que eu soubesse quando...talvez me encharcasse de café, punha um palito em cada olho e ficasse acordada até o dia raiar, envergando o meu melhor vestido...a Morte ficar-me-ia tão bem...:)
EliminarUm abraço.
UmaMaria, quando chegamos vimos rosadinhas e de pele mimosa. Partir nua já não teria a mesma graça. Não quero! Tenho vergonha... :(
😊
Vergonha devia ter a Morte, por nos vir buscar....
EliminarMas vem... com ou sem vergonha, vem!
EliminarBoa noite, dorme bem! 😊
😚
EliminarGostei muito do poema, Janita. Gosto desta poesia assim: imprevisível, (aparentemente) espontânea, a tornar poéticas coisas do quotidiano... Gostei muito de conhecer.
ResponderEliminarE, já agora,
Ó morte, vai dar uma volta
que tenho muito que fazer.
Senta-te sossegadinha
Deixa-te estar quietinha
E faz por adormecer!!!!
Beijinhos e um dia bem bom e bem vivo.
Olá, Dolores, gostei do seu comentário em verso.
EliminarMuito obrigada, talvez amanhã consigA responder também versejando, mas não agora. Estou demasiado cansada.
Um beijinho e obrigada.
Até me assustei com o tema de hoje!!!
ResponderEliminarJá que aqui estou apetece-me dar uma ajudinha:
«De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.»
Vinicius de Moraes
Beijinho, Janita.
Não te assustes, António.
EliminarTu vais ser dos que ficam para semente.
Esse poema do Vinícius também se incluia bem no rol dos poemas absurdos. Gostei!
😊
Beijinhos, dorme como um justo!
Quero lá saber do dia e da hora, quero é não sofrer!
ResponderEliminarGostei e ri-me com os dois poemas.
Abraço
Olá, Leo...estava a ver que não havia ninguém que se risse destas pérolas absurdamente fabulosas.... 🧐 😁
EliminarUm grande abraço.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarOlá,Janita
ResponderEliminarTema pesado, o escolhido como ponto de partida; que tu aproveitaste muio bem para compor um bonito poema.
Já quanto ao tema propriamente dito,a forma como cada um gostaria de encontrar a “senhora morte”, terá certamente muito , ou quase tudo, a ver com a forma como vai convivendo com a vida...
Beijinhos amigos
Vitor
Olá, Vitor!
EliminarConsidero um peso grande o lidar com a perda de quem nos é próximo, quem morre já não sofre nem sente nada. Há casos em que chega a ser uma libertação.
Um grande bem-haja pelas tuas visitas reconfortantes.
Um beijinho com carinho e amizade.
Poema forte. Adorei ler!:) 🌹
ResponderEliminar-
O silêncio incita o coração...
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Beijos e um excelente dia!
Muito grata, Cidália, mas eu acho-os revestidos de uma boa dose de humor. 🧐
EliminarBeijinhos, boa noite.
Bravo, Janita!
ResponderEliminarConseguir brincar com um tema tão sério não é fácil!
A experiência faz com que mudemos de opinião. Por enquanto, digo que
o que importa é o que soubermos aproveitar.
E, já que ninguém fica cá para "galo de entrudo", que o sofrimento seja mínimo.
Um grande beijinho!
Sandra Martins
Boa noite, Sandra.
EliminarFoi facílimo acredite. Não encarei nada com seriedade, se se levarem as palavras para o lado leve e descomprometido, tudo fica fácil. Não dramatizar é essencial nestas coisas de temas temíveis. 😊
Um beijinho, Sandra. fique bem e obrigada pela companhia.
Gosto de falar da morte, tanto quanto da vida.
ResponderEliminarUma coisa eu sei, mal nascemos, temo-la logo destinada.
Pelas minhas contas, ainda vou andar por cá mais uns anitos :)
Gostei dos dois poemas, bem podes um dia escrever um livro com versos teus.
Beijinhos querida Janita
Também não me coíbo de abordar esse tema, Manu. Se sabemos que existe porquê não falar dela? O primeiro contacto duro e frontal que tive com a morte foi a partida do meu Avô materno, quando eu tinha somente doze anos de idade. Algo brutal e doloroso que alterou toda a minha vida. No entanto, não fiquei traumatizada.
EliminarOlha, Manu, mesmo que eu quisesse escrever os v ersos que tenho escrito, duvido que conseguisse. Tenho tudo espalhado, e do que aqui escrevo não guardo cópias. Não sinto que as minhas palavras tenham tanta importância assim.
Beijinhos, querida amiga Manu!
Uma poesia irónica, com alguma acidez, a colocar em causa o meio que rodeava a poetisa. E tu, embalada na coisa, não deixaste de meter a tua colher, embora o fizesses da melhor forma. Tu pulsas, mulher! :)
ResponderEliminarUm beijinho, Janita :)
Olá, AC!
EliminarFizeste-me sorrir com essa tua exclamação final. :-) Só tu!!
O meu 'embalo' foi mais para preencher espaço do que para emparceirar com a poetisa, meu Amigo.
Outro beijinho para ti, AC, e obrigada pela visita. :-)
Oi Janita
ResponderEliminarSempre evito poemas sobre a morte rsrs, mas esses achei genial _das duas poetas _um humor que nos faz rir e não se acovardar diante do inevitável dia .Ele virá, num dia qualquer. Avisar nem pediria não,(ia morrer antes da hora ), rs mas seria muito bom se me levasse dormindo placidamente.
Com abraços, Janita e beijinhos
Ai, é, Lis? Mas porquê? Tantos poetas escreveram poemas lindíssimos e comoventes, acerca da partida daqueles a quem amaram. Não desta maneira leve e irónica, claro, mas escreveram, inclusive sobre a sua própria partida.
EliminarFernando Pessoa tem um poema que gosto muito e deixo-lhe um pequeno excerto:
"A Morte chega cedo
Pois breve é toda a Vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida...
(...)
Continuo a achar que gostaria de saber o meu dia, para me despedir de toda a gente, inclusivé de vós, amigos virtuais. Sou de cismas, fazer o quê? :)
Um beijinho grande querida Lis.
Ironia mordaz sobre assunto tabu
ResponderEliminarGostei