quinta-feira, 12 de agosto de 2021

AINDA NAVEGANDO....

 ....enquanto o vento me soprar de feição!




Não é feito para mim

batel algum em que reme.

Mais ao vento solto a vela

e não ponho a mão no leme.


Navegarei confiado

num piloto que nem vejo.

Dentro de mim ou de fora

há seu saber e manejo.


Seja o esquife o de voar

de onda a onda e haja sorte.

Seja o de me abrir em terra

a porta viva da morte.


* * * 


As palavras poéticas são de uma das personalidades mais extraordinárias do século XX.   O filósofo / poeta / ensaísta / professor e pedagogo: 


Agostinho da Silva
13/02/1906 - 03/04/1994

 

As fotos são minhas.


44 comentários:

  1. Bom dia, fresco que está para Agosto.
    Um Senhor, o Agostinho da Silva. O prazer que dava ouvir as suas Conversas Vadias!
    bjis.

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    1. Boa tarde, quente, de um Agosto diferente.
      Ontem fresco, hoje amanheceu chuvoso e é isto que temos.
      Um Senhor de saber imenso, sem alardes nem ostentações. Modesto e grande!

      Beijo.

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  2. Adorava ouvir este senhor e volta e meia leio algo seu. Este que mostras está simplesmente genial.

    Quanto às fotos:
    a primeira está super bonita mas eu andar nele...jamé:)) iria antes a ndo.
    a segunda bateu uma saudade porque na minha terra e no quintal dos meus pais eram aos molhos e são chamadas "beijos de mulata":))

    Agora vou fazer o almoço e foi bom vir aqui mas as panelas estão a chamar...Já vouuuu ó minhas:)))

    Beijocas e desculpa mas hoje estou assim:)

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    1. Também ouvi muitas das suas "Conversas Vadias". Era e é - no Youtube - um prazer ouvi-lo. Quando tenho tempo vou ouvir as entrevistas que deu à Maria Elisa e a outras jornalistas. Até nos sentimos umas formiguinhas perto de tanta sabedoria.

      Não eras capaz de andar numa Caravela? Ah, eu andava, e sem medo. :)

      Beijinhos e bom jantar! :)))

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  3. Bom dia
    Sobre o filósofo e poeta acho que a amiga diz tudo e as fotos são sempre uma agradável surpresa

    JR

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    1. Boa tarde, Joaquim.

      Não, eu não disse tudo, a bem dizer nem disse nada. Se o Joaquim quiser acrescentar algo mais esteja à vontade.

      Obrigada e tudo de bom.

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  4. Gosto muitos de velas ao mar e estamos assim todos navegando em águas turbulentas_ como diz o poeta não vemos o piloto, mas o sentimos e seguramos firmes o leme.
    Um grande e bonito fim de semana pra ti minha amiga.
    com carinho

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    1. Velas ao vento, queres tu dizer Lis. :))
      Navegando num barco à vela, creio que o piloto a que o Prof. se refere será aquele timoneiro invisível, que comanda os ventos, as marés e os nossos destinos também.

      Igualmente para ti um fim de semana ameno e tranquilo.
      Beijinhos e abraços.

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  5. Enorme Agostinho da Silva.
    E o barco vai de partida!
    Beijinho, Janita.

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    1. Enorme, simples, directo e sábio, o nosso filósofo.
      Pois é, António, devia ter aqui colocado o Fausto... olha que falta de imaginação a minha. E o que eu gosto das canções do álbum "Por esse Rio Acima". Fica para uma próxima, deixa lá.

      Beijinhos e obrigada.

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  6. Navegarei confiado

    num piloto que nem vejo.

    Dentro de mim ou de fora

    há seu saber e manejo.


    Suprema sabedoria! Conseguisse eu...

    Mas, vamos arribando. Sinal de um lado, coincidência do outro e chegamos lá.

    Um grande beijinho, Janita!

    Sandra Martins

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    1. Suprema sabedoria e confiança no piloto que não vê, mas no qual confia e acredita leve a bom porto a Nau do seu destino.

      É isso, amiga Sandra. Subindo e descendo este rio de emoções e sentimentos, que é a vida, cá vamos navegando em mares ora calmos ora bravios.

      Um grande e grato abraço, querida Sandra.
      Fique bem e animada.

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  7. Um enorme filósofo e poeta, sem dúvida alguma.
    .
    Saudações cordiais
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. É verdade, Ricardo, sem dúvida alguma um ser humano superior.
      Obrigada.

      Saudações afáveis.

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    1. Olá, Luís!
      Nunca duvidaria disso, aliás, nem eu esperava outra coisa.
      Obrigada, um abraço.

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  9. Eu adoro as tuas fotos, amiga!
    Beijinhos

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    1. Viva, Manela.
      Algumas ficam bem, outras nem por isso.
      Não tenho muita paciência para enquadrar os objectos ou pessoas.
      A de cima é minha, mas foi o meu genro que a tirou, numa passeata que a família fez até à capital. :)

      Beijinhos a braços.

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    2. Abraços!... Que tonta, pá, nem leio o que escrevo.
      Desculpa.

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  10. Que o vento te sopre sempre de feição e nos brindes sempre com belos poemas, como este do grande Agostinho da Silva.
    gostei muito da tua hortense que coloriu mais ainda este teu cantinho.

    Beijinhos amiga Janita

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    1. O que eu gostaria que os bons ventos me trouxessem, amiga Manu, era a saúde que anda a faltar-me, a mim e aos meus. O resto viria por acréscimo.
      Como não mandamos, o remédio é aceitar o que nos está reservado.

      Beijinhos e abraços cheios de amizade saudável, querida Manu.

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  11. O vento ajuda nos sempre.
    É preciso é saber o sentido para onde ele sopra.
    🙂

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    1. E quando os ventos sopram favoráreis à navegação, é ouro sobre azul, Miguel. Nós é que temos de manobrar as velas de modo a levar a barca a bom porto, mas sem vento nada feito.
      😚

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    2. Sim, sem vento o deserto toma conta.
      Ai resta nos domar o sol
      🤨

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  12. Da minha janela vejo esse barco
    E quando o não vejo, invento-o
    nesse meu espaço!

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    1. Uma janela virada para o Tejo, com regatas e o Cristo-Rei de atalaia, é tudo o que há de melhor para alargar os horizontes da memória.

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  13. Agostinho da Silve era simplesmente BRILHANTE!
    Beijinhos, bfds

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    1. Diz bem Pedro: Brilhante, sem ofuscar.

      Beijinhos, bom FDS.

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  14. Bom dia de bom navegar, querida amiga Janita!
    Linda imagem e um poema que me inspira no Piloto que nos escusa de leme ou timão. Ele nos conduz paz águas do mar sereno.
    Tenha um bom final de semana!
    Beijinhos com carinho e gratidão

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    1. Amiga Rosélia, também temos de saber manobrar as velas, não podemos deixar tudo a cargo do Piloto.
      Se cruzarmos os braços poderemos ficar à deriva.

      Beijinhos e um fim de semana em bom.

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  15. Que um porto de abrigo esteja sempre por perto!

    Abraço

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    1. Assim seja, Rosa dos Ventos, que assim seja para todos nós.

      Abraço.

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  16. Costumo dizer que somos «poetas à solta», mas a expressão é do nosso professor! Homem invulgar de quem muito admiro a obra.
    Beijinho

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    1. É verdade, querida Ana, o nosso Filósofo/Professor foi, efectivamente, um homem invulgar. Segundo disse, talvez com alguns laivos de ironia, o homem não nasce para trabalhar, nasce para criar, para ser o tal poeta à solta. :)
      Um ser humano muito especial.

      Um beijinho grato pela visita.

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  17. Navegar por mares de palavras tão bem colhidas do sentimento de quem encontrou no vento o braço que acolhe e guia pelos sonhos de seguir nesta longa jornada vida a dentro. Muito bonito Janita a sua partilha.
    Bom fim de semana de navegar em belos momentos.
    Beijo e paz amiga.

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    1. Amigo Toninho.

      Fico imensamente satisfeita por, na impossibilidade de vos oferecer sempre palavras minhas, faça as minhas escolhas entre os grandes nomes da Cultura Portuguesa, que tão bem acolhida é por todos vós.

      Amigo, que as águas tumultuosas em que o povo brasileiro navega actualmente, e, no fundo, o Povo de um modo geral, se encaminhe em direcção a um porto seguro. Os tempos estão difíceis para todos.

      Um beijinho com o meu agradecimento pelas visita e palavras amiga.
      Feliz fim de semana.

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  18. Olá, Janita, não conhecia o poeta Agostinho da Silva, mas pelo poema que acabo de ler, aqui postado, era um grande poeta.
    Gostei muito de ler o seu poema, razão pela qual agradeço a partilha.
    Espero ler em outra oportunidade, quem sabe em livro, algo mais desse intelectual, homem de grande saber.
    Parabéns pela postagem.
    Um bom final de semana,
    Um abraço.

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    1. Olá, Pedro Luso.

      Não me leve a mal, mas sinto-me perplexa pelo desconhecimento acerca da existência e obra deste grande homem das Letras, que viveu e ensinou durante tantos anos no Brasil.

      Este pequeno poema representa uma ínfima gota de água no imenso oceano da sua obra.
      Como foi perseguido pela polícia militar durante o regime do Estado Novo, saiu de Portugal. Depois de passar por vários países, radicou-se no Brasil desde 1947 até 1969, ano em que regressou, após a morte de Salazar.
      Isto para lhe dizer que Agostinho da Silva e, se me permite, recorro à wikipédia:

      "Estabeleceu-se inicialmente em São Paulo e depois mudou-se para o Itatiaia, onde fundou uma comunidade. Em 1948, começou a trabalhar no Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, estudando entomologia, e ensinando simultaneamente na Faculdade Fluminense de Filosofia. Colaborou com Jaime Cortesão na pesquisa sobre Alexandre de Gusmão. De 1952 a 1954, ensinou na Universidade Federal da Paraíba em João Pessoa e também em Pernambuco."

      Que pena que, entre as figuras intelectualmente mais favorecidas do Brasil, este poeta / ensaísta / professor, pedagogo e filósofo, homem de grande saber, enorme estudioso, tenha passado despercebido.
      Acho que entre nós, portugueses, se faz a nível académico uma maior divulgação dos escritores e poetas brasileiros.

      Às vezes não perdemos nada em fazer umas visitinhas aos blogues simples deste lado do Atlâncico, né, meu amigo? :)

      Um beijinho meu e o meu sincero agradecimento pela simpática visita, Pedro.

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  19. Querida Janita, não conhecia o poeta e gostei imenso de seu poema, com uma pitadinha dramática para a gente não ficar muito dona do pedaço...Estamos num momento que tempos de ser um tiquinho humildes, como dizemos aqui, com essa pandemia no mundo inteiro, e cada vez com mais cepas novas, não estamos com a 'bola muito cheia'.

    Seja o esquife o de voar
    de onda a onda e haja sorte.
    Seja o de me abrir em terra
    a porta viva da morte.

    Um ótimo fim de semana, sempre com muitos cuidados.
    Beijinho!

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    1. Querida amiga Tais.

      Acho que deve trocar umas breves impressões com Pedro, para indagar juntos quem foi Agostinho da Silva. Creio que ficarão ambos muito contentes e melhor informados sobre os nossos valores culturais e humanístas.

      Não entendi isso da «bola cheia» amiga. Deve ser uma expressão muito vossa e pouco usada, porque nunca ouvi, nem nas novelas.
      A pandemia anda a entupir também nosso cérebro, com tanto confinamento, sim.

      Um grande abraço e beijinhos virtuais, inócuos e benfazejos.

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  20. Um génio que parece um tanto esquecido.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. É verdade, amiga Elvira.
      Por estranho que pareça, somos pouco conhecidos além fronteiras e além-mar, tal como no tempo da outra senhora.

      Abraço e saúde.

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  21. Respostas
    1. Hola, Malindha, bienvenida.
      Gracias por tú visita. 😊

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