*******************************
O Relógio
Pára-me um tempo por dentro
Passa-me um tempo por fora.
O tempo que foi constante
No meu contratempo estar
Passa-me agora adiante
Como se fosse parar.
Por cada relógio certo
No tempo que sou agora
Há um tempo descoberto
No tempo que se demora.
Fica-me o tempo por dentro
Passa-me o tempo por fora.
Poema de José Carlos Ary dos Santos
******____*____******
Relógio eis um acessório
ResponderEliminarque aprendi a dispensar
sinto o tempo biológico
o outro pouco me importa
Passa-me o tempo por fora
(gostei de ver Ary
por aqui)
O meu relógio biológico só dá horas para me despertar.
EliminarAo longo do dia preciso recorrer ao outro físico, mas não o trago no pulso nem no bolso.
Comigo, o tempo passa-me por dentro, reflectindo-se por fora.
(se clicar no nome Ary, nas Etiquetas, verá que por 'aqui' ele está e esteve.)
Ary, um poeta sem tempo.
ResponderEliminarUm abraço.
No tempo, me vive outro sem tempo.
Eliminar"Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
(...)
Sabe de quem falo?
Um abraço.
António Ramos Rosa
Eliminar(...)
EliminarSão restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.
Também eu, "Para um amigo, tenho sempre"
algo como um desafio, uma forma de mostrar
o quanto vale a força do nosso querer,
de partir à descoberta.
Como um relâmpago feito de sol e mel,
como se fora uma doce despedida...
Obrigada.
E o que eu gosto de relógios!!
ResponderEliminarE do Ary também.
Beijinhos
Também gosto como peça de utilidade, não como acessório de adorno. Já de Ary gosto de qualquer jeito. Até do seu aspecto 'balofo' mas cheio de conteúdo.
EliminarBeijinhos.
O tempo que voa, que escoa, que tanto inspira e nos acelera a respiração, passa lá fora, revoluciona cá dentro uma vontade de controle do incontrolável. Não conhecia o Ary e grato por partilhar Gracita.
ResponderEliminarLinda semana leve e alegre amiga.
Carinhoso abraço e paz.
Fiquei sem saber se o meu caro amigo Toninho me trocou o nome,ou, se me acha com tanta graça ternurenta, a ponto de ser mais do que graça...uma «gracita".
EliminarGraças à parte, agradeço o seu bonito e sempre carinhoso comentário, Toninho.
Beijinho!
Recordar o Ary nunca é uma perda de tempo. Conhecia o poema, mas não musicado e gostei imenso. Bela homenagem!
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Pelo contrário!
EliminarCom os poemas de Ary, sempre temos algo a ganhar.
Um abraço de bom dia.
Fica bem.
Tenho um relógio parecido com o da imagem. Está parado há muito muito tempo, mas continuo a gostar dele.
ResponderEliminarNão conhecia o poema. O Ary sabia dizer o que imensas pessoas sentem. Uma maravilha.
Um grande xi-coração, Janita
Este também está parado, Mª Dolores.:-)
EliminarMas gosto de o olhar, pois me lembra quem me o ofereceu e já partiu e porque é bonito e porque gosto dele.
Tudo boas razões para o ter ido repescar ao meu "Abecedário Fotográfico".
Outro abraço, Maria Dolores.
Não me entusiasmo assim tanto com relógios. Talvez porque " ver as horas" é muito importante no meu dia-a-dia.
ResponderEliminarO Ary era um dos maiores!
Ver as horas de voltar para casa, não UmaMaria?
EliminarNão fosse esse acessório nada entusiasmante e como te orientarias? Pelo sol?
Beijinhos,
🤣🤣Como os Incas! 🤣🤣
Eliminar👍 Tal e qual!😊
EliminarRelógio parado não marca as horas, era tudo que Altemar Dutra pedia ao dizer a amada "Porque não paras relógio /Não me faças padecer/ Ela irá para sempre / Breve o Sol vai nascer" e por aí seguia a sua toada, no tom queixoso, melancólico.
ResponderEliminarNo belo poema de Ary há outro olhar: mais filosófico, mais reflexivo contrapondo, pelo menos, os dois que somos, como apregoa Lígia Fagundes Telles no conto O dedo.
Bela partilha! O poema de José Carlos Ary é para ser lido e relido. Ele sabe o que faz com o verbo...
Um bom dia, amiga Janita!
Há uma canção, com o mesmo título deste poema, que marcou a fase final da minha adolescência nos bailaricos de fim de semana, José Carlos. Se calhar até é a mesma que refere, mas a «minha« era cantada em espanhol por um cantor cujo nome não me ocorre. Veja lá se era isto:
EliminarReloj, no marques las horas
Porque voy a enloquecer
Ella se irá para siempre
Cuando amanezca otra vez
No más nos queda esta noche
Para vivir nuestro amor
Y tu tic-tac me recuerda
Mi irremediable dolor
Reloj, detén tu camino
Hace esta noche perpetua
Para que nunca se vaya de mí
Para que nunca amanezca.
Ainda hoje sei a letra de cor.
Sim, em todos os poemas deste poeta que se insurgiu contra o regime ditatorial que todos abominamos, havia uma intenção oculta. Assim como posteriormente ao 25 de Abril, escreveu poemas rejubilando com a «demo/cracia».
Conheço a escritora Lígia Fagundes Telles, mas não conto que refere. Hei-de procurar.
Beijinho amigo, José Carlos.
A música é a mesma. O original é a "versão" em espanhol. Pois, a recordação vem dos "bailaricos", pois, pois>
EliminarAs aspas nos bailaricos e o "pois, pois" como vós, brasileiros, gostais de gozar connosco, é alguma dúvida ao que afirmei acerca dos ditos?
EliminarDesconhecia o poema e a versão musical.
ResponderEliminarObrigada pela partilha!
Abraço
Nada a agradecer, querida Rosa dos Ventos.
EliminarSó a alegria por te mostrar algo novo, já é bastante.
Um abraço e obrigada.
Mas até um relógio parado dá as horas certas duas vezes por dia!
ResponderEliminarDo Ary dos Santos gosto muito. De relógios não.
Eu gosto de fazer tudo com calma e detesto ter o tempo controlado. Detesto!
A brincar, costumo dizer que quem inventou os relógios devia ser fuzilado.
Um abraço do Algarve, Janita!
Sandra Martins
Querida Sandra, não vamos retroceder.
EliminarNão queiramos pôr o mundo a girar à volta dos nossos desejos.
Eu gosto de saber que o dia tem 24 horas, que pelo menos preciso dormir seis a sete, que tenho de distribuir o resto das hras para corresponder às minhas obrigações enquanto pessoa (ainda) no activo, embora sem remuneração. :)
Claro que faço muita gazeta, sobretudo, quando me perco por estes caminhos blogosféricos de perdição. Ahahahahah.
Beijinhos de parte incerta, Sandra do Algarve.
Sem ter nada a ver com o assunto mas, queria fazer uma pergunta:
EliminarNum blogue que ambos visitamos, aliás descobri-o graças a si, a Janita num comentário menciona Sttau-Monteiro. Refere-se a Luís de Sttau-Monteiro?
Se aconselha, vou procurar os seus livros.
Muito obrigada!
Sandra Martins
Sim Sandra, refiro-me ao Luís de Sttau-Monteiro.
EliminarNuma referência ao seu romance "Angústia Para o Jantar", adaptado ao Teatro e que a RTP passou no único canal televisivo na altura, creio que logo após a Revolução.
É um tema dramático que se ncaixava no post que o autor do tal blog publicou.
Nunca perdemos nada quando lemos, mas claro que tudo depende do gosto do leitor, Sandra.
Por nada, ora essa.
Já terminou a leitura d'A rapariga da Rosa? Eu ainda vou a meio. :)
Beijinhos e boas leituras.
Boa tarde
ResponderEliminarPara além do relógio de pulso, tenho relógios em todos os compartimentos da casa. Não sei bem porquê mas talvez seja um trauma meu que gosto sempre de saber a quantas ando.
Não conhecia o poema mas vindo do Ary, só pode ser bom.
JR
Também tenho muitos relógios espalhados pela casa. Tenho até um na sala, lindíssimo, de porcelana com uma campânula de vidro, mas está parado há anos. :))
EliminarTambém gosto do poema, por isso o publiquei.
Boa noite, JR.
Não conhecia o poema nem a canção.
ResponderEliminarQuanto a relógios, tenho vários, nem todos de grande valor. O primeiro relógio que "ganhei" foi quando fiz, com sucesso, o exame de admissão ao liceu; não me recordo da marca, talvez fosse um Cauny, então marca muito conhecida. Mais tarde tive um dessa marca, e depois um Orient, que creio era da mesma fábrica, mas mais caro, que ainda devem andar por aí.
bji.
Relógios de pulso também tenho alguns, a maioria antiquíssimos, mas todos de baixo valor. Somente têm valor estimativo, por isso não me desfaço deles, não porque faça colecção.
EliminarObrigada, José.
Um beijinho
Gostei muito, já publiquei Ary dos Santos Janita mas não me recordo de ter lido esse e cantado assim melhor ainda.
ResponderEliminarNão me guio pelo relógio, mesmo tendo um na cabeceira da cama ou no braço _ o dia amanhece e adormece e não me incomodo com ele.
Gostei muito do " Fica-me o tempo por dentro / Passa-me o tempo por fora' _ é o que guardamos e o que jogamos fora.
Um abraço, amiga
_ estou já já me despedindo ... sem tempo de contar horas.
E, chove agora aqui na minha janela _ aquela chuva miudinha bem romântica ao contrário do calor da manhã bastante deselegante.;))
beijos,Janita
Querida Lis, gostei muito da análise que faz dos dois versos deste curto, mas intenso poema do Ary dos Santos.
EliminarÉ isso, «Fica-me o tempo por dentro / Passa-me o tempo por fora» é o que retemos de bom nas horas que compõem os nossos dias, o resto por nós resvala sem nos afectar.
Dessa chuvina boa precisamos nós por cá, neste inverno seco, frio e enganador dos frutos e das plantas.
Então, se começou a despedir-se é porque as suas meninas estão chegando. O ânimo deve ter melhorado muito, não? :)
Tudo de bom, querida Lis.
Seja muito, muito feliz e que tudo corra a contento d todos.
Beijinhos, querida e doce Lis.
Eu sou realmente uma analfabeta. Não conheço nada. Mas, não impede de gostar de ter lido!
ResponderEliminar-
Beijos, e uma excelente semana.
Desculpe Cidália, so agora me apercebi que me havia escapado o seu comentário. Tive um percalço quando tentava responder à Lis, pois perdi tudo o que escrevi, agora vejo que deve ter coincidido com a publicação do seu.
EliminarNão se subestime! Ninguém nasce ensinado e a vida nem sempre dá a todos as mesmas oportunidades de se enriquecer culturalmente.
Ficou a conhecer agora e nunca é tarde para aprender.
Obrigada, um abraço amigo.
Muito bonito, gostei! Não conhecia o poeta.
ResponderEliminarEu adoro relógios antigos, aliás esse da foto é belíssimo!
Tenho uma mania que ninguém entende, eu durmo com relógio no pulso (luminoso), já me perguntaram o porquê! Então disse que eu preciso ver as horas de madrugada para saber as horas...por quê? Para saber o tanto que ainda tenho para dormir... sei que é difícil entender, mas... coisas nossas.
"Pára-me um tempo por dentro
Passa-me um tempo por fora."
Beijinho, Janita, uma ótima semana!
Fico contente que este breve poema, de um grande Poeta, lhe tenha agradadp amiga Taís.
EliminarÉ...todos temos as nossas manias que só nós entendemos, essa de ver as horas a meio da noite para saber quantas horas lhe restam de sono, é invulgar, mas não será certamente das piores. :)))
Muito grata pela visita sempre generosa, minha amiga.
Beijinhos e uma semana cheia de coisas boas.