terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Um Soneto Por Semana. # 13

 

"O Beijo"
Tela de Henri Toulouse - Lautrec


Soneto da Separação


De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.


De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente.


Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente.



Soneto de Vinícius de Moraes


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32 comentários:

  1. Um poema criado num momento de grande inspiração. Obrigado.
    Um abraço.

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    1. Sim, penso que o autor estaria, não só num momento inspirado, como invadido por um estado de espírito algo inquietante.
      Obrigada, eu.

      Um abraço

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  2. Foi como o Covid...de repente, tudo mudou!

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    1. Assim, não mais que de repente, vimos as nossas vidas mudar drasticamente, UmaMaria.

      Um abraço.

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  3. Que lindo encontrar nosso poetinha por aqui nesta série Janita.
    Um soneto famoso estampado em sua praça junto a sua casa em Itapuã, que tanto cantou e amou.
    Profundo este soneto.
    Uma feliz semana leve.
    Meu carinhoso abraço

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    1. Toninho, meu amigo.
      Carlos Drummond de Andrade, há muito faz parte das minhas publicações sobre poesia. Agradeço-lhe essa informação, pois desconhecia até a localidade - Itapuã - onde o Poeta nasceu.

      Um abraço com igual carinho e amizade.

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  4. Bom dia
    Um soneto que não se entende de repente.

    JR

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    1. Então, JR, volte atrás, leia e releia, pois este Soneto é dos que vale bem o esforço de ser entendido, na íntegra.

      Boa tarde.

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  5. Adorei o poema. Bela escolha! :)
    -
    Sou feita das várias tempestades
    .
    Beijo e uma boa Terça - Feira.

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  6. Suponho que seja assim, quando um amor acaba.
    Gosto muito de Vinícius de Morais.
    Abraço e saúde

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    1. Penso que todas as coisas acontecem de repente, Elvira. Ainda que se vão formando lentamente, quando se dá a explosão, esta não acontece de forma lenta.
      Quantas vezes passamos do riso ao choro, da paixão ao desespero e, como diz o povo, para passar da vida à morte basta dar o último suspiro? :)

      Um abraço e obrigada pela visita.

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  7. Duas escolhas que gosto, Lautrec um pintor que admiro, pena ter falecido tão cedo e Vinícius num poema lindo, mas triste, já que uma separação dói muito.

    Beijinhos Janita.
    😘😘😘

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    1. Há separações inevitáveis, Manu.
      Quer queiramos, quer não.
      Sem que haja, necessáriamente, a separação provocada pela partida definitiva, há uma hora, um minuto, na vida de alguém, em que se dá a ruptura.

      Beijinhos, querida Manu! 😘 😘

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  8. Como a morte
    não é separação
    mas uma partida
    considero
    este soneto
    o meu anti-retrato
    (nunca me separei de ninguém...)

    E, acredites ou não
    Vinicius é meu irmão

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  9. Falar de Separação com esse jeito tão lindo assim_ só mesmo Vinicius de Moraes. Tanta falta faz nos nossos dias_ a poesia perdeu o encanto com a tecnologia, redes sociais e frivolidades mil...
    Muito linda a tela do beijo _bem doce e romantiquinha.
    abraço, Janita

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    1. Vinícius, e aquele jeito tão doce que é só seu, amiga Lis!!
      Fica tudo dito, não fica?! :)

      Beijinho, Lis.

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  10. "O Beijo" só conhecia o do Klimt.

    Também não conhecia o soneto.

    Não concordo é que seja "de repente". Vai havendo um desgaste que leva á ruptura. Em todas as relações, românticas ou não.

    Um abraço Janita,

    Sandra Martins

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    1. Olá, Sandra.
      Por acaso, só por acaso, conheço os dois "O Beijo".
      O de Gustav Klimt é um beijo dado no fausto grandioso de sedas e brocados, já este do Lautrec é aquele beijo acessível e comum a (quase) todos nós. :)
      Quanto aos "de repentes", mesmo cozinhados em lume brando, quando acontecem é de repente. :)

      Um beijinho, Sandra.

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  11. Lindo e imortal como o seu autor!

    Abraço

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    1. Como digo tudo o que penso, deixa-me dizer-te querida Leo,: se há qualidade que admiro e invejo em ti, é essa tua maravilhosa capacidade de síntese. Dizes tanto com poucas palavras!

      Um forte abraço.

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  12. Adoro sonetos. Mais um lindíssimo0 que acabei aqui de ler.
    .
    Saudação amiga
    Cuide-se
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Se Vinícius o ouvisse por certo ficaria orgulhoso, Ricardo.

      Nessa impossibilidade, orgulho-me eu, por ter feito a escolha deste soneto e inclui-lo nesta rubrica.

      Muito obrigada e cuide-se também.

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  13. Janita,
    Permite-me este aparte, posso não dizer o que penso mas penso tudo o que digo, e mais ainda, o que escrevo.
    Quanto ao soneto, que é um dos meus preferidos do grande poeta Vinícius de Moraes, serviu-me de inspiração, há muitos anos, para o título do meu primeiro blogue, " ... de repente ! " (:

    De repente, tudo muda, tudo acaba.

    Beijinho

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    1. Pois é, Fê... O António Aleixo também assim aconselhava a fazer.
      «Se queres ter dias felizes, não digas tudo o que pensas, mas pensa tudo o que dizes.»
      Provavelmente teve alguns amargos de boca pela sua natural espontaneidade e singeleza, coitado.

      Tudo muda, sim, até nós não somos mais o que fomos. Talvez, um dia, eu aprenda a ser cautelosa e premeditada, por enquanto, digo e escrevo, o que penso. Procurando não ofender ninguém, óbvio. Se, alguém se sentir ofendido, melindrado, qual flor de estufa, então...nada feito.

      Um abraço e obrigada.

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  14. Toulouse Lautrec, adoro.
    São ambientes idílicos criados de uma forma tão concêntrica
    E o soneto complementa optimamente
    😊

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    1. Que bom, poema e tela serem de seu agrado.
      Fico contente por isso, Miguel.

      Obrigada. 😊

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  15. E de repente (terá sido?), o Toulouse-Lautrec fez um belo desenho, aparentemente simples. E se de repente um dos envolvidos na cena se apercebesse de que estava na cama errada?
    bji.

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    1. Olá, José.

      Se foi de repente, não sei. Só sei que fez este, e outros, subordinados ao tema. «In bed, the kiss». Também não sei se o desenho é aguarela, pintura a óleo ou quelque autre chose, sou uma (im)perfeita naba nesta arte de bem pintar-toda-sela...mas parece que sou boa em trocadilhos, não lhe parece?

      Essa ideia da cama errada é que nunca me tinha passado pela cabeça. Realmente...há que beijar ( e ir prá cama) de olhos bem abertos. 😂

      Beijinho.

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