Imagem da cientista, recolhida na Net. |
“Carta de Amor Numa Pandemia Vírica"
Gaitas de foles tocadas na Escócia
Tenores cantam desde varandas italianas
Os mortos não os escutarão
E os vivos querem carpir os seus mortos em silêncio
Quem desejam confortar?
As crianças?
Mas as crianças também estão a morrer
Nas minhas circunstâncias
Poderei morrer
Perguntando-me se vos irei ver de novo
Mas antes de morrer
Quero que saibam
Quanto gostava de vocês
Quanto me preocupava convosco
Quanto me recordava dos momentos partilhados e estimados
Momentos então
Eternidade agora
Poesia
Riso
Mar
Pôr do Sol
A pena que a gaivota levou para a nossa mesa
Pequeno-almoço
Botões de punho dourados
A magnólia
O hospital
Meias, pijamas e outras coisas acauteladas
Tudo momentos então
Eternidades agora
Porque poderei morrer e vós tereis de viver
Na vossa sobrevivência, a esperança da minha duração.
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Poema escrito pela imunologista Maria de Sousa que faleceu no dia 14 de Abril de 2020, vítima do novo coronavírus.
O poema foi redigido no dia 03 de Abril e em inglês, tal como a autora se expressava quando escrevia poesia.
A tradução é da jornalista Francisca Soares da Silva.
Quem desejar saber mais acerca desta cientista portuguesa, faça favor de clicar: AQUI
Bonito mas triste!
ResponderEliminarAbraço
Haverá algo alegre nesta pandemia?
EliminarO poema foi o legado de quem sabia que ia morrer.
Abraço Leo.
Espero que nunca tenhamos de escrever uma carta assim.
ResponderEliminarTanta lucidez!
Beijinhos Janita
Querida Manu.
EliminarJá escrevi e recebi cartas muito tristes - nos tempos em que ainda se escreviam cartas - mas nunca recebi nem escrevi, uma Carta/Poema a deixar transparecer tão grande mágoa.
Tens razão...está latente, em cada palavra, uma amarga lucidez que nos faz pensar.
Beijinhos, Manu.
ResponderEliminarUm poema cuja mensagem é tão profunda, como triste.
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Tenha um dia feliz. Cumprimentos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Na verdade assim é, Ricardo.
EliminarObrigada por ter vindo ler.
Retribuo os seus cumprimentos.
POESIA certa — no momento certo.
ResponderEliminarSoube da sua morte — a mensagem ficou na minha mente.
Teresa.
EliminarSó a morte, que também sabemos certa, nem sempre se faz anunciar, de modo a que dê tempo para se escrever sobre ela.
Fiquei contente por teres vindo.
Um abraço.
São 10 h da manhã.
ResponderEliminarReconheço a profundidade do poema.
Mas terei que repetir a minha prática medidativa matinal para manter a esperança viva...
Gostei de ver a tua fotografia.
Bjos
Claro que tudo devemos fazer de modo a não deixar que a esperança nos abandone, Catarina. O que seria da humanidade sem essa réstea de luz a iluminar-nos a alma?
EliminarBeijinhos. :)
Evito falar da pandemia, tantos são os 'especialistas da especialidade' por aí espelhados.
ResponderEliminarDeixo-te apenas um beijinho.
Tão pouco eu falei, caro António. Que poderia eu dizer?
EliminarDeixei foi falar quem tão bem e tão intimamente ligada a ela, o soube fazer.
Leva também um beijinho meu. :)
Um poema poderoso. Se calhar foi a despedida da Poetiza!
ResponderEliminar-
Olho para trás, continua a saudade ...
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Beijo, e um dia feliz.
Foi sim, Cidália. Pelo menos foi o último que escreveu. Foi praticamente um poema/mensagem de despedida.
EliminarBeijo e obrigada por ter vindo ler.
Eu tenho o livro " Um mundo imaginado". Li-o há muitos anos e depois passei-o à minha filha. Quero muito acreditar que foi por ele que ela se tornou médica e virologista...
ResponderEliminarA Maria de Sousa era uma pessoa fantástica!
Estás a ver. Agora estamos de acordo.
"Nina"
Que bom, UmaMaria. Fico tão contente!
EliminarÉ que eu nunca li nenhum livro desta cientista.
Não, agora sei que não podes ser a Nina. Em boa verdade já sabia. Quando ela ainda vem visitar-me costuma chamar-me "Nita" - se calhar, por ter preguiça em escrever o meu nome completo. :)
O livro foi escrito pela June Goodfield sobre a Maria. É uma edição da Gradiva. Comprei-o há muitos anos....não sei se a editora o reeditou...
EliminarTás a ver, se estivesse aí no Porto podia emprestar-to! 😊
A minha filha está aí mas quem tem o livro sou eu! É um belo livro. Pena as bibliotecas estarem fechadas. É uma boa leitura para agora.
Calma...largos dias tem cem anos. 😅
EliminarBeijinho, Maria.
Bonita homenagem a que me associo.
ResponderEliminarBoa Tarde.
Fico muito feliz por isso.
EliminarObrigada.
Boa noite e um abraço.
Uma Senhora, além de cientista de renome mundial. Ela sabia, certamente...
ResponderEliminarbjis.
Sem dúvida, José. E sim, certamente, sabia.
EliminarMas antes de morrer
Quero que saibam
Quanto gostava de vocês
Quanto me preocupava convosco...
Uma mensagem de Amor.
Um beijinho e obrigada, meu Amigo.
"Poema ECRITO". Será que ela ECREVEU o poema com letra de médico?
ResponderEliminarÉ engraçado que há médicos que escrevem poesia nos tempos livres, mas não há poetas que são médicos nos tempos livres. Espera-se.
Deixa-me cá esfregar bem os olhos para ver se isto é mesmo verdade ou sou eu que estou com alucinações...:-))
EliminarRaramente aqui vens e, quando vens, és tão picuínhas que vais logo reparar naquilo que ninguém reparou, nem eu.
Já lá vou escrever o escrito como deve ser.
Vou passar a 'esquecer' letras a ver se tu cá vens mais vezes, Zé da Trouxa.
Toma lá um abraço para o caminho. ;)
A tristeza é até a tragédia têm tracos de beleza.
ResponderEliminarComo tudo na existência humana
Sentido e profundo
Como Manuel Vilas bem sabia: "Em Tudo Havia Beleza".
EliminarE o Miguel sabe bem disso.
O ser humano é belo sem ser perfeito.
Um abraço e obrigada pelo excelente comentário e por ter vindo.
Lembro-me de ter lido várias coisas sobre ela, aquando da sua morte e de ler sobre o poema, mas não me lembro de o ter visto, muito menos lido.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Agora, Elvira, já pode dizer que viu e leu o Poema:
Eliminar“Carta de Amor Numa Pandemia Vírica".
Um abraço e muita saúde, amiga.
Segui os links Janita e confesso que nem demorei muito, porque é de uma tristeza muito doída.
ResponderEliminarBom que deixou um legado tão bonito, para a família e os que com ela conviveu.
A poesia, de muito sentimento e verdade.
Desejando que tudo aí esteja caminhando melhor ,Janita
meu abraço
Lis, já fui várias vezes ao seu blog e não consegui entrar, penso que o boicote já foi retirado pelo que farei nova tentativa.
EliminarUm beijinho e obrigada, Lis.
É curiosa
ResponderEliminaressa coincidência
entre a poesia
e a ciência
Pena que se tenha finado...
Quem não deve partir
parte
Triste fado!
Olá, Rogério!
EliminarDesculpe tê-lo feito esperar, mas não sabia que estava aqui.
Isso só nos prova que,
cérebro e alma
podem andar intimamente
ligados e tal facto
só nos engrandece
e acalma.
Experimente,
levar,
a par dessa sua luta
o sentimento
apaziguador
de perdoar o destino.
Um abraço.