domingo, 7 de fevereiro de 2021

Um Soneto Por Semana. # 14

 



Ruínas


E é triste ver assim ir desfolhando,

Vê-las levadas na amplidão do ar,

As ilusões que andámos levantando

Sobre o peito das mães, o eterno altar.


Nem sabe a gente já como, nem quando,

Há-de a nossa alma um dia descansar!

Que as almas vão perdidas, vão boiando

Nesta corrente eléctrica do mar!…


Ó ciência, minha amante, ó sonho belo!

És fria como a folha dum cutelo…

Nunca o teu lábio conheceu piedade!


Mas caia embora o velho paraíso,

Caia a fé, caia Deus! sendo preciso,

Em nome do Direito e da Verdade.


Soneto de Guerra Junqueiro.

Fotos minhas




ADENDA: A propósito do comentário da Teresa do blog «ematejoca azul» e, porque penso ser a este tipo de "ataques" que ela se refere, ou seja, às acusações de que foi alvo o escritor, acusando-o de heresia e ateísmo, fotografei do livro "A Velhice do Padre Eterno", o excerto de um estudo, feito defesa, de outro escritor de nomeada: Camilo Castelo Branco.



Como Camilo aqui refere, as ventanias tempestuosas da opinião pública, já vêm de há muito...não são apenas dos nossos dias!

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29 comentários:

  1. Relembrar o poeta, uma homenagem a que me associo. Uma boa escolha.
    Boa Noite.

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    1. Vá lá, fui aprovada na escolha.
      Fico contente por isso.
      Bom Dia.

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  2. O transmontano é um poeta genial, manejando com facilidade uma linguagem riquíssima.

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    1. E não é por ser transmontano que GJ o fez. Foi pela força da sua imensa cultura e sensibilidade. Um homem com multifacetados talentos e muito à frente do seu tempo. Como agora se usa dizer.

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    2. Eu escrevi simplesmente que ele era transmontano.
      NÃO escrevi que a sua genialidade vinha de ser transmontano.
      Sensível ou não — não é a questão.
      Certos factos históricos determinaram nele uma reação de tal ordem que se torna conhecido pela violência dos seus ataques.

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    3. Podes exemplificar a que ataques te referes?

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    4. Ataques verbais!!
      No poema „PÁTRIA“ é um nacionalista violento.
      Nos seus tempos de estudante em Coimbra tomou parte activa na política, atacando de forma agressiva e exagerada determinadas instituições e pessoas. Talvez fosse o seu desejo de ser útil à sociedade.

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    5. Naturalíssimos os ataques verbais e o facto de ser nacionalista ferrenho. Pois se Guerra Junqueiro entrou na política, foi deputado e jornalista a par da escrita em prosa e poesia, querias o quê? Que tivesse vivido uma vida amorfa?
      O seu desejo de ser útil e de lutar pela verdade daquilo em que acreditava.

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    6. Eu NÃO queria absolutamente nada, Janita.
      EU NUNCA QUERO NADA DE NINGUÉM.
      Não foi uma crítica, foi simplesmente um comentário.

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    7. Teresa.
      «Querias o quê?" - Foi uma maneira de falar, mas já agora:

      CONTRARIAMENTE A TI, EU, NÃO QUERENDO O QUE É DE NINGUÉM, QUERO TUDO DE TODA A GENTE DE ACORDO COM AQUILO QUE DOU.

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  3. Bom dia
    A poesia é rica e faz bem quando é feita com alma e coração.
    Como gosto de estar junto ao mar , gostei da foto .
    Bom Domingo

    JR

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    1. Bom dia, JR.

      Tenho uma predilecção muito especial por toda a poesia deste que foi o maior entre os maiores, do seu tempo e dos actuais.

      A foto, cheia de azul, veio por 'mor'...
      ...Desta corrente eléctrica do mar :-)
      Bom Domingo.

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  4. Grande poeta e bonito poema que escolheste.
    Uma realidade que parece que foi escrita hoje.
    Bom domingo!
    Beijinhos Janita

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  5. Antero de Quental, uma alma atormentada!

    Abraço

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    1. Creio bem que Todos os grandes Poetas, ainda hoje, sejam almas atormentadas, Leo.

      Um beijinho e boa semana.

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  6. Andas em boa companhia, Janita, sua ateísta inveterada! :)

    Um beijinho :)

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    1. Enganas-te, meu querido Amigo.
      Eu sou é uma adeísta inveterada, tal como o poeta. :-)

      Beijinho, AC.

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  7. Fotos e soneto lindíssimos. Fascinei o ego ao ver e ler.
    .
    Um domingo feliz. Cumprimentos
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Muito obrigada, Ricardo.
      Cumprimentos, saúde e uma boa semana.

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  8. «Nem sabe a gente já como, nem quando,
    Há-de a nossa alma um dia descansar!»

    Minha Alma disse-me
    que não se dá parada

    Boas leituras!

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    1. Amigo Rogério.

      Não pretendo atormentar mais a sua alma já atormentada, mas acredita que quando preparei este postal pensei em si? Sobretudo, nesses dois versos.

      Ânimo e muita força!

      Um beijinho.

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  9. A língua portuguesa é uma fortaleza intransponível de riqueza literária
    Glória a quem nos engrandeceu

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    1. Ah, Miguel, essa sua frase retrata, na perfeição, toda a riqueza e grandiosidade da nossa Língua e da nossa Cultura Literária.
      Tivemos grandes representantes disso e continuamos a ter. Até aqui pela blogosfera há bloggers- o Miguel incluído - que nos mostram isso a cada passo. Eu é que finjo não reparar...

      Obrigada!

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  10. O “dom” da crítica é uma caraterística inata. Umas sociedadas mais propensas para essa “linha” de pensamento... É que antes de verbalizarem uma crítica positiva, não, é sempre a negativa que vem à tona.
    Camilo Castelo Branco foi o meu “ídolo” da adolescência. Lembro-me mais da sua obra do que da obra de Junqueiro.

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    1. Sem dúvida, Catarina.
      É mais fácil fechar(mos) os olhos às coisas boas que temos e só repar(mos) no mal. A crítica elogiosa não sai com a mesma ligeireza. Porquê não sei.
      O Camilo distinguiu-se mais na escrita de romances melodramáticos que, na juventude, todos lemos e vivemos esses amores e desamores a par do nosso crescimento e maturidade. :)

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  11. Uma partilha magistral!:)

    -
    Beijos e um excelente Domingo.:)

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